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Data
591
Card. Alexandre Franchi
0
Cartum
25. 3.1875

N.o 591 (560) - AO CARDEAL ALEXANDRE FRANCHI

AP SC Afr. C., v. 8, ff.313-318

J. M. J. N.o2

Cartum, 25 de Março de 1875

Em.o e Rev.mo Príncipe,


 

[3766]
É lei constante da Providência que as obras de Deus tenham a marca da cruz. Por isso não é pequeno conforto para o meu espírito, embora muito débil, ver-me com o peso de mui graves cruzes. Estas fortalecem-nos imensamente se pensarmos que com a cruz J. C. salvou o mundo e que com a cruz o nosso adorado Santo Padre Pio IX elevou a tanta altura a glória do Pontificado, que um severo ministro da Inglaterra não pôde fazer menos que dizer que a Igreja Católica é hoje, ainda que inerme, a potência mais formidável e colossal do universo, enquanto esse Barrabás charlatão de Vila Severini se atreveu a afirmar desenvoltamente que o Papado já teve o seu tempo. Sejam, pois, sempre benditas as cruzes: as obras de Deus são solidíssimas por nascerem ao pé do calvário.


[3767]
A caravana guiada pelo P.e Carcereri chegou a Cartum a 3 do passado mês de Fevereiro, 103 dias depois de sair do Cairo; mas chegou só o pessoal da expedição (menos o excelente José Avesani, agricultor veronês, que morreu afogado no Nilo por alturas de Schellal), com dezanove camelos, pela rota de Dôngola. Todo o resto de caixas e provisões correspondentes à carga de sessenta camelos foi deixado pelo P.e Carcereri em Wady-Halfa, ou seja, a mais de quarenta dias de Cartum. Grande parte das provisões e todos os paramentos sagrados, que me tinham mandado de todas as partes da Europa, perderam-se ou estragaram-se nas cataratas de Assuão; e se o resto das provisões continua em Wady-Halfa acabará por se perder.


[3768]
Uma embarcação da caravana, batida pelas vagas ao passar as cataratas quebrou-se nos escolhos e foi ao fundo, embora se conseguissem tirar alguns objectos deteriorados. O prejuízo que sofreu a missão, além de muitos outros inconvenientes, ascende a mais de vinte mil francos ou talvez mais de trinta mil, o que me cria não pouca preocupação. Mas nas barbas de S. José encontram-se escondidos não só trinta mil francos, senão milhares e milhões de guinéus; pelo que não duvido que o nosso querido protector da Igreja Católica e da Nigrícia cumprirá com o seu dever de ressarcir a obra africana do seu divino Filho. Para este objectivo são dirigidas especialmente as nossas orações neste mês a ele consagrado.


[3769]
Até agora, nunca tinha acontecido semelhante desgraça a nenhuma caravana da missão da África Central desde o ano de 1846, em que foi erigida em vicariato. Tanto os missionários como todos os comerciantes chegados a Assuão sempre desembarcaram as provisões e as mercadorias e transportaram-nas até Schellal por meio de camelos. E sempre se seguiu este procedimento, porque, fazendo passar as embarcações pelas cataratas, corre-se o perigo de perder pessoal e carregamento. De modo semelhante, todos os missionários e comerciantes que, navegando, chegaram a Korosko, tomaram sempre a rota do deserto de Atmur até Berber e nunca os missionários seguiram a de Wady-Halfa e Dôngola, especialmente quando transportavam muitas caixas, porque em Wady-Halfa é difícil encontrar camelos; e ainda que houvesse camelos, essa rota é sempre mais longa e fadigosa e pressupõe um gasto maior.


[3770]
Todos os que estamos aqui não pudemos compreender ainda porque ocorreu ao P.e Carcereri a ideia de fazer passar as embarcações pelas perigosas cataratas de Assuão, nem a razão pela qual tomou o caminho incerto de Wady-Halfa, que ele mesmo nunca tinha visto, afastando-se do processo e da rota seguidos sempre pelos missionários e comerciantes. Entretanto, eu vejo-me obrigado a fazer novos gastos de alguns milhares de francos para fazer transportar para Cartum as caixas de Wady-Halfa. E talvez tenha de seguir o conselho do I. R. consul austro-húngaro e do governador de Cartum: mandar ao meu bom Augusto Wisnewsky (a quem enviei a Wady-Halfa, onde não encontra camelos) que embarque de novo todas as caixas e as leve para trás para Korosko, para daí tomar a antiga rota do deserto de Atmur e de Berber. Faça-se sempre a vontade divina.


[3771]
Logo que chegaram a Cartum os missionários, enviei ao Cordofão uma nova caravana, para dar começo à missão de Gebel Nuba. Apenas recebido o meu aviso, o grande chefe apressou-se a mandar a sua gente a El-Obeid buscar e conduzir os missionários a Delen. A pequena caravana, constituída por dois sacerdotes e dois hábeis e piedosos artesãos, mais um aluno meu da tribo dos Nuba como intérprete, já saiu de El-Obeid para o seu destino. Com a ajuda do chefe devem preparar na povoação de Delen dois estabelecimentos, um para os missionários e outro para as irmãs, e uma capela. Até à data não tenho nenhuma notícia nem da viagem nem da chegada da caravana a Delen.


[3772]
A excelente madre geral das Irmãs de S. José mandou de Marselha para o Cairo a madre provincial que eu tanto lhe havia pedido, na pessoa da Ir. Emilienne Naubonnet, talvez muito conhecida na Propaganda, porque esteve trinta anos como superiora na Síria; e telegrafei ao Superior dos meus institutos do Cairo ordenando-lhe que a envie quanto antes para Cartum pela rota do Suez, mar Vermelho e Suakin. Ao mesmo tempo, mandei a esta última cidade um missionário que a vá receber e que, pelo deserto dos Bisharin, a conduza a Berber. Tanto a madre provincial como o missionário enviado não só chegaram a Suakin, como até se encontram já de viagem a camelo em direcção a Berber.


[3773]
Tendo-me declarado o P.e Carcereri que era vontade da Propaganda e do seu Geral que ele ficasse um ano em Berber e compreendendo eu que tal era o desejo do P.e Carcereri, julguei conveniente aceder a isso; pelo que partiu com todos os seus religiosos para Berber, onde chegou há tempos. Assim todos os camilianos estão já instalados naquela nova casa.


[3774]
No dia 22 de Janeiro, morria em Cartum a superiora das Irmãs de S. José, Ir. Genoveva Nivelet. Entre as recém-chegadas há uma (a mais forte), a Ir. Vitória Maillé, que está gravemente doente. Na realidade, ela chegou já mal a Cartum e temo que também esta tome o caminho do Céu. De resto, o clima da África Central é melhor que o de muitas outras missões. Aqui há que suportar grande número de fadigas e sofrimentos, mas pode-se subsistir: basta saber-se orientar bem.


[3775]
Veio prisioneiro para Cartum o sultão de Darfur acompanhado de muitos filhos. Em Darfur tinha mais de duzentas esposas e concubinas. O governador militar de Cartum levou à missão o sultão e os seus filhos, todos mais negros que o carvão, para me fazerem uma visita. Ficou pasmado de admiração ao ver o nosso jardim e, sobretudo, o novo estabelecimento que construí para as irmãs. O sultão, falando-me do seu cativeiro, disse-me, entre outras coisas, em língua árabe-sudanesa, na qual se exprime bastante bem, que «Deus é Senhor de todos os reinos e de todas as coisas: hoje cria os reis e manda que eles dêem ordens; amanhã faz deles servos e ordena que obedeçam. Ontem eu era rei; os meus antepassados tinham mandado em Darfur como senhores da vida e da morte de todos os mortais, ao longo de uma dinastia de 467 anos de existência. Hoje, em troca, de repente vi-me transformado num escravo e devo ir servir para longe do meu país. Deus é meu Senhor: Deus tem razão, visto que quer assim. Deve-se fazer o que Deus quer».


[3776]
Os seus filhos imperiais ficaram boquiabertos quando lhes mostrei a grande fotografia de S. E. Ismail Ayub Paxá, governador-geral do Sudão e generalíssimo do exército egípcio de Darfur. Estes príncipes negros reconheceram perfeitamente na grande fotografia aquele que os fizera prisioneiros e se tinha apoderado da sua capital e do seu país. Primeiro mostraram assombro e comentavam: «É ele, o Ismael Paxá.» Depois começaram-se a rir de forma incontida, repetindo: «Hua zato, hua bardo.» Até que, de repente, se evaporaram do meu salão sem se despedirem e fugiram da missão. Há quem diga que os filhos do sultão, crendo encontrar-se realmente em presença de Ismail Paxá, seu inimigo, se deram à fuga.


[3777]
Agora, que está ausente S. E. Ismail Paxá, todos os comerciantes de Cartum se encontram muito descontentes com quem desempenha as funções de governador-geral, que é Tuak Paxá, e suspiram pelo regresso daquele. Mas tardará muito a voltar a Cartum, Porque desta vez recebeu a incumbência de S. A. o quedive de estabelecer um governo regular no império conquistado de Darfur, o qual se dividirá em cinco grandes províncias ou mudiriés e se abrirá ao comércio e às comunicações com outros países da África e com os europeus. Espero que não vamos tardar muito a implantar a cruz na sua capital.


[3778]
Peço-lhe perdão por me ter alargado um pouco. Ficaria feliz se a exímia bondade de V. Em.a me obtivesse do Santo Padre uma bênção para suportar alegremente as cruzes que me afligem e, em especial, para o bom êxito na erecção da nova missão de Gebel Nuba. Antes de partir para território Nuba proclamarei, numa circular, o jubileu ou Ano Santo.

Rendendo-lhe humildemente a homenagem da minha profunda devoção, tenho a honra de lhe beijar a sagrada púrpura e de me declarar nos Sagrados Corações de Jesus e Maria



De V. Em.a Rev.ma

Hum., devot.mo e af.mo filho

P.e Daniel Comboni

Pró-vig. ap. da África Central




[3779]
Na minha última carta esqueci-me da cópia anexa relativa ao estabelecimento de Berber, feita com permissão do autor, o P.e Franceschini, que informava o seu geral sobre a casa camiliana de Berber.






592
Nota
1
Cartum
25. 3.1875
N.o 592 (1208) - NOTA

AP SC Afr. C., v. 8, ff. 319-320



25 de Março de 1875

Breve nota sobre uma carta.





593
Nota
1
Cartum
3.1875
N.o 593 (561) - NOTA A UMA CARTA DE P.e LOSI

ACR, A, c. 27/11, n.4



Cartum, Março de 1875





594
Decreto erecção Berber
0
Cartum
I. 4.1875
N.o 594 (562) - DECRETO DA ERECÇÃO DA CASA DE BERBER

AP SC Afr. C., V. 8, F. 329



Cartum, 1 de Abril de 1875



ANEXO A. – Decreto da erecção canónica

da casa da missão de Berber

Decreto



[3780]
Dado que S. S. nosso senhor Pio IX, Papa por divina Providência, nos concedeu a nós, ainda que indignos, a suprema autoridade do vicariato apostólico da África Central e que é nosso dever pôr o máximo cuidado em atender com grande empenho às pesadíssimas tarefas do nosso apostolado e com todas as nossas forças procurar diligentemente a salvação eterna destes povos, depois de elevar com fervor preces e súplicas diárias a Jesus Cristo, eterno e sumo Pastor, considerámos que deveríamos dispor as coisas de forma que, sob o nosso poder e autoridade, também as ínclitas famílias dos regulares acorressem em ajuda dos dilectos sacerdotes do nosso Instituto das Missões Pro Nigris, de Verona, sacerdotes a quem foi confiada e encomendada pela Santa Sé Apostólica a administração e o cuidado espiritual de todo o vicariato da África Central.


[3781]
De entre as ditas famílias, preferimos a Congregação dos Clérigos Regulares Ministros dos Doentes, fundada por S. Camilo de Lelis, porque pensámos que sobretudo esta, ao ser-lhe próprio o duplo carisma do serviço eclesiástico e da exímia caridade, poderia responder extraordinariamente às necessidades das regiões africanas.


[3782]
Portanto, proposto ao rev.mo P.e Camilo Guardi, superior geral da mesma ordem, um determinado acordo para tal fim, válido por um quinquénio, pensámos confiar a estes religiosos, escolhidos e aprovados pela S. Congregação da Propaganda Fide, mediante uma carta de autorização, o cuidado espiritual com a jurisdição ordinária paroquial – apenas sob a nossa autoridade e dependência e a dos nossos sucessores – sobre todos os fiéis de um e de outro sexo, de qualquer nacionalidade e rito, que se encontram na província de Berber, na Núbia Superior, desde Suakin até ao mar Vermelho e desde Taka até ao limite setentrional com a Abissínia e com o antigo reino de Dôngola, como estão civilmente constituídas e unidas ao nosso vicariato.


[3783]
Portanto, visto o referido rev.mo P.e Camilo Guardi e a S. Congregação da Propaganda Fide se terem dignado benevolentemente dar a tudo isso a sua aquiescência e se encontrarem já no nosso vicariato os aprovados e escolhidos da dita ordem religiosa, nós, após madura e diligente indagação sobre eles e escutada a opinião de alguns membros do nosso instituto veronês para as missões, dos mais venerados e tidos em consideração pela sua experiência, determinámos entregar a casa da missão de Berber, por nós fundada, aos dilectos filhos de S. Camilo de Lelis e proceder à erecção canónica da mesma casa para a família dos camilianos.


[3784]
Pelo que decidimos no Senhor erigir canonicamente a supradita casa da missão dos Clérigos Regulares dos Ministros dos Doentes na cidade de Berber. Desde hoje, com a nossa presente carta, declaramo-la erigida solenemente, segundo a forma e as condições subscritas no referido acordo por nós propostas, aceite pelo rev.mo P.e Camilo Guardi e benevolentemente aprovado pela S. Congregação da Propaganda Fide

Dado em Cartum, na nossa residência principal, a 1 de Abril de 1875.

(L. S.)

P.e Daniel Comboni

Pró-vig. ap. da África Central

Paulo Rossi, secretário



Original latino

Tradução do italiano






595
P.e Estanislao Carcereri
0
Cartum
11. 4.1875
N.o 595 (563) - AO P.e ESTANISLAU CARCERERI

APCV, 1458/458 (Cronaca..., p.35)



Cartum, 11 de Abril de 1875

[3785]
«Em atenção ao desejo que me expressou verbalmente em Cartum no passado Fevereiro e, do Cairo e Wady-Halfa, me comunicou por escrito em várias cartas, declarando a sua vontade de renunciar a ser meu vigário-geral, e uma vez que essa função é incompatível hic et nunc com o seu novo cargo de prefeito da casa camiliana de Berber, manifesto-lhe por meio deste escrito que aceitei definitivamente a sua renúncia à mencionada função. Em virtude do que fica despojado de todas as faculdades ordinárias e extraordinárias inerentes à mesma e que eu lhe conferi mediante documento expedido em Maio de 1873 e noutras épocas tanto verbalmente como por escrito.


[3786]
Com a presente carta declaro igualmente nulas e de nenhum valor, a partir de agora, todas as faculdades que, como vigário-geral, outorgou aos seus irmãos camilianos, reservando para mim mesmo conceder-lhes no futuro mediante o correspondente documento os poderes e faculdades que considere oportuno, etc...»



P.e Daniel Comboni






596
P.e Camilo Guardi
0
Cartum
14. 4.1875
N.o 596 (564) - AO P.e CAMILO GUARDI

AGCR, 1700/35

N.o 1

Cartum, 14 de Abril de 1875



Rev.mo padre,



[3787]
Ainda que tarde, chegou finalmente às minhas mãos a sua estimadíssima carta de 14 de Dezembro do ano passado. Não só foi V. S. rev.ma um homem de palavra como também demonstrou ter palavra de rei. Mas da minha parte tenho a satisfação de não ficar atrás no que se refere ao cumprimento da palavra, pois, embora me encontrasse na absoluta impossibilidade de oferecer imediatamente em Berber uma casa digna de acolher uma ordem religiosa, tanto pelas obras que me tinham ocupado, como porque quase todos os recursos do vicariato estavam nas mãos do P.e Estanislau e do superior dos meus pequenos institutos do Cairo, para fazer frente aos gastos da grande caravana que o P.e Estanislau devia conduzir à África Central, contudo fiz sacrifícios superiores às minhas forças, com o fim de ver depressa preparada e erigida material e canonicamente a casa camiliana, segundo os seus veneráveis desejos, que repetidamente me tinha exposto por escrito o P.e Estanislau Carcereri.


[3788]
Para satisfazer a vontade de V. P. Rev.ma, expressa também pelo dito padre, consenti que todos os religiosos permaneçam reunidos em Berber, enquanto eu não tiver absoluta necessidade deles. Possivelmente só chamarei a Cartum e por pouco tempo o P.e Franceschini. Como ele tem autorização de V. P. rev.ma para fazer uma visita a Verona, desejaria que me acompanhasse na minha viagem da África Central à Europa quando, fundada a missão dos Nuba, tiver que ir a Roma; o que não demorará muito, já que chegaram os meus missionários a essa tribo e foram bem acolhidos pelo chefe e pela população de Delen.


[3789]
Entretanto, a pedido do P.e Estanislau, no dia 1 do corrente promulguei o decreto da erecção canónica da casa da missão de Berber, do que mandei cópia à Propaganda. E ainda que, devido às graves perdas sofridas pelo naufrágio de uma embarcação nas cataratas de Assuão e pelo atraso em recuperar o resto das provisões – que na data em que escrevo ainda estão em Wady-Halfa, a mais de 40 dias de Cartum – me encontre desprovido de fundos, o seu paternal coração pode estar completamente seguro de que a sua família religiosa de Berber não deixará de ser abastecida do necessário. A Providência Divina ajudar-me-á – espero – a assistir esta primogénita das congregações regulares do vicariato.


[3790]
Quando tiver a dita de ir à Cidade Eterna, se Deus me der vida, confio poder conversar longamente com V. P. rev.ma sobre muitas coisas de importância relativas aos interesses e ao maior bem de seus filhos africanos e de sua obra. Agrada-me muito o R. P.e Afonso Chiarelli.


[3791]
Em cumprimento do artigo IX do nosso acordo, pus o olhar no P.e João Baptista Carcereri para a eleição do futuro pároco de Berber; e para este objectivo, com carta de 11 do actual, comuniquei ao P.e Estanislau que vou nomear provisoriamente vigário-geral o seu irmão J. Baptista. Por isso rogo a V. P. rev.ma se digne fazer-me saber se é do seu agrado que este padre (a quem conheço há mais de 30 anos e que com o M. R. P.e Tomelleri e o P.e Ragazzini foi meu condiscípulo no Instituto Mazza, de Verona) seja eleito pároco de maneira definitiva; nesse caso comunicar-lhe-ei a devida patente. Por muitos bons motivos, que, sem dúvida, não escapam à sabedoria de V. P. Rev.ma, parece-me muito oportuna esta escolha.


[3792]
Finalmente, atendendo a repetidas cartas do P.e Estanislau, enviadas de Verona, do Cairo e de Wady-Halfa, e à intenção que me manifestou em Cartum de renunciar ao cargo de meu vigário-geral para atender com maior dedicação ao estabelecimento da casa religiosa de Berber, aceitei a solicitada demissão, por ser uma função tão grave, verdadeiramente incompatível com a sua nova missão e a prolongada residência em Berber.


[3793]
Assegurando-lhe todo o meu cuidado e afecto pela sua dilecta família religiosa de Berber e com o ardente desejo de o ver em breve em Roma, ofereço-lhe o meu sentimento de homenagem de veneração e gratidão, com o qual tenho o prazer de me subscrever de todo o coração



De V. P. rev.ma hum. e verdadeiro servidor

P.e Daniel Comboni, pró-vig. apost. da A. Central






597
Card. Alexandre Franchi
0
Cartum
14. 4.1875
N.o 597 (565) - AO CARDEAL ALEXANDRE FRANCHI

AP SC Afr. C., v. 8, ff. 323-324



J. M. J.



Cartum, 14 de Abril de 1875

Em.o e Rev.mo Príncipe,



[3794]
Não obstando nada à erecção canónica da casa da missão em Berber, onde já se encontram reunidos cinco sacerdotes religiosas de S. Camilo munidos da patente da Propaganda e dois leigos, no dia 1 do presente mês de Abril publiquei o decreto para a erecção canónica da dita casa-missão, cumprindo o dever de lhe remeter cópia a V. Em.a Rev.ma como Anexo A.


[3795]
Por outro lado, tendo-me o P.e Carcereri, com carta de 16 do passado Março, manifestado o desejo de V. Em.a de que eu examinasse o P.e José Franceschini (a quem V. Em.a expediu a patente de missionário que ele me mostrou) sobre os seus conhecimentos e aptidão para o ministério apostólico, por este candidato se encontrar em Berber, deleguei no P.e Carcereri que realizasse o requerido exame. Efectuado mesmo no dia 2 do presente mês de Abril, enviou-me uma declaração sobre o assunto, na qual reconhece no dito jovem missionário boas qualidades para a missão da África Central e que, ratificadas por mim, passo a remeter a V. Em.a Rev.ma como Anexo B.


[3796]
Todas as caixas e provisões da expedição do P.e Carcereri, que ficaram após o desastre nas cataratas de Assuão, se encontram ainda em Wady-Halfa, a mais de 40 dias de Cartum. Seguindo o parecer do I. R. cônsul austro-húngaro, do Governo local e de alguns comerciantes experimentados, dei ordem ao meu enviado Augusto Wisnewski para levar todas as provisões e roupas de volta a Korosko, seguindo o deserto de Atmur por Abuhhammed e Berber. Espero, dentro de mês e meio, poder receber tudo em Cartum.


[3797]
A rev.ma madre provincial, Ir. Emilienne Naubonnet, ainda que velha e com trinta anos de missão na Síria, passou felizmente o deserto dos Bisharin desde Suakin, no mar Vermelho, até Berber (15 dias de camelo). No dia 7 do corrente partiu desta última cidade e, possivelmente, dentro de uma semana chegará a Cartum. Vai ser uma dor para ela não encontrar já a excelente Irmã Vitória Maillé, a qual voou para o eterno descanso no dia 2 do presente mês.


[3798]
No passado domingo recebi cartas de Gebel Nuba, onde chegaram sem contratempos os meus missionários e foram acolhidos cordialmente por aquele chefe e pela povoação de Delen. Espero que o Sacratíssimo Coração de Jesus abençoe esta nova missão.


[3799]
Também S. E. Ismail Paxá, governador-geral do Sudão e generalíssimo do exército egípcio no império de Darfur, me escreveu daquela capital com data de 10 de Safar (17 de Março), dando-me muito boas novas dessa recente conquista, pedindo notícias minhas e mostrando a melhor disposição. Está a organizar em cinco grandes muderias ou províncias o vasto reino conquistado e depois voltará a Cartum.


[3800]
O coronel Gordon, nomeado agora ferik paxá, deixou Gondokoro, para fixar a sua residência principal a Ladó, a três horas mais para norte. Abandonaram-no quase todos os seus colaboradores, que regressam à Europa – diz-se – devido ao seu grande rigor. Mas a razão determinante é que se trata de um verdadeiro soldado, que exige ordem e pontualidade e que não permite roubar. Além disso, mostra-se terrível e inexorável com o tráfico de escravos, que desapareceu completamente das localidades próximas da sua residência; porém, o comércio de escravos continua com pleno vigor a alguma distância de Ladó e das margens do Nilo Branco, onde as suas escassas tropas não chegam.

Honrando-me em lhe exprimir os meus sentimentos de profunda veneração e beijando-lhe respeitoso a sagrada púrpura, passo a subscrever-me nos Sagrados Corações de J. e de M.

De V. Em.a rev.ma

Hum. e dev.mo e af.mo filho

P.e Daniel Comboni

Pró-vig. ap. da A. Central






598
P.e Arnold Janssen
0
Cartum
14. 4.1875

N.o 598 (566) - AO P.e ARNOLDO JANSSEN

AVR, 1626-1633

J. M. J. N.o 1

Cartum, 14 de Abril de 1875

Ilustríssimo e dilectíssimo senhor,


 

[3801]
Ontem recebi a sua carta de 18 de Fevereiro deste ano, junto com as três folhas da sua pia revista, que tem o doce título de Kleiner Herz-Jesu Bote («Pequeno Mensageiro do Coração de Jesus»).


[3802]
Agradeço-lhe imensamente pela sua gentileza e caridade e também aos meus piedosíssimos benfeitores que, por meio de si, se compadeceram desta trabalhosa missão da África Central e dos meninos negros.


[3803]
Todos os dias, em público e em privado, rezamos ao Coração de Jesus, a quem com a autoridade do Sumo Pontífice Pio IX e da Santa Sé Apostólica consagrei todo o vicariato por si e pelos benfeitores da Alemanha católica, bem como pelos intrépidos bispos, sacerdotes e fiéis da Prússia renana e germânica, cuja fé, firmeza e heroísmo contemplam admirados o mundo, os anjos e os homens. Os missionários da África Central, ainda que extenuados por um enorme trabalho, não nos consideramos dignos de ser chamados discípulos dos valorosíssimos homens da Alemanha, tanto eclesiásticos como leigos católicos. O vosso exemplo fortalece o nosso espírito e incita-nos a sofrer mais pela salvação e redenção dos negros da África interior. Ânimo, pois! O próximo triunfo consolar-vos-á a vós e à Igreja de Cristo. O Coração de Jesus está convosco.


[3804]
O rev.mo senhor pároco Nöcker, de Colónia, em trinta meses, a partir de Setembro do ano de 1872, deu ao meu vicariato 40 000 (quarenta mil) francos e também o encargo de comprar meninos.


[3805]
Porém, como não me chegou a carta em francês, a que o senhor se dignou referir na sua carta, até agora não conheço inteiramente as condições e as intenções especiais dos meus generosos benfeitores: o ilustríssimo e rev.mo pároco Nöcker, junto com os membros da pia Sociedade de Colónia para o resgate e a educação das crianças negras (com os quais estou relacionado há quinze anos), é e foi sempre muito exacto e fiel a enviar o dinheiro e a transmitir as intenções dos benfeitores da África Central.


[3806]
Os motivos pelos quais não recebi essa carta em francês podem ter sido vários:

1.o O serviço postal de Alexandria ou do Cairo, ou, numa palavra do conjunto do Egipto e da Núbia, não é como o europeu. Por isso, muitas cartas, que me são enviadas para a África ou que eu escrevo para a Europa, extraviam-se. E de nada têm servido as minhas queixas ou as do I. R. cônsul austro-húngaro ao Governo egípcio. As cartas e os escritos são transportados em camelos e ao árabe falta-lhe muito de civilização, ainda é primitivo.

2.o O rev.do P.e Carcereri, antes meu vigário-geral, é um excelentíssimo escritor e redactor e muito instruído; mas (para lhe dizer confidencial e secretamente a verdade) é um péssimo administrador e muito inexperiente ao tratar dos assuntos. Nos dois anos em que permaneci em El-Obeid, no Cordofão, ele recebeu em Cartum todas as cartas a mim dirigidas da Europa e foi muito negligente em fazê-las chegar às minhas mãos.


[3807]
O P.e Carcereri saiu de Cartum a 10 de Dezembro de 1873 em direcção à Europa, onde percorreu a Itália, França, Alemanha e Áustria devido a assuntos da missão, após o que regressou ao Egipto e depois a Cartum. Agora é superior da casa da missão de Berber. Ele mesmo, antes de Julho do ano passado, recebeu na Europa para mim muitas cartas de muitos dos meus benfeitores da Itália, Alemanha e Áustria e, com elas, dinheiro, roupa, livros, paramentos e vasos sagrados; mas não me falou nem escreveu especificando as diferentes coisas e os benfeitores, excepto num caso ou noutro.


[3808]
Agora, de Berber, mandou-me muitas cartas fechadas nos meses de Abril, Maio e Junho do ano passado. Do Cairo, também me mandou algumas cartas atrasadas, outras de Wady-Halfa, Assuão e Dôngola, e ainda há outras nas caixas de géneros alimentícios e outras coisas que levou do Cairo até Wady-Halfa e que continuam lá desde há cinco meses, porque não pôde transportá-las para Cartum, por falta de sessenta camelos.


[3809]
O P.e Carcereri foi a Colónia em Junho do ano passado, onde recebeu do rev.mo Nöcker 20 000 francos. E certamente a sociedade dos negros ou o rev.mo pároco Nöcker entregaram-lhe todas as notas necessárias com as intenções dos benfeitores, como se faz sempre.


[3810]
Feito este esclarecimento, com prazer cumprirei as condições e os desejos expressos na carta de V. S. recentemente recebida. Resgatarei os dez negros na missão do Cordofão; mas seja gentil escrevendo-me os nomes dos meninos que o senhor e os benfeitores desejam. Já resgatámos muitos meninos em El-Obeid com o dinheiro da Sociedade de Colónia e, no próximo mês, quando for a terras dos Nuba para fundar uma missão por mandato da Santa Sé Apostólica, administrarei o baptismo em El-Obeid a vinte e cinco ou trinta crianças resgatadas o ano passado. Far-me-á, pois, ilustríssimo senhor, um assinalado favor se, logo que receber a minha carta, me mandar os nomes dos meninos negros resgatados pelos benfeitores de Westfália.


[3811]
Desculpe-me por lhe escrever em latim, mas é que não durmo por excesso de ocupações e estou esgotado. Por este motivo não lhe escrevo em alemão, porque precisaria de mais tempo e teria que usar o dicionário. O senhor, porém, pode escrever-me em alemão, pois percebo-o bastante bem. Ou, se preferir, pode fazê-lo igualmente em francês, inglês, espanhol, português, italiano ou em latim, línguas faladas pelos ocidentais.


[3812]
Os meus colaboradores, isto é, o meu vigário-geral e superior de Cartum, P.e Pascoal Fiore, o meu secretário, P.e Paulo Rossi, e P.e Losi, reitor da missão do Cordofão, far-me-ão chegar, sem falta, todos os escritos que o senhor me mandar. E o mesmo fará P.e Bartolomeu Rolleri, superior do colégio de negros do Cairo, no Egipto.

Rogo-lhe me mande a sua estupenda revista Kleiner Herz-Jesu Bote, de Março, Abril e dos meses seguintes, porque é um feliz compêndio da história das missões apostólicas. Agradeço-lhe por isso.


[3813]
Quando dispuser de mais tempo, escrever-lhe-ei sobre o meu vicariato, que é muito extenso e o mais povoado de todo o mundo e cujas gentes e povos se encontram nas trevas e sombras da morte.


[3814]
Expresse o meu agradecimento o mais que puder aos meus benfeitores e transmita-me, se possível, os nomes das pessoas mais dignas de veneração, para que as recordemos nas nossas orações. Pelo que respeita ao dinheiro, se recolher algum, tenha a bondade de o mandar sempre ao senhor Nöcker.

No Sacratíssimo Coração de Jesus subscrevo-me humildemente,



Seu servo em Xsto.

P.e Daniel Comboni

Pró-vigário apostólico da África Central



Original latino

Tradução do italiano






599
P.e Godofredo Noecker
0
Cartum
20. 4.1875
N.o 599 (567) - A D. GODOFREDO NÖCKER

«Jahresbericht...» 22 (1875), pp.52-55



Cartum, 20 de Abril de 1875



Ilustríssimo e rev.mo senhor,



[3815]
Ocupado com trabalhos importantes e urgentes e pressionado por visitas de toda a espécie, fui até agora impedido de enviar notícias sobre a situação e as condições da nossa missão. Peço-lhe mil desculpas. Neste tempo, o bom Deus deu-me um excelente secretário, cheio de espírito apostólico, na pessoa de P.e Paulo Rossi, um aluno do nosso Instituto Africano de Verona, por meio do qual poderei em breve mandar, sob a bênção que o Coração de Jesus tem reservada para o nosso vicariato da África Central, pormenorizadas informações à Sociedade de Colónia, a cujas fadigas deve este imenso vicariato a sua ressurreição e existência.


[3816]
Como antecipação, mando-lhes com a presente os acordos a que cheguei, por um lado, com o superior geral dos Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos e, por outro, com a superiora geral da congregação das Irmãs de S. José da Aparição e que foram aprovados pela Propaganda em Roma. A tudo isso acrescento o recente decreto sobre a erecção canónica de uma casa missionária em Berber. Todos os padres da congregação de S. Camilo de Lelis, chamados também Clérigos Regulares Ministros dos Enfermos, devem permanecer em Berber um ano por desejo do seu prefeito, o P.e Estanislau Carcereri; ficam disso excluídos os padres Franceschini e Chiarelli, que, juntamente com um veterano da missão, o rev.do sr. Wischnewsky, da diocese de Ermland, na Prússia, se mantêm preparados para visitar, sob a minha pessoal direcção, os povos Nuba. Já mandei também lá, guiados por P.e Luís Bonomi, do nosso Instituto de Verona, quatro irmãos coadjutores. Chegaram há dois meses ao primeiro povoado, chamado Delen, onde o chefe os recebeu com muito agrado. Aí vão construir duas casas, uma destinada a acolher os missionários e outra as Irmãs de S. José.


[3817]
Há pouco veio para Cartum, pela rota do mar Vermelho e de Suakin, a rev.da madre provincial, Sóror Emilienne Naubonnet, que já foi durante trinta anos superiora das missões na Síria. Chegou pela primeira vez ao Oriente com o rev.do P.e Maximiliano Ryllo, sacerdote da Companhia de Jesus, que morreu em 1848 como primeiro pró-vigário apostólico da África Central e cujos restos estão enterrados no jardim da casa das irmãs que construí recentemente. Já dois anos antes tinha pedido ao falecido cardeal Barnabó uma madre provincial para a África Central que exercesse o cargo da direcção religiosa dos Institutos das Irmãs e agora concederam-me este favor tanto o novo prefeito da Propaganda, Sua Em.a o cardeal Franchi, como a superiora geral. Uma mulher forte, dotada de ânimo viril, de 56 anos e de singular experiência e habilidade, será, se Deus quiser, de uma utilidade muito grande para o vicariato.


[3818]
Os missionários que partiram do Cairo a 24 de Outubro de 1874 chegaram a Cartum a 3 de Fevereiro do presente ano; porém, fizeram-no sem as provisões e as outras coisas que traziam para a missão. Isso permaneceu quatro meses em Wady-Halfa e desde então até agora na capital de Dongola e perdeu-se quase tudo. Este prejuízo, que ascende a quase 30 000 francos foi motivado por dois equívocos do condutor da expedição. Com efeito, em vez de ir pelo caminho normal, o de Korosko a Berber, que seguem os comerciantes e desde 1847 os missionários, tomou a rota de Wady-Halfa e Dôngola, que é demasiado longa, arriscada e dispendiosa; e, em vez de passar as cataratas de Assuão com as embarcações vazias, enquanto a carga – como haviam feito os missionários a partir de Knoblecher – era transportada mais para lá das cataratas, por terra, em camelos, e as pessoas sobre burros, ele passou esses perigosos lugares com as embarcações carregadas e, portanto, sem as devidas precauções, de modo que os missionários e as irmãs se viram expostos a grande perigo de se afogarem e só por um milagre escaparam a um naufrágio certo.


[3819]
Mas infelizmente, uma embarcação que levava provisões e os paramentos da igreja, partindo-se, acabou por se afundar no rio, em cujas águas encontrou a morte o nosso querido irmão José Avesani. Por esta razão e por tão graves perdas, por agora não estou em condições de ir ao Cordofão e a Gebel Nuba. Embora isto, por agora, me mantenha muito aflito, não quero perder o ânimo. Antes pelo contrário, direi com o patriarca Job: «Deus mo deu, Deus mo tirou; como o Senhor quis, assim aconteceu. Bendito seja o nome do Senhor!»

O divino Coração de Jesus nos anime e conforte. Receba o senhor as minhas cordiais saudações e tenha uma amável recordação para o seu



Obrigadíssimo amigo

P.e Daniel Comboni, pró-vigário



Original alemão

Tradução do italiano






600
Augusto De Villeneuve
0
Cartum
25. 4.1875
N.o 600 (568) - A AUGUSTO DE VILLENEUVE

AFV, Versailles



J. M. J.

Cartum, 25 de Abril de 1875



Meu caríssimo Augusto,



[3820]
Encontro-me à frente da mais vasta missão de todo o universo, rodeado das maiores e pesadas cruzes. No meio das minhas penas e trabalhos e apoquentado por um terrível calor, veio trazer-me um imenso e inefável conforto a notícia que a madre Emilie Julien me deu do seu casamento com um maravilhoso anjo, ou seja, a senhora de Tanquerelle des Planches, sobrinha do card. de Cheverus, a qual é hoje sua muito amada esposa. Oh, caríssimo amigo, esta notícia encheu-me de verdadeiro gozo e levantou-me o coração, tanto pela sua felicidade como pelo desejo satisfeito da sua incomparável mãe. De modo que cantámos uma missa solene na minha pequena catedral, para dar graças a Deus por esta grande ventura.


[3821]
É o fruto, caro Augusto, de tantas preces que sua admirável mãe elevou e fez elevar ao Céu em todo o universo. Sim; nem sequer nas distantes regiões da África Central deixei um só dia de pedir a Deus que lhe desse uma companheira na Terra e esteja certo de que o mesmo se fez na Ásia, na América, na Austrália, em Roma e em toda a parte, porque a sua incomparável mãe, possuída de uma fé heróica e de uma perseverança sem igual, é bem digna de ser escutada. Desde há muitos anos ela derramou muitas lágrimas e suspiros e fez rezar por este feliz resultado até a augusta majestade de Pio IX. Assim, o imponderável Deus viu-se obrigado a atender essa poderosa oração materna.


[3822]
Agradeça, meu caro Augusto, antes de tudo a Deus, à Santíssima Virgem e a Pio IX e, depois, à fé dessa extraordinária mãe que conseguiu tal dita e procurem o senhor e sua esposa servir bem a Deus e fazer felizes sobre a Terra os dias da sua boa mãe, pois ela merece-o pela sua fé, a sua perseverança e o seu amor materno.

Solicito-lhe, caro Augusto, apresente os meus afectuosos respeitos a sua esposa, a quem espero conhecer pessoalmente antes de morrer e rogo-lhe que me mande uma fotografia dela por correio. Esta é a minha direcção:



Mons. Daniel Comboni

Pró-vigário apostólico da África Central

C/Egipto – Cartum (Sudão)



No dia 16 de Junho celebrarei missa no Cordofão por si, sua esposa e sua mãe.



Seu amigo P.e Daniel Comboni



Original francês

Tradução do italiano