Comboni, neste dia

In lettera a Elisabetta Girelli (1870) da Verona si legge:
Noi siamo uniti nel Sacratissimo Cuore di Gesù sulla terra per poi unirci in Paradiso per sempre. È necessario correre a gran passi nelle vie di Dio e nella santità, per non arrestarci che in Paradiso.

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N° Escrito
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Remetente
Data
311
Mons. Maximiliano Tarnoczy
0
Cairo
7. 6.1869

N.o 311 (291) - A MONS. MAXIMILIANO TARNOCZY

AKS, 2 A 5010

V. J. M. J.

Grande Cairo, 7 de Junho de 1869

Alteza rev.ma,

[1898]
A rev.da madre Maria Micaela, abadessa das religiosas beneditinas do mosteiro de Nonnberg, em Salzburgo, fez-me a honra de me manifestar com a sua carta de 21 de Maio passado o desejo de V. Alteza rev.ma de que eu aceitasse no meu instituto feminino do Cairo uma jovem negra, Josefina, educada no convento das ursulinas de Salzburgo, a fim de que no seu regresso a África possa consagrar-se a trabalhar em favor do seu povo. E embora tenha rejeitado mais de quarenta destas pobres negras educadas em diversos conventos da Itália, França e Alemanha, porque tenho suficiente pessoal indígena para, a seu tempo, constituir diversas casas na África Central, não obstante, como um simples desejo de V. Alteza rev.ma é para P.e Comboni uma ordem absoluta, declaro-lhe que é para mim uma honra e um prazer admitir no meu instituto do Cairo a dita negra Josefina. Estou certo de que por ter sido educada nos conventos da Alemanha e especialmente na sua exemplaríssima arquidiocese primacial, estará tão bem formada no espírito de piedade e na fé, de modo a ser só com o seu bom exemplo um elemento de apostolado para as suas irmãs infiéis, como o foi a bondosa e devotíssima Petronila, educada com as beneditinas de Nonnberg.


[1899]
Quanto à altura de mandar essa negra para o Cairo, V. Alteza rev.ma decidirá o momento oportuno, até imediatamente, se lhe parecer. O porto de saída mais conveniente é Trieste, onde está o procurador das missões católicas, o il.mo cav. Napoli, que prestará a ajuda que for necessária para o embarque até Alexandria.

Se lhe parecer melhor esperar que eu prepare a expedição de duas irmãs em Agosto próximo, ou talvez antes, que sairão de Trieste, então eu obrigar-me-ei a avisar com a devida antecedência V. Alteza, sobre a altura concreta da viagem.


[1900]
Declarando-me sempre disposto a cumprir o desejo de V. Alteza rev.ma, suplico-lhe que reze e faça rezar pelo feliz êxito da obra da regeneração da África Central e dos três primeiros institutos que recentemente fundei no Egipto, que com a ajuda do céu estão a fazer muitas conversões. A empresa é das mais difíceis do mundo: porém, eu estou disposto a morrer mil vezes para a levar a bom fim e consegui-lo-ei com a ajuda dessa mão divina quae nondum abbreviata est, graças ao novo plano que propus à Santa Sé e que foi elogiado por inumeráveis bispos e por todos os encarregados das missões africanas.


[1901]
A nossa chorada Petronila contribuiu para fazer várias conversões de negras infiéis. Era profundamente piedosa e temente a Deus e deu-me uma clara ideia do sucesso do respeitável mosteiro que a acolheu e educou.

Suplicando-lhe que me conceda a sua bênção pastoral, beijo-lhe as sagradas mãos e declaro-me com todo o respeito, gratidão e veneração



De V. Alteza rev.ma hum. e dev. serv.

P.e Daniel Comboni Mis. Ap. da África Central

Sup. dos instos. de negros do Egipto






312
Abadessa M. Michaela Muller
0
Cairo
9. 6.1869

N.o 312 (292) - À ABADESSA MARIA MICAELA MÜLLER

AMN, Salzburgo

Cairo, 9 de Junho de 1869

Minha rev.ma madre,

[1902]
Recebi o seu grato escrito de 21 de Maio, a que pela presente me disponho a responder, passados já uns quantos dias.

Precisamente agora escrevi a S. A. o rev.mo arcebispo de Salzburgo para lhe dizer que admito no meu instituto a negra de que me fala, pois não posso negar nada a um príncipe da Igreja tão digno de veneração.


[1903]
A nossa querida Petronila foi para o Céu no dia 31 de Janeiro de 1869, às seis da tarde. Em seu sufrágio celebrámos 58 (digo cinquenta e oito) santas missas, cinquenta das quais foram celebradas pelos meus queridos companheiros Estanislau Carcereri e Franceschini, que juntamente com a superiora das Irmãs de S. José e com as minhas negras a assistiram à hora da morte.

Petronila foi, sem dúvida, para o Céu! Asseguro-lhe que estamos profundamente entristecidos pelo seu falecimento. Ela ainda contribuiu para a conversão de muitas negras. O seu branco véu baptismal serviu-nos, à nossa chegada ao Egipto, para cobrir o tabernáculo e o seu branco vestido baptismal já nos serviu duas vezes para enfeitar as recém-convertidas no dia do seu santo baptismo, como também no da sua primeira sagrada comunhão.

Ela sentia uma devoção extraordinariamente grande pelo Santíssimo Sacramento e pelo Sacratíssimo Coração de Jesus, pela Virgem Maria e por Santo Estanislau.

Por outro lado, conservou sempre um infinito agradecimento para com o seu mosteiro e foi precisamente ela quem assistiu o P.e Olivieri no momento da sua morte, quando morreu no chão desnudo. Sempre ficou profundamente comovida por aquele último acto de amor e piedade do seu P.e Olivieri.


[1904]
Envio-lhe três números dos Anais da Sociedade de Colónia. Quereria rogar-lhe que fizesse chegar o último destes números, o correspondente ao ano XV, a S. M. a imperatriz Carolina, depois de a madre e rev.mo sr. arcebispo o terem lido. Peço-lhe que leia também os outros, por exemplo, a página 7 e a seguinte do número correspondente ao ano XIV. Aí fala-se de Salzburgo e nomeia-se o P.e Olivieri, etc.



P.e Daniel Comboni m. ap.



Oh, reze intensamente por mim! Pense que no dia 10 de Junho abri o meu terceiro instituto.



Original alemão

Tradução do italiano






313
Mons. Luis de Canossa
0
Cairo
9. 6.1869

N.o 313 (293) - A MONS. LUÍS DE CANOSSA

ACR, A, c. 14/67

Louv. J e M. eternamente, ámen.

Cairo Velho, insto. de negros

9 de Junho de 1869

Excelência ilustríssima e rev.ma,

[1905]
Permita, monsenhor, que, ao aproximar-se o faustíssimo dia da festa onomástica de V. E. Ilma., os seus filhos de África se mostrem desejosos de revelar também este ano os seus sentimentos de amor e gratidão filial, desejando que lhe seja portador de todos os bens e celestiais confortos, acima do que alguma vez possa desejar. Na confiança de que também a nossa voz, saindo das queimadas fauces do ardente Sara, possa fazer-se ouvir junto do trono de Deus e na certeza de que o Altíssimo, que não faz distinção entre pessoas, contemplará não menos benigno o nosso rosto bronzeado nesta terra de negros, elevamos-lhe confiados a súplica de que derrame sobre o nosso amorosíssimo pai toda a felicidade e toda a bênção divina. Sob os paternais auspícios de V. E. ilma. e rev.ma, a pobre Nigrícia conta já com dois institutos que se ocupam do seu verdadeiro bem e dentro de poucos dias vai ter um terceiro.


[1906]
Alguém pôde dizer que vivemos num ócio aborrecido, mas sob a protecção de V. E. já pudemos enviar para o Céu quatro infelizes que de outro modo se teriam condenado; outros estão a preparar-se aqui numa vida de méritos, que doutra maneira teria sido uma vida de culpa; outros, enfim, suspiram nos seus dias de preparação e de prova pela graça do baptismo, que antes consideravam como a maior desventura. Se Deus, como nós pedimos, der a V. E. a boa saúde, o vigor, a actividade e o zelo que teve nestes dois anos, quem sabe quão maior não será o bem que poderá advir disso para a nossa tão desditosa Nigrícia. Nós, portanto, desejamos a V. E. rev.ma tudo isso e rogamos para que alcance tudo o mais que Deus sabe que pode contribuir para a sua verdadeira felicidade e o maior bem desta nossa missão dos negros.


[1907]
Desculpar-nos-á se neste voto que elevamos há uma nota de egoísmo; mas como o coração sente, assim fala a língua. E nós sabemos que, felicitando-o pelo bem desta pobre África, fazemos algo que lhe é grato, já que o interesse que pôs em patrocinar a regeneração mostra que esta não ocupa um lugar irrelevante no seu paternal coração. Ah, que o Senhor nos escute na nossa súplica de poder felicitá-lo por muitos mais anos, alegremente, desde qualquer ponto do equador onde formos conduzidos, se Deus quiser, depois de termos percorrido, na nossa aborrecida ociosidade, toda a infeliz Nigrícia, em nome de Jesus, com a sua graça e a seu lado, «benefaciendo et sanando omnes». Quanto ao mais, monsenhor, não pretendemos em absoluto excluir da presente felicitação onomástica todas as restantes coisas, embora não queiramos especificar nenhuma, porque queremos abarcá-las todas. Interiores e exteriores, presentes e futuras, temporais e eternas. E invocamos todas as graças e bênçãos divinas em favor das santas intenções e empresas em que V. E. se encontra ocupado para maior glória de Deus.

Digne-se V. E. ilma. e rev.ma aceitar estas humildes e devidas expressões, juntas ao afecto com que as acompanhamos e, renovando-nos a sua inestimável e paternal bênção, queira crer-nos como aqueles que, com toda a reverência e profundo respeito e com o beijo do sagrado anel, temos a honra de nos afirmarmos



De V. E. Ilma. e Rev.ma

Hum., obed., obrig. servidores e filhos

P.e Daniel Comboni

Estanislau Carcereri d. M. I. I. miss. apost.

Bartolomeu Rolleri miss. apost.

José Franceschini d. M. I. I. miss. apost.

Fr. Santiago Rossi cat.

Os dois catecúmenos iletrados




[1908]
P. S. Alojei no nosso instituto dois santos bispos da Índia, um capuchinho e outro jesuíta. Ficaram muito satisfeitos de como vão os nossos institutos. O bispo capuchinho, que é de Cesena, disse-me espontaneamente que quer falar com Barnabó para que faça com que a Propaganda Fide me preste assistência. O jesuíta, prussiano, vai dirigir-se de modo semelhante ao arcebispo de Colónia e àquela Sociedade. Acompanhei-os às Pirâmides e partiram, depois de dizer ao P.e Pedro: «Já vimos bastante, nós vamos encarregar-nos de falar a favor disto». Eu contei-lhes misérias, mas tratei-os bem. O capuchinho é um modelo de humildade; o jesuíta é um homem distinto.



A carta está escrita por outra mão; o post scriptum é de Comboni, que data a carta no fim: 10-06-1869.






314
Mons. Luis Ciurcia
0
Cairo
10. 6.1869

N.o 314 (294) - A MONS. LUÍS CIURCIA

AVAE, c. 23

V. J. M. J.

Cairo Velho, 10 de Junho de 1869

Excelência rev.ma,

[1909]
Peço perdão à extrema bondade de V. E. rev.ma por ter tardado tanto em lhe escrever, contra o que devia.

No dia 29 recebi a sua estimada carta acompanhada da letra cambial de 1000 francos, o qual era o complemento da atribuição de cinco mil francos que me concedeu a Propagação da Fé para 1868, mercê da caritativa intercessão de V. E. rev.ma e dou-lhe mil graças por isso.


[1910]
Recebi igualmente o seu veneradíssimo escrito, com o qual se digna autorizar-me, a título experimental, a abrir a nova escola. Já antes o meu reverendo P.e Pedro e nós tínhamos realizado activas indagações para encontrar uma pequena casa adequada; porém, entre várias que vimos, demos preferência à Terra Santa, anexa à residência paroquial, por estar mais perto e à vista do P.e Pedro. Como esta necessitava de consideráveis reparações, pusemo-nos a trabalhar com todo o empenho e agora as obras estão a chegar ao seu fim; de modo que, dentro da semana que vem, a M. Catarina poderá instalar-se com umas jovens negras e abrir a escola.


[1911]
Com o próximo vapor francês, sem Deus quiser, sairá para Marselha a irmã Maria Defiche, a quem a madre ajudante do hospital procurava colocar como superiora no nosso instituto do Cairo Velho. Com toda a paciência, calma e discrição, pudemos convencer a madre ajudante a livrar-nos desse cataplasma que não era apto para a nossa obra. Como sem dúvida não é do agrado da madre ajudante que eu fale a V. E. deste tema, faço-o confidencialmente, porque nada deve ocultar-se ao nosso veneradíssimo pai e pastor, deixando para uma ocasião posterior pormenorizar-lhe todos os motivos que me induziram a procurar o afastamento desta irmã, o primeiro dos quais é a falta nela do espírito religioso.

Agradeço a V. E. a suma bondade, indulgência e caridade que nos mostra. Nós trataremos de corresponder-lhe com todo o empenho. Logo que estejam concluídas as obras da nova casa, escrever-lhe-ei para pô-lo ao corrente de tudo, tanto do que acordarmos com o P.e Pedro sobre a casa como do colocação em andamento da escola.

Apresentando-lhe os filiais respeitos de todos nós, que nos encontramos muito bem, invoca para todos a sua santa bênção este seu ínfimo e devotíssimo filho



P.e Daniel Comboni






315
P.e Luis Artini
0
Cairo
10. 6.1869

N.o 315 (295) - AO PADRE LUÍS ARTINI

AGCR, n. 1700/13

V. J. M. J.

Cairo, 10 de Junho de 1869

Meu rev.mo e estimado pai,

[1912]
Ao aproximar-se a sua festa onomástica não posso não seguir o impulso do meu coração, que leva a oferecer-lhe os meus votos mais sinceros e os desejos de verdadeira e perene felicidade que me agrada participar-lhe. Se bem que as potências infernais, desencadeadas contra a esposa de Cristo, aplicaram um golpe tremendo ao seu coração com a iníqua lei do dia 7 de Julho de 1866, o Senhor proporcionar-lhe-á novas e superabundantes alegrias, quando a seu tempo vir surgir mais florido e brilhante o edifício religioso que lhe custou tantas preocupações e suores. E não será a última dessas satisfações ver surgir dentro de pouco na clássica terra do Egipto (o que é objecto dos meus ardentes suspiros) uma casa de S. Camilo, a qual será apoio de uma generosa missão que os filhos de S. Camilo empreenderão para salvar das garras do dragão do abismo milhões de almas da África interior. Os nossos queridos Estanislau e Franceschini, verdadeiros filhos de S. Camilo, só suspiram por esta meta. O Senhor, conservando no seu coração todo o espírito do seu grande santo fundador, comunicou-lhes o do meu querido S. Francisco Xavier. Deus chamou-os a ser camilianos missionários da Nigrícia.


[1913]
Quanto a empresa é maior na sua dificuldade e extensão mais digna é das suas almas, dos seus corações e da heróica vocação camiliana. Portanto, meu caro padre, confio em que o senhor e o sagacíssimo e devotado P.e Guardi, movidos por Deus e por S. Camilo, secundarão esta obra, preparando pouco a pouco novo pessoal que acuda em socorro da África e mandando frequentes bênçãos a estes dois irmãos do meu coração. Ainda que a aparição de alguma nuvem em Roma, na Propaganda, tenha perturbado o ânimo de algum, não fez a mínima mossa no espírito destes dois queridos filhos seus e irmãos meus. Conhecendo por experiência que o que Cristo manifestou é mais seguro que os acordos dos soberanos do mundo e que o tratado de 1815 e o de 1856 e até que a convenção de 15 de Setembro de 1864, etc., etc., eles inclinaram-se para acolher o «tratado» do petite et accipietis, pulsate et aperietur vobis com as devidas cláusulas da fé, confiança, glória de Deus, etc. Nós rogamos agora e rogaremos sempre por este fim, que estamos certos e seguros de alcançar, porque Cristo é homem de palavra.

Pedindo-lhe que apresente saudações da minha parte aos padres Bresciani, Perretti, Tomelleri e a todos, assim como a Bonzanini (a quem peço que reze pelo nosso objectivo), beijo-lhe afectuosamente a mão e declaro-me



Seu hum. e devot.mo

P.e Daniel Comboni






316
Mons. Luis Ciurcia
0
Cairo
20. 6.1869

N.o 316 (296) - A MONS. LUÍS CIURCIA

AVAE, c. 23

V. J. M. J.

Cairo Velho, 20 de Junho de 1869

Excelência rev.ma,

[1914]
Não tenho palavras bastantes para exprimir a minha sincera e profunda gratidão e a dos meus companheiros para com V. E. rev.ma por me ter comunicado a resposta da S. C. de Propaganda e enviar-me a sua venerada carta de 13 do corrente, que é um novo monumento da sua caridade incomparável para connosco.

Seguindo a sua prudente ideia de tomarmos tempo e amadurecer bem com os meus companheiros a resposta que devo dar a todos os pontos sobre os quais V. E. se digna pedir-me profunda e exacta informação, limito-me por agora a declarar:

1.o Que no espaço de vinte dias sairemos todos da casa de Bahhari, na qual agora nos encontramos, e, com a total aprovação do nosso veneradíssimo P.e Pedro, o instituto masculino se instalará numa pequena casa situada a umas centenas de passos do insto. feminino, a que presidem as Irmãs de S. José.


[1915]
2.o Que nunca fiz nenhuma diligência com a ínclita ordem de S. Camilo. No entanto, de há um tempo a esta parte, o andamento das coisas em Roma parece levar-me a concluir que talvez seja conveniente fazer alguma mais adiante; porém, só quando V. E. rev.ma o julgar oportuno e se aprovar o que, depois de madura reflexão, nós passarmos a expor-lhe, sempre para o maior bem do apostolado da Nigrícia.


[1916]
3.o Que o bispo de Verona, que eu saiba, nunca fez nenhuma diligência com a mencionada ordem. Somente sei que com base no seu acordo verbal com o próprio Papa Pio ix, bem como no breve pontifício de 5 de Julho de 1867, conhecido de V. E., o qual permitia aos padres Carcereri, Tezza e Franceschini dedicarem-se à nossa obra, e na sua qualidade de visitador apostólico da província lombardo-véneta dos ministros dos doentes, ele teve de tratar com o rev.mo P.e Guardi para que pudesse ter pleno efeito o breve pontifício a favor do digníssimo P.e Tezza.


[1917]
Quanto ao resto, espero totalmente nesse Deus, que teve tanta sabedoria ao criar o universo como ao fabricar a cruz, que, fortalecidos pelo poderoso e generoso apoio de V. E., conseguiremos vencer todos os obstáculos que a Providência no seu infinito amor colocou no nosso caminho e que sob as asas do seu valioso patrocínio e estimulados pela cruz de Jesus, veremos um dia a nossa obra assente em bases firmes e sólidas.


[1918]
Ao celebrar-se amanhã a festa de S. Luís Gonzaga, a do seu onomástico, comprazer-nos-emos em pedir de modo especial ao Dador de todo o bem que derrame todas as bênçãos espirituais e temporais sobre a venerável cabeça de V. E. rev.ma; nós ofereceremos o divino sacrifício e as irmãs e as negras a sua sagrada comunhão pelo nosso muito amado e venerado pai, a cuja valiosa caridade, depois de Deus, devem os nossos pequenos institutos a sua existência e conservação.

Fazendo-me também intérprete dos sentimentos dos meus caros companheiros, suplico-lhe nos conceda a sua bênção pastoral; e beijando-lhe respeitoso o sagrado anel, tenho a honra de me declarar nos Sagrados Corações de J. e de M.

De V. E. rev.ma

Hum., af.mo e indig.mo filho

P.e Daniel Comboni Missionário ap.




[1919]
P. S. A nossa bondosa madre franciscana Catarina Valério une-se a nós para lhe desejar que tenha uma felicíssima festa onomástica, e igualmente o nosso caro P.e Pedro. Permito-me juntar duas cartas, uma da superiora e a outra das negras e, além disso, outra do digníssimo P.e guardião de Alexandria.






317
Mons. Maximiliano Tarnoczy
0
Cairo
2. 7.1869

N.o 317 (297) - A MONS. MAXIMILIANO TARNOCZY

AKS, 2 A 5010

V. J. M. J.

Cairo, 2 de Julho de 1869

Alteza rev.ma,

[1920]
Dado que a expedição que tive a honra de lhe mencionar na última carta se vai prolongar até ao fim do ano, julgo oportuno comunicar a V. A. rev.ma que nos envie a jovem negra das irmãs ursulinas quando lhe parecer melhor ou mesmo já. Só rogo a V. A. rev.ma que mo faça saber com uma semana de antecedência, quando ela sair de Trieste, a fim de eu poder mandar duas das minhas irmãs recebê-la a Alexandria.


[1921]
Vou escrever à superiora das beneditinas, Maria Micaela, com o objectivo de lhe dar as instruções necessárias para a viagem da bondosa negra.

Imploro da bondade de V. A. a mercê de rezar e fazer rezar pela obra da conversão da Nigrícia interior. Em apenas 18 meses, Deus deu-me a graça de poder fundar três pequenos institutos, que já estão a fazer boas conversões. Espero que seja verdadeiramente obra de Deus.

Beijo-lhe o sagrado anel e, pedindo a sua santa bênção, assino, declarando-me nos Sagdos. Corações de Jesus e de Maria



De V. A. Rev.ma Hum., obed.mo e dev. servidor

P.e Daniel Comboni Miss. ap. dos instos. dos negros






318
Abadessa M. Michaela Muller
0
Cairo
3. 7.1869

N.o 318 (298) - À ABADESSA MARIA MICAELA MÜLLER

AMN, Salzburgo

Cairo, 3 de Julho de 1869

Minha rev.da madre,

[1922]
Acabo de escrever a S. A. rev.ma para enviar imediatamente para o Egipto a jovem negra, porque a expedição de que eu lhe falei só terá lugar mais adiante. Há que escrever ao nosso activo agente das missões em Trieste, o sr. Luís Napoli, que está à frente de S. Gregório Magno, a fim de que recomende a negra ao capitão do Lloyd e a alguma piedosa senhora ou freira que a acompanhe até Alexandria, onde irão recebê-la as irmãs do Egipto para a levarem ao nosso instituto do Cairo. É necessário que eu saiba com uma semana de antecedência em que dia a negra partirá de Trieste. Os barcos do Lloyd austríaco partem de lá todos os domingos para Alexandria. Depois há outros pormenores necessários.


[1923]
Estou-lhe muito agradecido pelas suas preces e pelo óbolo que me prometeu. A madre poderá prestar um grande serviço à minha missão, que é das mais importantes do catolicismo, se invocar em meu favor a ajuda de algum benfeitor insigne, como sua majestade a imperatriz Carolina, o convento das ursulinas onde se encontra Josefina, etc.

Saberá que tenho no Egipto três institutos muito importantes:

1.o O Instituto do Sagrado Coração de Jesus (missionários)

2.o O Instituto do Sagrado Coração de Maria (Irmãs de S. José)

3.o O Instituto da Sagrada Família, que fundei há pouco, onde há uma escola a que assistem muitos cismáticos, muçulmanos e infiéis, na qual as professoras negras ensinam a religião católica.


[1924]
A tudo, também ao seminário de Verona para as missões da África, deve prover este pobre P.e Comboni, que amiúde se encontra em grandes apuros. Por isso, encomendo-me à sua intercessão. Nas barbas do Pai Eterno há muitos napoleões de ouro. Jesus Cristo manteve sempre a sua palavra. Ele disse: «Pedi e dar-se-vos-á.» Pois bem, nós rezamos incansavelmente para que sejam eficientes a sua intercessão e as suas diligências.

Saúde da minha parte todas as suas filhas religiosas e eu encomendo-me às suas incessantes orações. Lembre-se de que o nosso sagrado vínculo radica no Coração de Jesus e foi consagrado pela vida e pelo sacrifício da nossa cara Petronila, a quem a madre deu a vida espiritual, que eu conservei com esmero até ela chegar perante o trono de Deus.

Queira aceitar as mais respeitosas saudações do



Seu devot.mo P.e Daniel Comboni



Seria conveniente que Sua Alteza rev.ma recomendasse também a negra ao sr. bispo de Trieste, que é muito bom.



Original francês

Tradução do italiano






319
P.e João Fochesato
0
Cairo
9. 7.1869

N.o 319 (299) - A P.e JOÃO FOCHESATO

AMV, Cart. «Missione Africana»

V. J. M. J.

Cairo, 9 de Julho de 1869

Meu estimado P.e João,

[1925]
Aproveito uma ocasião propícia para lhe enviar a si as minhas saudações, bem como a todos os membros do Instituto de São Carlos e de Canterane. Desde que deixei Verona escrevi duas vezes ao Instituto, mas ninguém me respondeu: notei muito a perda de P.e Dalbosco, que me fornecia frequentes notícias dos meus velhos amigos. Diga a P.e Poggiani que em breve me lembrarei dele e de Hans. Também lhe rogaria que refrescasse a memória a P.e Tomba ou a P.e Beltrame sobre a sua promessa de me mandarem a cópia das viagens que fizemos pelo Nilo Branco: promissio boni viri, est obbl... Lembre-se de dar cordiais saudações da minha parte à generosa e boa família Morelli e assegure a esse homem excelente que não me esqueci dele um único dia.


[1926]
Quanto a mim e à minha obra, dir-lhe-ei que sofri, gozei e trabalhei muito nela e que o Senhor a vai abençoando perante os meus olhos. O que me dá uma imensa satisfação é o terceiro instituto que recentemente fundei por ordem de S. E. rev.ma o arcebispo de Irenópolis e delegado apostólico do Egipto, instituto que faz um grande bem no meio dos vinte e cinco mil habitantes que povoam o Cairo Velho. Esta escola feminina, que é dirigida pela M. Catarina Valério com a ajuda de quatro professoras negras, entre elas Domitila, é frequentada por jovens de todas as religiões, inclusive muçulmanas, que aprendem o catecismo e a moral cristãs.


[1927]
À parte o trabalho que desenvolvem as professoras negras, esta escola produziu grande impressão no Cairo precisamente pela cor das professoras: é um modo de melhorar a reputação da raça negra, pisada por todos. Não falo das frequentes conversões, nem das almas que todas as semanas alcançam o paraíso ou se convertem por obra dos três institutos, aos quais pus os seguintes nomes:



Ao 1.o, masculino, Instituto do Sagrado Coração de Jesus.

Ao 2.o, feminino, Instituto do Sagrado Coração de Maria.

Ao 3.o, Instituto da Sagrada Família.


[1928]
Desde o passado Fevereiro até ontem, feito o cálculo, gastei 116 000 piastras ou o seu equivalente em napoleões de ouro. Tenho a consolação de receber protecção do eminente arcebispo que é nosso delegado apostólico, o qual, vendo os frutos, está encantado com os três institutos e defendeu-os contra os ataques e a guerra de que foram objecto por parte de mal-intencionados, que chegaram a criar insídias contra mim na Propaganda e até junto do Papa. Porém, eu sou como aquele alemão que dizia: «Chegarei, ainda que morto.» As palavras de Cristo são mais firmes e seguras que os tratados de todos os soberanos do mundo; portanto, o petite et accipietis, etc. é mais fiável que os tratados de Viena, Paris, Londres, Nikolsburgo, Praga e até que a Convenção de 15 de Setembro. Atque mais de duzentos mosteiros e institutos rezam pelo sucesso da minha obra; ergo sic eu terei êxito nela e nenhum poder do mundo, nem sequer Satanás, poderá fazer-me fracassar... Sei ou não sei dessa maldita filosofia?... Claro que tenho a meu lado um apoio no P.e Estanislau Carcereri, que compreende o meu Plano melhor que eu mesmo e que tem uma constância e um espírito como a Propaganda não encontrará iguais. Deus mo conserve!


[1929]
Cumprimentos a P.e Tomba, a P.e Beltrame, a esse b... P.e Poggiani, a Filipozzi, ao pároco de Santo Estêvão, a P.e Guella, ao sr. Luís, a P.e Aldegheri, a todos, a todos; também a Betta, Rubelli, etc. Receba os respeitos das negras, que me encarregaram de lhos apresentar em modo especial, e rogue pelos meus institutos e pelo



Seu af.mo no Senhor

P.e Daniel



Recebi a visita de dois bispos da Índia, um deles de Bombaim, jesuíta, a quem hospedei por dois dias e depois levei a visitar as Pirâmides. Muito satisfeitos com o andamento dos institutos, disseram que iam falar deles ao Papa e à Propaganda. Hoje tenho em casa três bispos: um da Índia e dois da China.






320
Horário Instituto S. Familia
1
Cairo
20. 7.1869

N.o 320 (300) - HORÁRIO PARA O INSTITUTO

DA SAGRADA FAMÍLIA – CAIRO

ACR, A, c. 13/6

Cairo, 20 de Julho de 1869