Comboni, neste dia

In lettera a Elisabetta Girelli (1870) da Verona si legge:
Noi siamo uniti nel Sacratissimo Cuore di Gesù sulla terra per poi unirci in Paradiso per sempre. È necessario correre a gran passi nelle vie di Dio e nella santità, per non arrestarci che in Paradiso.

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N° Escrito
Destinatário
Sinal (*)
Remetente
Data
571
Card. Alexandre Franchi
0
Cartum
14. 9.1874
N.o 571 (542) - AO CARD. ALEXANDRE FRANCHI

AP SC Afr. C., v.8, ff. 289-291



Num 11

Cartum, 14 de Outubro de 1874

Em.o e Rev.mo Príncipe,



[3674]
Dado que o chefe dos Nuba continua a manifestar a vontade de ter nas suas terras os nossos missionários e que pelas repetidas informações do P.e Carcereri parece que a Propaganda aprova a fundação da projectada missão de Gebel Nuba e, em vista de que em breve me vão chegar bons reforços de missionários do meu insto. de Verona e da obra de São Camilo, parece-me chegado o momento estabelecido pela Providência para criar a nova missão dos Nuba. Por isso, invocada com públicas e insistentes preces a ajuda do dulcíssimo Coração de Jesus e depois de madura reflexão, decidi fazer os preparativos para enviar quanto antes a Delen, lugar e residência do chefe, dois sacerdotes missionários; isto é, o superior do Cordofão com o P.e Franceschini (que foi companheiro de exploração de Carcereri), junto com dois irmãos leigos artesãos, a fim de arranjar duas casas com uma capela. Com este objectivo, como escrevi noutra ocasião, estou a reunir em Cartum as coisas necessárias, enquanto, por seu lado, o próprio chefe e cojur me fizeram saber não há muito, mediante os seus mensageiros, que, ao anúncio da nossa partida para Gebel Nuba, teria madeira, esteiras e outros materiais preparados para a construção das nossas moradas.


[3675]
Assim pois, eu preparo a pequena caravana para Gebel Nuba como se tivesse que se pôr imediatamente a caminho; porém, não darei a ordem de sair enquanto não tiver a comunicação oficial de que tal é realmente a vontade de V. Em.a ou da S. Congregação. Depois, recebidas as veneradas instruções da Propaganda sobre o assunto, chegada de Cartum a nova expedição do P.e Carcereri, feita a distribuição do pessoal entre as diversas estações e instalados provisória ou estavelmente os camilianos em Berber, eu deixarei esta minha sede principal e pela rota do Cordofão dirigir-me-ei para fundar a missão de Gebel Nuba, logo que estejam prontas as casas que os dois sacerdotes e os dois leigos mencionados tiverem preparado.


[3676]
Com o vapor que o Governo pôs à minha disposição, farei, após o Dia de Fiéis Defuntos, uma breve viagem a Berber com o fim de comprar uma casa para os camilianos. Já em Abril de 1873, à minha passagem por essa cidade, eu lancei o olhar a uma bela casa com terreno para jardim, que desde então tinha intenção de comprar, quer para aí pararem as nossas caravanas provenientes do Cairo e fatigadas pela terrível travessia do deserto quer para dispor sempre de un pied-à-terre para as visitas que fosse necessário fazer às províncias de Taka, Suakin e Dôngola, nas quais se encontram disseminados alguns cristãos necessitados de auxílio espiritual. Não sei todavia oficialmente que disposições tomou V. Em.a ou a S. Congregação sobre a implorada cooperação da ínclita ordem camiliana no meu vicariato. Nem a Propaganda nem o rev.do P.e Guardi me escreveram nada sobre isso. Porém, subsistindo o facto de que chegaram ao Cairo três padres camilianos com um irmão leigo, creio necessário proporcionar-lhes casa em Berber. No entanto, antes de erigir canonicamente a casa camiliana, deverei esperar o que dispôs V. Em.a ou a S. Congregação.


[3677]
Com a ajuda do Senhor, as irmãs já se instalaram na nova casa, que recentemente mandei construir nesta capital, segundo o projecto do famoso engenheiro Carlos Roesner, de Viena. Apesar disso, os trabalhos continuam ainda aceleradamente. Este edifício solidíssimo e majestoso é uma verdadeira obra apostólica, da qual o vicariato obterá grande proveito em todo o tempo. A residência dos missionários e esta nova das irmãs constituem uma maravilha para o povo de Cartum e o de todo o Sudão. São as duas construções mais sólidas e colossais de toda a África Central.


[3678]
Isto contribui não pouco para nos dar um certo prestígio e para nos fazer respeitar por esta gente tão materialista do Governo sudanês e pelos povos muçulmanos. Também vão em bom andamento os trabalhos de construção no Cordofão, onde sobretudo o Insto. feminino necessita de ser ampliado para a separação das diversas obras que abrange. O governador-geral do Sudão, S. E. Ismail Paxá, antes de sair do Cordofão para a conquista do império de Darfur, visitou os meus estabelecimentos de El-Obeid e escreveu-me uma carta muito gentil, na qual, louvando as obras e a ordem sobretudo do Insto. feminino, se congratulou por isso comigo e prometeu estar disposto a ajudar-me numa obra que, diz, é de autêntica civilização. Estas são promessas de turcos; porém, entretanto, segue-se para diante com a bênção de Deus.


[3679]
O exército egípcio capitaneado por Ismail Paxá dispõe de artilharia pesada, fuzis Remington e 10 metralhadoras, com cerca de 12 000 soldados. O sultão de Darfur tem até agora pouco mais de 80 000 homens, mas só estão armados com lanças e flechas, uns poucos de fuzis de pederneira e um ou outro tosco canhão. Parece que o sultão de Waday, cujo império fica a noroeste de Darfur, acode em ajuda do seu vizinho com 120 000 homens armados apenas de muito valor. Mas o certo é que Ismail Paxá conquistou as localidades que constituem como que as alfândegas de Darfur e marcha sobre Tendelti, capital e residência do sultão. Aqui crê-se que na conquista deste Estado, até agora fechado à gente dos exterior, porque, por ordem daqueles sultões, matava-se todo o estrangeiro que entrasse. Em 1861 esteve lá retido o actual governador do Cordofão (como ele mesmo me contou), o qual, apesar de ter sido enviado com valiosas ofertas pelo vice-rei do Egipto, teve que ficar como refém durante 23 meses, com o temor de morrer a qualquer momento. Parece, pois, provável que, caindo tal reino sob o dominação egípcia, se nos torne mais fácil implantar lá a cruz num tempo não longínquo e fundar uma missão.

Beijando-lhe a sagrada púrpura, tenho a honra de lhe prestar a minha humilde homenagem de respeitosa devoção e de me subscrever com filial veneração e respeito

De V. Em.a Rev.ma

Hum.mo, devot.mo e ob.mo filho

Pró-vig. apost. da África Central






572
P.e Estanislao Carcereri
0
Cartum
3.12.1874
N.o 572 (543) - AO P.e ESTANISLAU CARCERERI

AP SOCG, v. 1005 (1806), f. 1513 v.



Cartum, 3 de Dezembro de 1874



[3680]
...Parece-me que Deus quer que toda a expedição secular e regular venha a Cartum (porque antes pensava-se em deixar os camilianos em Berber e seguir daí a rota de Korosko). Recebi o seu telegrama uma hora depois de o ter enviado de Wady-Halfa... Peço-lhe, pois, que conduza a caravana e os camilianos até Cartum, indo de Dôngola a Dabba pelo Nilo e de Dabba a Ondurman pelo bom deserto de Bayuda, que é um percurso mais agradável e menos pesado que o do Cordofão, etc... Ainda que conheça a viagem de Wady-Halfa a Cartum, porque o realizei há catorze anos ao voltar da África Central à Europa, de todo o modo procurei aqui as informações mais exactas, etc...

P.e Daniel Comboni



N.B. Esta carta de Comboni foi transcrita só parcialmente pelo P.e Carcereri num seu relatório à Propaganda.






573
Card. Alexandre Franchi
0
Cartum
19.12.1874

N.o 573 (544) - AO CARD. ALEXANDRE FRANCHI

AP SC Afr. C., v. 8, ff. 296-299

Num 12

Cartum, 19 de Dezembro de 1874

Em.a e Rev.mo Príncipe,


 

[3681]
Com verdadeiro júbilo recebi a sua estimadíssima carta de 31 de Agosto passado, a n.o 6, com que V. Em.a teve a bondade de me comunicar o resultado da assembleia geral da S. C. da Propaganda, a qual se dignou ocupar-se dos assuntos do meu árduo e trabalhoso vicariato. Por me encontrar extraordinariamente ocupado neste momento, deixo para outra carta a minha resposta a cada um dos pontos da importante e apreciada missiva de V. Em.a e mostrar-lhe quão sábias e práticas foram todas e cada uma das veneradas instruções que a S. C. teve por bem dar-me sobre o modo de actuar nos diversos assuntos relativos a esta missão.


[3682]
Sim, em.o príncipe! Vê-se claramente que é o Espírito Santo quem guia essa sublime Congregação que governa todas as missões estrangeiras do universo. E eu com todos os meus companheiros, a quem dei a conhecer esse precioso documento, o qual contém a voz de Deus que fala por meio da sua Igreja, tivemos o grande consolo de ver traçada e assinalada tão claramente a vontade divina a nosso respeito. Eu prometo-lhe de todo o coração que serei fiel em realizar com todas as minhas forças e à letra as sábias e prudentíssimas disposições que me foram comunicadas nesse escrito, que é um monumento de sabedoria dos eminentíssimos padres da Propaganda. Além disso, não tenho bastantes palavras para exprimir a minha gratidão para com V. Em.a e os seus eminentíssimos colegas por se ter dignado animar-me a perseverar incansavelmente na santa empresa que me foi confiada pela Santa Sé e a esperar toda a ajuda da amorosa assistência de Deus. Tenho a firme convicção de estar muito longe de merecer tão alta honra por parte do em.mos cardeais que integram a S. C. da Propaganda.


[3683]
Confesso-lhe sinceramente que tais palavras de encorajamento no meio dos contínuos sofrimentos deste trabalhoso apostolado foram para a minha fraqueza um verdadeiro maná do Céu, que consolidaram e duplicaram a coragem e vigor do meu espírito e constituíram um bálsamo salutar para o ânimo de todos os meus companheiros. Quando se tem a plena certeza de estar a fazer a vontade de Deus, todo o sacrifício, todas as cruzes e a própria morte são o mais doce conforto dos nossos corações, a mais grata recompensa para os nossos sofrimentos. Pelo que suplico humildemente a V. Em.a que se faça intérprete, perante os ditos em.mos cardeais da S. C., dos meus profundos sentimentos de gratidão, de devoção e da inquebrantável firmeza em corresponder fielmente às suas benévolas expectativas e aos seus magnânimos desejos, dirigidos à glória de Deus e à salvação das almas.


[3684]
Tardei esta vez em escrever, porque estive ausente da minha residência principal, por ter ido a Berber, onde comprei e equipei uma das maiores e belas casas da cidade, situada nas margens do Nilo, para nelas alojar os padres camilianos. Dispõe de espaços para enfermaria ou hospital, capela, aulas e jardim. Instalei lá o P.e Franceschini, camiliano, a quem tinha destinado para a nova missão de Gebel Nuba, mas a quem depois retive em Berber, após ter recebido uma carta do P.e Carcereri, na qual dizia ser vontade da Propaganda e do P.e geral Guardi que todos os camilianos permaneçam um ano inteiro ligados à casa de Berber. Antes de fazer qualquer objecção ao que me escreve a este respeito e que não está muito em concordância com o sentido do meu acordo com o rev.mo P.e geral da ínclita ordem dos crucíferos, julguei oportuno esperar a chegada a Cartum do dito padre e falar com ele sobre o assunto.


[3685]
Entretanto, logo que recebi o venerado escrito de V. Em.a antes referido, no qual os seus Eminentíssimos colegas ordenaram que funde eu sem mais a nova missão entre os povos Nuba, mandei logo ao Cordofão dois indivíduos competentes com o fim de se juntarem ao superior de El-Obeid para acompanhar a pequena vanguarda enviada por mim a essas terras e ajudá-la a levar a cabo os meu planos. As últimas notícias que recebi esta semana são que o grande chefe enviou à nossa missão de El-Obeid um parente seu com outros seis nuba, os quais estão alojados no nosso estabelecimento e dentro de uns dias conduzirão a minha pequena caravana apostólica ao seu destino; quer dizer, apenas se encontre restabelecido o meu excelente missionário P.e João Losi, que deve substituir P.e Salvador Mauro no posto de superior de El-Obeid.


[3686]
Quanto à caravana guiada pelo P.e Carcereri, dar-lhe-ei notícias quando tiver chegado a Cartum. Partiu do Cairo no dia 25 do passado mês de Outubro. E como o mencionado padre quis seguir a longa e insegura rota de Wady-Halfa e Dôngola e deixar o velho itinerário do deserto do Atmur, que os missionários sempre seguiram, bem como todos os comerciantes, receio que não chegue ao seu destino, aqui em Cartum, nem sequer noutros dois meses, ainda que esta seja a estação mais propícia do ano para viajar no Sudão.


[3687]
Ismail Paxá, governador-geral da maior parte do Sudão, à frente do seu exército egípcio tomou já a capital do império de Darfur e, após cortar a cabeça ao sultão local, levou-a em triunfo para Tendelti. O mesmo generalíssimo Ismail Paxá escreve-me da capital de Darfur, anunciando-me as suas vitórias e assegurando-me que levou a cabo a conquista desse importante país sem excessivo derramamento de sangue e que, depois das festas do Grande Bairan, espera regressar a Cartum e vir apertar-me a mão à minha residência. Porém, eu sei, por outra fonte ainda mais segura, que o povo de Darfur escolheu como sultão o tio do defunto e, queimada a capital Tendelti, se retirou para as montanhas do Noroeste do império, que são bastante férteis e menos acessíveis, decidido a defender-se até à morte. Pelo que, tomada a capital, não se pode considerar conquistado o império de Darfur; e o exército egípcio tem ainda muita luta pela frente até poder dizer que a conquista de Darfur está alcançada.


[3688]
Por outro lado, tenho notícias positivas da expedição do coronel Gordon, governador-geral das regiões equatoriais da África, o qual me escreve frequentemente. O seu principal ajudante, o coronel Long, americano, chegou ao lago Nyanza Victoria, descoberto por Speke e Grant, e passou algum tempo na corte do rei dos Metisi, o mais poderoso dos príncipes equatoriais. O coronel Long, que regressou a Cartum, veio-me ver e contou-me que o rei dos Metisi, para festejar a sua chegada, mandou degolar diante dos seus olhos quinze pessoas: tal é o sinal que o rei utiliza para exprimir o seu júbilo pela presença de um ilustre visitante.


[3689]
Completando as interessantíssimas notícias por mim recolhidas nas minhas longas viagens entre as tribos do Nilo Branco em 1858 e 1859 sobre os importantíssimos reinos situados nos territórios equatoriais limítrofes dos Grandes Lagos, que constituem as nascentes do Nilo, o coronel Long deu-me tão sugestivos dados sobre aqueles povos pertencentes ao meu vicariato, que penso (tidos em conta também os repetidos convites que me fizeram o governador e o coronel Gordon) que, após estabelecer bem e pôr em andamento a missão de Gebel Nuba, conseguiremos fundar outra nas regiões equatoriais junto às nascentes do Nilo. Isto, naturalmente, depois de ter submetido o projecto da mesma e o resultado das minhas investigações a V. Em.a e de ter obtido a sua venerada aprovação. Entretanto, ponho todo o empenho em levar a cabo o que V. Em.a e a S. C. me ordenaram recentemente a respeito da missão de Gebel Nuba.


[3690]
Renovando-lhe a expressão da minha sentida gratidão e absoluta obediência, apresento-lhe os meus melhores desejos de Boas Festas de Natal e de fim de ano e passo a beijar a sagrada púrpura e a declarar-me nos Sagrados Corações de Jesus e Maria

De V. Em.a

Hum., devot.mo e af.mo filho

Pe. Daniel Comboni

Pró-vig. ap. da África Central




[3691]
Como, sem dúvida, saberá, a raiz das intrigas do agente diplomático e cônsul-geral inglês no Egipto e do cônsul-geral prussiano, o quedive do Egipto fez nomear patriarca copta herético no Cairo um monge do grande mosteiro de Maria Virgem (Deir el-Aadra), que fica situado entre Alexandria e o Cairo e, ao aceder ao patriarcado, esse monge tomou o nome de Cirilo IV.

Pelos sacerdotes coptas de Cartum, possuo a informação fidedigna de que o novo patriarca Cirilo IV não tardará a designar o novo bispo herético copta de Cartum na pessoa de um monge do convento de Santo Antão, do Egipto.






574
Madre Emilie Julien
0
Cartum
27.12.1874

N.o 574 (545) - À MADRE EMILIE JULIEN

ASSGM, Afrique Centrale Dossier

J. M. J.

Cartum, 27 de Dezembro de 1874



Minha rev.da madre,


 

[3692]
Muitos assuntos e ocupações têm-me impedido e impedem-me no presente de tomar a pena. Contudo escreverei uma linha para lhe desejar boas festas e todas as venturas para o novo ano. Desejo-as a si, à madre assistente, à Ir. Celeste (para que me forme boas irmãs árabes que se santifiquem a si mesmas e à África Central), à boa Ir. Catarina Tempestini e a todas as irmãs, assim como à sr.a de Villeneuve, etc. Fique certa de que de agora em diante o meu bom P.e Bartolo Rolleri, superior do Cairo, não voltará a ler as cartas dirigidas a mim. Leu a sua e todas as outras, porque tinha a minha autorização para isso; e eu dei-lhe essa permissão, porque me chegam aqui a Cartum e também a El-Obeid cartas dirigidas a mim que encerram letras de câmbio de milhares de francos e que tive que enviar ao Cairo para conseguir o dinheiro, dado aqui não haver possibilidades de efectuar o câmbio.


[3693]
Agora, visto o inconveniente de que outros leiam estas cartas do superior da missão, ordenei a P.e Bartolo que não abra nenhuma. Assim, pois, tenha a certeza de que as suas cartas não serão lidas e de que pode fazê-las chegar às mãos de P.e Bartolo.

Lamento muito que somente três irmãs venham com a caravana. Ainda preciso de dez, a maior parte árabes. Não duvido do seu zelo pela minha missão. Sei que o P.e Estanislau se lamentou muito ao Cairo porque a madre não mandou, em meados de Outubro, as cinco irmãs que tinha prometido. Eu creio que a madre terá feito tudo para no-las mandar e que fará de modo a mandá-las o mais rápido possível para o Cairo com a superiora provincial da África Central que lhe pedi. Sei que o P.e Estanislau lhe escreveu em termos um pouco fortes. Porém, pense que o superior maior e principal da África Central sou eu e eu não aprovo a precipitação e a falta de educação. Bem sabe a estima que tenho por si e pela sua congregação; conheço o seu coração e o seu carácter positivo. Portanto, tudo passará.


[3694]
O P.e Carcereri, com a sua precipitação e impaciência, para não esperar durante uns dias os camelos em Korosko, conduziu a caravana às cataratas de Wady-Halfa e há vinte e cinco dias que se encontra confinado nesse povoado deserto com a caravana e as irmãs. Esta pouca prudência do P.e Carcereri vai-me levar pelo menos mais seis mil francos que teria custado a viagem de Korosko a Berber. O bom Deus manda-me verdadeiras cruzes: seja Ele sempre bendito.


[3695]
Trataremos bem dos nossos assuntos em Roma e em Verona, onde espero voltar depois de ter fundado a missão de Gebel Nuba. Quero como mínimo trinta e seis irmãs no vicariato. A melhor que agora tenho e que poderá ser tão útil à Nigrícia como a Ir. Josefina (a quem sempre choro e por quem celebrei e faço celebrar mais de cem missas) é a Ir. Ana Mansur. Ainda jovem, precisa por isso de uma madre; porém, é bondosa, capaz e generosa. Espera-se com impaciência a Ir. Genoveva.

Dentro de três anos teremos o caminho de ferro a 50 léguas de Cartum. Então a madre virá aqui com a madre assistente. A Ir. Madalena está perfeitamente bem. Se a minha madre visse quão felizes estão estas três irmãs e quão dispostas estão para dar a sua vida pela África Central!


[3696]
No domingo passado, festa de Pentecostes, administrei a confirmação em Cartum pela primeira vez. Nunca se tinha visto em Cartum uma festa semelhante. Na minha carta pastoral anunciei o projecto de construir uma igreja. Hoje recebi seis mil francos para começar. Só temos uns cento e trinta católicos.

Sirva-se aceitar os meus sentimentos de respeito.



P.e Daniel Comboni

Pró-vig. ap. da A. C.

Original francês

Tradução do italiano






575
Declaração
1
19. ?.1874
N.o 575 (546) - DECLARAÇÃO SOBRE JOÃO MIANI

ACR, A, c. 10/20

19-?-1874





576
P.e Bartolomeu Rolleri
0
1874
N.o 576 (547) - A P.e BARTOLO ROLLERI

ACR, A, c. 18/37

1874

Caríssimo P.e Bartolo,



[3697]
Rogo-lhe que envie imediatamente esta cópia ao nosso venerado pai, o bispo de Verona. Os muitos afazeres e o enorme calor não me permitiram escrever-lhe, para acompanhar este acordo, com o correio de hoje. Fá-lo-ei com o próximo. Entretanto, exponha-lhe o senhor as grandes vantagens que advêm para o vicariato o facto de nós termos os bons padres Carcereri e Franceschini e, além disso, um pequeno grupo de camilianos escolhidos. O vicariato é grande, o maior do universo, e S. José manda os meios pecuniários conforme as necessidades. Viva o Sagrado Coração de Jesus!

P.e Daniel Comboni






577
Marcquesa d'Erceville
0
1874

N.o 577 (548) - À MARQUESA D’ERCEVILLE

«Oeuvre Apostolique», Paris, 1874, pp. 345-346

1874

Venerável presidente,


 

[3698]
Tem mil razões para reprovar o meu longo silêncio, depois de todas as nossas edificantes relações em Roma; mas será explicação suficiente para me desculpar quando conhecer as cruzes que me caíram em cima, até ao ponto de ficar impedido de escrever.

Os institutos que fundei no Cairo têm sido objecto das mais espantosas perseguições. Estiveram à beira de ser lançados a pique. Porém, como Deus morreu por todos, também tem destinada aos negros a participação no grande banquete do Pai Eterno. E a mão de Deus não só salvou esses institutos que corriam tanto perigo mas também, além disso, por especial consideração, de dois que eram, passaram a ser três. O primeiro chama-se Casa do Sagrado Coração de Jesus e dirigem-no quatro sacerdotes.

O segundo, que se denomina Casa do Sag.do Coração de Maria, está a cargo das Irmãs de S. José da Aparição, onde se encontram três delas, junto com dezanove mestras negras e muitas catecúmenas.


[3699]
O terceiro chama-se Casa da Sag.da Família, porque está a poucos passos do lugar onde Jesus, Maria e José residiram sete anos no Egipto. A madre Catarina Valério, de Verona, com a ajuda de cinco mestras negras, dirige esta casa, cuja escola é frequentada por raparigas muçulmanas, pagãs e hereges de toda a espécie.

Na cidade do Cairo Velho, que conta com 23 000 almas, há um grande número de raparigas que não vão à escola por falta de roupa. Ah, se tivesse roupa usada com que vesti-las! Quanto bem que se poderia fazer! Assim são três capelas as que devo fornecer. O que me ofereceu a senhora é pouco mais de metade do que possuo. Tenha, peço-lhe, compaixão da nossa indigência.



P.e Daniel Comboni



Original francês

Tradução do italiano






578
Marcquesa d'Erceville
1
1874
N.o 578 (549) - À MARQUESA D’ERCEVILLE

«La Foi Catholique. Livre des Dames Chrétiennes»

Paris 1879, pp. 107-108



1874

Breve artigo.





579
Acordo com as Irmãs S. José
0
1874
N.o 579 (550) - ACORDO COM AS IRMÃS DE S. JOSÉ

ASSGM, Afr. C. (1874), v. 8, ff.236-239



1874

Anexo n.o 1



ACORDO ESTIPULADO ENTRE

O rev.mo pró-vigário apostólico da África Central

e a rev.da madre geral das Irmãs

de S. José da Aparição



[3700]
A fim de coadjuvar a missão da África Central em todas as actividades de instrução e caridade em favor da condição feminina e da infância, a congregação das Irmãs de S. José da Aparição concorre generosamente com as suas irmãs para esta sublime obra de apostolado. Pelo que a rev.ma madre geral desta congregação, a senhora Emilie Julien, e o pró-vigário apostólico da África Central, Daniel Comboni, estabeleceram juntos o seguinte recíproco acordo formal, que terá força e vigor, até depois da morte de ambos, entre os seus sucessores, enquanto assim o queira a Santa Sé.



Artigo primeiro




[3701]
A superiora geral deverá ter presente que o apostolado da Nigrícia é sumamente árduo e trabalhoso, pelo que procurará enviar para lá religiosas aptas a esse fim.



Artigo segundo




[3702]
O pró-vigário apostólico ocupar-se-á com todo o cuidado para que em cada casa em que as irmãs se encontrem ao serviço da missão possam elas observar perfeitamente as regras do seu instituto de forma compatível com as necessidades práticas da missão.



Artigo terceiro




[3703]
O pró-vigário obriga-se a fornecer às irmãs uma casa decentemente mobilada, equipada com o necessário para constituir uma regular instituto de missão.



Artigo quarto



O pró-vigário obriga-se a entregar a cada irmã a importância de quinhentas liras anuais, por adiantado, em duas vezes, isto é, duzentas e cinquenta cada semestre.



Artigo quinto




[3704]
O pró-vigário suporta todos os gastos das viagens, incluindo a do regresso das irmãs, como também todos os gastos provenientes de mudança, transferência ou substituição das irmãs, ou por razão de saúde, ou por casos imprevistos que o pró-vigário ou a rev.ma madre geral julguem necessário.



Artigo sexto



Os trabalhos que realizarem as negras serão em benefício da missão, assim como os donativos que os benfeitores entregarem para o instituto das mesmas negras.



Artigo sétimo




[3705]
Em caso de morte, far-se-ão pelas irmãs os funerais e sufrágios que se fazem pelos sacerdotes missionários falecidos, na medida em que as normas litúrgicas o permitirem.



Observações sobre o acordo

Do Anexo n.o1




[3706]
1.o Como a missão da África Central é completamente nova para as irmãs e não se podem medir ainda as vantagens e os inconvenientes que este acordo oferece às duas partes, seria prudente que tivesse valor só ad quinquennium, reservando-se ambas as partes o direito de estipular um novo acordo, após realizar a experiência quinquenal.

2.o Os deveres e funções das irmãs consistem principalmente em educar as jovens negras, dirigir as creches, enfermarias, etc., e prestar-se a todas as actividades caritativas requeridas pelas necessidades da missão, e que sejam conforme o objectivo da congregação de S. José.


[3707]
3.o O artigo quinto haveria que modificá-lo assim: «O pró-vigário arca com todos os gastos das viagens das irmãs, tanto para a sua ida para a missão como para o seu regresso por motivos de saúde ou por casos imprevistos julgados necessários pelo pró-vigário apostólico e pela madre geral. Não ficarão a cargo da missão as viagens das irmãs que a madre geral mande regressar, por serem destinadas por ela a outros estabelecimentos por vontade própria.»


[3708]
4.o O artigo sexto deveria ficar assim: «Todos os bens, ofertas, esmolas ou legados oferecidos aos institutos que as irmãs dirigem, como também o que for cobrado pelas aulas ou pelos trabalhos dos próprios institutos, serão em benefício da missão e, portanto, estão à disposição do pró-vigário apostólico.»


[3709]
Nota bene: humildemente expostas estas observações, o pró-vigário Comboni mostrará a melhor disposição e alegria em fazer tudo o que a S. C. considerar oportuno; e, portanto, sem necessidade de ser mais ouvido sobre o assunto, assinará esse acordo, que lhe será remetido pela Propaganda, na qual reconhece a vontade de Deus.






580
Madre Eufrásia Maraval
0
Cartum
1874

N.o 580 (1162) - À MADRE EUFRÁSIA MARAVAL

ASSGM, Afrique Centrale Dossier

Cartum, 1874


 

[3710]
...Encarreguei Sóror Genoveva, depois de muitos meses, que escreva à madre geral, rogando-lhe que prepare uma superiora provincial para o mês de Março e que a envie para o Egipto. Nós precisamos de dez Irmãs, porque no fim deste ano abriremos a missão de Gebel Nuba. Por favor, envie-me irmãs como a Ir. Josefina: preciso de irmãs árabes, virtuosas, recém-saídas do noviciado. Estas habituar-se-ão mais facilmente.

Agradeço-lhe por me ter mandado a Ir. Ana, de quem espero bons resultados.

Rogo-lhe que se mostre benévola com a África Central, na qual tem posto todo o seu interesse a França inteira. Precisa-se de capazes e santas irmãs para esta missão, porque é a mais difícil.

Que Deus a abençoe. Reze por mim.



P.e Daniel Comboni

Pró-vigário ap. da Africa central



Original francês

Tradução do italiano