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Data
901
Mons. José Marinoni
0
Verona
27. 01. 1880

N.o 901; (858) - A MONS. JOSÉ MARINONI

APIME, v. 28, pp. 33-35

Verona, Insto. Africano, 27 de Janeiro de 1880



Il.mo e rev.mo senhor,

[5901]

Rogo da sua grande bondade que me mande na volta do correio dois ou três exemplares desse pequeno opúsculo que se costuma entregar aos aspirantes às missões de S. Calocero, antes de entrarem no seminário de Milão. Gostaria que mos fizesse chegar rapidamente.

Agradeço a sua extraordinária amabilidade pela sua carta com o horário e as assinaturas de «Missioni Cattoliche», «L’Osservatore Cattolico», «Leonardo da Vinci», «Popolo Cattolico» e «The Tablet», todas publicações que desejo hic et nunc me sejam enviadas para Verona. «L’Observatore», o «Popolo» e «Leonardo da Vinci» recebo-os, mas «Missioni Cattoliche» e «Tablet» não me chegam.

Para tal fim mando-lhe a importância indicada na sua carta e junto cem liras destinadas a P.e Santiago pelo mapa da África, como combinámos. Se desejar algo mais, enviá-lo-ei.


[5902]

Dentro de uns dias tomará posse do seu cargo o novo superior dos institutos africanos de Verona, o R. P.e Sembianti, sacerdote dos Missionários Apostólicos in obsequium episcoporum (fundação veronesa do P.e Bertoni). É um piedoso e santo homem, a quem antes de partir para a África desejo levar a Milão para que o conheça a si, monsenhor, a fim de que, depois, ele possa consultá-lo sobre os meus Institutos, para os conduzir bem. Disse-o ao superior geral, o P.e Vignola, sucessor de Bertoni e Marani e foi muito do seu agrado, como também foi muito do agrado do Em.o cardeal de Canossa. Portanto, agora e para o futuro, suplico-lhe que tenha a bondade de o escutar e de o ajudar com os seus sábios conselhos e provada experiência.


[5903]

Abençoo todos os alunos candidatos, e apresente muitas saudações a P.e Santiago, ao director espiritual e a todos. Também a esse veterano das Missões, doente do aparelho respiratório e ao médico.

Seu af.mo no Senhor

† Daniel Comboni Bispo e vig.. ap.


902
Uma marquesa romana
0
Verona
30. 01. 1880

N.o 902; (859) - A UMA MARQUESA ROMANA

ASGIR

Verona, Insto. Africano, 30 de Janeiro de 1880



Nobilíssima senhora marquesa,

[5904]

Peço-lhe mil desculpas pelo meu atraso em lhe escrever. Recebi as suas gentilíssimas cartas no passado 31 de Dezembro, mas a saúde ainda não sólida, as indisposições pelo frio, os prementes compromissos de uma colossal correspondência mundial, o ter que dirigir doze estabelecimentos situados a quatro mil e a seis mil milhas de distância, as graves preocupações pela manutenção da árdua e importante missão, o trabalho contínuo..., tudo isso me impediu de escrever e de me deslocar de Verona. Mas tenha a certeza de que nunca me esqueço de si, nem da sua digna e nobre família, que sempre vive e viverá comigo no dulcíssimo Coração de Jesus, e de que rezo sempre por si.


[5905]

Hoje e desde há muitas semanas, está mais que nunca na minha mente a sua nora D. Ana, irmã do jovem príncipe João Borghese, que, segundo uma carta que me escreve o dr. Pellegrino Matteucci e pelo que li ontem à noite no Osservatore Romano, está prestes a partir para a África Central: Cartum, Cordofão, Darfur, Waday, Baguermi, Bornu, etc., etc. Matteucci escreveu-me a pedir uma carta de recomendação válida para toda esta imensa viagem, e eu estou disposto a isso, principalmente por se tratar do seu nobre companheiro.


[5906]

Porém, tendo reflectido e meditado perante Deus e a minha consciência sobre essa intenção tão ousada do jovem príncipe, não poderei encontrar paz para o meu espírito sem ter exposto antes (posto que sou o juiz mais competente quanto a estas viagens às regiões da minha vasta missão) a minha opinião a quem pode ter autoridade sobre esse bom príncipe. Eu não tenho a honra de gozar de uma estreita relação pessoal com a ilustre Casa Borghese, que tanto venero, estimo e admiro pela sua fé e nobreza, por ter dado papas, cardeais e bispos à Igreja e por ter honrado tanto a religião e a sociedade em todas as épocas. Se vivesse o meu excelente amigo mons. Manetti, o anterior arcebispo de Sardia, escrever-lhe-ia sobre o que sinto quanto a esse assunto. Ele ia apresentar-me ao príncipe Marcantónio, etc., mas foi para o Paraíso.


[5907]

Ao dr. Matteucci, que me comunicou que ia partir no próximo dia 7 de Fevereiro, já lhe escrevi esta manhã, dando-lhe os salutares conselhos que o meu coração e a minha experiência me sugeriam e que lhe exporei a si mais abaixo. Mas, não tendo eu relações mais directas e estreitas com essa ilustre e benemérita família, abro-lhe o meu coração a si, nobilíssima senhora marquesa, e isto pelo bem desse filho e pelo amor e veneração que sinto pelo sublime apelido Borghese. Pode compreender que faltaria ao meu dever e ao sentimento do meu coração se não desse este passo; e seria falta de veneração e de gratidão para consigo e a nobre, dilecta família Gerini, se não lhe exprimisse sinceramente o meu pensamento sobre este assunto.


[5908]

Lembre-se de que é meu desejo que nem o príncipe João nem Matteucci (a quem escrevi claramente esta manhã) saibam que eu dou este passo. À excepção dos dois, faça uso da minha carta e das minhas ideias como melhor entender, mesmo se decidir comunicá-las aos ilustres pais e à família Borghese.

Em Setembro passado, o dr. Matteucci veio a Verona visitar-me e confiou-me o seu projecto de empreender com o jovem príncipe Borghese a viagem ao império de Waday pela rota de Trípoli a Mazurk, etc...

«Não – respondi-lhe imediatamente; não devem fazer esta viagem pela rota de Trípoli e Mazurk, nem o senhor nem Borghese. Não pode fazê-lo o senhor, porque não tem ainda experiência de viagens pelo centro da África e esta é das mais difíceis. Tão-pouco pode Borghese, porque nunca acreditarei que os seus pais irão permitir que um jovem falho de experiência até em viagens mais fáceis faça a primeira de importância precisamente a Waday.» E aqui disse-lhe que quase todos os que viajaram para Waday (partindo de Trípoli) ou não chegaram, ou morreram, ou foram assassinados, etc., com a única excepção do dr. Nachtigal, que, após cinco anos de sofrimentos chegou ao Cordofão, e foi acolhido pelas minhas Irmãs e missionários e por mim em Cartum. Eu aconselhei-o a seguir antes a rota da Núbia, Cartum, o Cordofão... e, assim, eu e a minha missão poderíamos cuidar dele, ajudá-lo e protegê-lo de mil maneiras. Não vale a pena estar eu aqui a alargar-me na explicação de como o Senhor o dissuadiu providencialmente desta viagem a Waday pela rota de Trípoli e o Fezzan; convenceu-se, e há que dar graças a Deus por isso, porque certamente nem Matteucci, nem o príncipe teriam voltado a ver a Europa.


[5909]

Em princípios de Dezembro, ou talvez ainda em Novembro, Matteucci veio a Verona e rogou-me que o aceitasse como médico, porque à sombra da missão poderia realizar com o jovem príncipe a sua viagem a Waday pela rota de Cartum. Eu consenti nisso dizendo-lhe que o protegeria e ajudaria, porque, pela nossa influência no centro da África, nós estamos em situação de fazer respeitar e proteger os nossos recomendados; e também lhe disse que sim, porque o príncipe estaria sob o nosso olhar até perto do império de Darfur e em todas as circunstâncias poderíamos protegê-lo e fazê-lo respeitar e, em caso de necessidade, regressar, lá onde surgissem certos perigos. Disse, enfim, que sim, porque esperava eu mesmo ter podido partir em Dezembro passado; nesse caso eu teria podido tê-los acompanhado até à capital do Cordofão e teria estudado bem o jovem príncipe para julgar da conveniência ou não de ele continuar a viagem até Waday.

Mas não pude partir em Dezembro e, mesmo agora, não sei quando poderei fazê-lo.


[5910]

Ora, vendo que a saída de Roma está marcada para Fevereiro, depois de ter consultado bem o Senhor e o Coração de Jesus, que é, além disso, o protector da África Central, a quem a consagrei, como verá na página 31 do número 7 dos nossos Anais, que lhe mando, considero prudente sugerir e aconselhar a que não se empreenda agora essa viagem, mas que se adie até Setembro ou Outubro próximos e isto pelas seguintes razões:

1.o Partindo agora, o príncipe não entrará no deserto antes de Abril, época em que o deserto é um puro fogo (Abril, Maio e Junho). Eu atravessei-o três vezes nesse período e passei mal, apesar de estar aclimatado. Contudo, atravessar o deserto no Inverno é quase um agradável passeio.

2.o Partindo agora, vai encontrar-se nas imensas planícies do Cordofão e Darfur no tempo das chuvas. Trata-se de uma época já muito perigosa para os missionários, habituados como estamos às fadigas e à África; mas para o jovem príncipe, que nunca viajou na África e que não se terá aclimatado previamente um pouco no Cairo ou na Núbia, poderia tornar-se fatal. Contudo, partindo em Setembro ou Outubro, aplanam-se todos estes perigos e obstáculos.

3.o Se se for agora, somente posso protegê-lo por meio dos meus missionários e do meu vigário e com poderosas cartas de recomendação; enquanto, se partir em Setembro, grande parte da viagem fá-la-á comigo, que sou o único que tenho no Sudão uma posição firme e segura entre aquelas gentes, mesmo entre os paxás, e que posso, de facto, ajudá-lo com amor, interesse e consciência. Amor, interesse e consciência têm também os meus missionários; mas a força para influenciar e mandar, até nos grandes, tenho-a mais eu com a minha presença aí do que os meus missionários com a deles. Além disso, duas palavras que eu diga pessoalmente ao quedive do Egipto podem ser de muita ajuda para o príncipe.


[5911]

E não enumero agora outras razões, para não ser ainda mais prolixo do que sou: de viva voz poderia mencionar-lhe bastantes. Mas Matteucci e o príncipe dirão: «Como vamos recuar agora, uma vez que tomámos a decisão e depois de a imprensa ter feito disso assunto público dentro e fora da Itália?»

Respondo. Que partam os dois viajantes de Roma, até já, e que se dirijam a Wady-Halfa, na Núbia, porque do Cairo até Wady-Halfa o clima e a viagem são mais toleráveis que de Florença a Roma e Nápoles. Todavia, já em Monia, perto de Wady-Halfa, sentirão entre as onze da manhã e as quatro da tarde um calor que lhes dará vontade de voltar para trás. Chegados a Wady-Halfa, como há razão plausível para dizer, a estação estará demasiado adiantada, será o momento de empreender o caminho de regresso, e jovem Príncipe vá para Suez, Jerusalém, Damasco, Beirute, Viena, etc., e, depois, volte a Itália para passar o Verão com os seus. Esta viagem prepará-lo-á e torná-lo-á capaz de empreender com maior segurança e prazer a segunda e grande viagem referida acima.


[5912]

Ir de Cartum ao Cordofão ou de Suakin a Berber na estação inadequada torna-se mais duro que deslocar-se de Florença à Austrália e Japão. Ao invés, se sair em Setembro, eu poderei ajudá-lo muito, porque estarei lá, no Sudão.

Vendo esta longa carta que o coração me ditou e a recta consciência, estive tentado a não mandá-la, porque é demasiado prolixa e aborrecida; mas os acontecimentos pressionam, por isso envio-lha. Peço-lhe, venerável marquesa, mil desculpas e perdão por tão grande moléstia; mas parecia-me cometer uma grave falta em relação a si, ao senhor marquês, seu consorte, ao seu querido filho o jovem marquês António e a sua venerada filha Ana, irmã do príncipe, se não lhe mandasse esta carta. Portanto, conceda-me em todo o caso o seu generoso e benigno perdão, enquanto nos dulcíssimos Corações de Jesus e de Maria, declarando-lhe que fiz isto com uma boa finalidade, me subscrevo com eterna veneração e gratidão



Seu devot.mo, obed.mo e verdadeiro servidor

† Daniel Comboni bispo e vig. apostólico


903
Clérigo Francisco Rosa
0
Verona
01. 02. 1880

N.o 903; (860) - AO CLÉRIGO FRANCISCO ROSA

APCV, 817/14

Verona, 1 de Fevereiro de 1880


Dimissórias.

904
Clérigos Frizzi e Cesaro
0
Verona
01. 02. 1880

N.o 904; (861) - AOS CLÉRIGOS VÍTOR FRIZZI E JOSÉ CESARO

APCV, 239/4

Verona, 1 de Fevereiro de 1880


Dimissórias.

905
Clérigo Francisco Rosa
0
Verona
02. 02. 1880

N.o 905; (863) - AO CLÉRIGO FRANCISCO ROSA

APCV, 817/15

Verona, 2 de Fevereiro de 1880


Dimissórias.

906
Card. João Simeoni
0
Verona
03. 03. 1880

N.o 906; (863) - AO CARD. JOÃO SIMEONI

AP SC Collegi d’Italia, f. 1267

N.o 3

Verona, 3 de Fevereiro de 1880

 

Em.o e Rev.mo Príncipe,

[5913]

Recebi a sua venerada de 28 do passado Janeiro, na qual me mostra o desejo de me falar de viva voz tanto sobre o sacerdote irlandês O’Connor (cujo bispo, o de Adelaide, sei que está em Roma), como sobre outro assunto interessante. Como um desejo de V. Em.a rev.ma é para os missionários uma ordem, farei o que for possível para ir ter consigo no fim desta semana ou na próxima. Tanto mais que, com a ajuda do Em.o de Canossa, consegui proporcionar ao meu insto. africano de Verona um piedoso e capaz reitor na pessoa do P.e José Sembianti, com o qual estou agora a rever as regras com todas as modificações que a experiência prática dos anos passados me sugeriu introduzir nelas, junto com as sábias observações efectuadas pelo venerável consultor da Propaganda, o P.e Isidoro de Boscomare, dos Menores Reformados.

A minha expedição, saída do Suez em Novembro passado, já chegou felizmente a Cartum.

Prostrado a beijar a sagrada púrpura, declaro-me com o respeito mais profundo



De V. Em.a Rev.ma hum.mo, devot.mo, obed.mo filho

† Daniel Comboni

Bispo e vig. ap.


907
P.e Pedro Vignola
0
Verona
16. 02. 1880

N.o 907; (864) - AO P.e PEDRO VIGNOLA ACORDO COM O SUPERIOR DOS ESTIGMATINOS

ACR, A, c., 18/40 n. 1

Verona, 16 de Fevereiro 1880


CONDIÇÕES

[5914]

Segundo as quais o superior geral da Congregação dos Missionários Apostólicos «in obsequium episcoporum» aceita conceder algum membro da sua congregação para que assuma o cargo de reitor dos institutos das missões para a Nigrícia, de Verona.

1.o O designado para este cargo assume-o só temporariamente e enquanto o permitirem as circunstâncias da congregação a que pertence.

2.o A manutenção dos institutos masculino e feminino fica inteiramente a cargo de D. Comboni, que deixará antecipadamente em depósito 2000 liras nas mãos do reitor, quando semestralmente se apresentarem as contas dos gastos da comunidade, sem que a congregação seja chamada a adiantar a menor soma.

3.o Nos institutos masculino e feminino só poderão alojar-se as pessoas da missão ou as de serviço que o reitor julgar necessárias.


[5915]

4.o A admissão nos institutos dos aspirantes à missão dependerá do reitor – após considerar as informações que se tiverem obtido –, e igualmente o reitor é quem decidirá sobre o despedimento, se não dessem provas de garantia quanto à sua vocação.

5.o A disciplina que o reitor fizer observar não seguirá outra regra que não seja a que se redigir para ser submetida à S. Congr. da Propaganda Fide.

6.o Dos institutos de Verona não se enviarão para a missão da África a não ser aqueles ou aquelas que o reitor considere maduros para uma vida de tanto sacrifício.

7.o O sustento do reitor e, se fosse necessário, de outros companheiros ou de algum irmão leigo, deverá ficar a cargo da missão.

8.o O reitor dirigirá a Obra do Bom Pastor, fazendo-se ajudar por quem julgar oportuno.


[5916]

9.o O reitor aceitará a representação legal de D. Comboni, no que respeita aos bens temporais da sua propriedade e aos recursos, esmolas e assuntos respeitantes a ele, durante a sua ausência de Verona.

10.o O reitor informará de quando em quando D. Comboni sobre o espírito, funcionamento e esperanças dos institutos africanos de Verona; e após a finalização do curso, em Setembro, enviar-lhe-á um pequeno relatório geral sobre os mesmos e um breve quadro da administração temporal.

11.o O reitor poderá mandar para a Universidade Teológica de Beirute, na Síria, dirigida pelos reverendos padres jesuítas, candidatos, tanto clérigos como sacerdotes, de provada vocação, destacada inteligência, sólido juízo e prudência.

12.o O reitor terá jurisdição sobre as casas filiais do Instituto de Verona que, com o consentimento do em.o cardeal bispo de Verona, tivesse que abrir, por contar com um maior número de boas vocações para o apostolado da África Central.


908
Seu pai
0
Roma
25. 02. 1880

N.o 908; (865) - A SEU PAI

ACR, A, c. 14/17


Roma, 25 de Fevereiro de 1880


Breve bilhete.

909
Card. Luis de Canossa
0
Roma
26. 02. 1880

N.o 909; (866) - AO CARDEAL LUÍS CANOSSA

ACR, A, c. 14/101

Roma, Hotel Anglo-Americano em Via Fratina

26 de Fevereiro de 1880



Eminentíssimo e Rev.mo Príncipe,

[5917]

Logo que cheguei a Roma, sábado de manhã, levei à secretaria dos Breves da Alma e entreguei nas próprias mãos de Adami as cartas da cúria e ao Em.o Bilio a sua, etc. Visitei o Em.o Bartolini, cujo estado de saúde é delicado e por ordem do médico muda de casa e dei-lhe as minhas pílulas contra a febre, porque desde há dez meses tem a febre terçã. Mas vai ao Vaticano e ontem pela manhã vi-o a ouvir um sermão com o Papa, onde eu também escutei os eminentíssimos prelados e muitos bispos o sermão do rev.mo P.e Eusébio de Monte Santo, pregador apostólico. Dos trinta e três santos bispos veroneses, parece que se podem aprovar as segundas lições só de seis; para os outros, talvez se proponha adoptar lições tiradas de S. Zeno. O motivo pelo qual mons. Caprara não fez ainda o seu trabalho em relação à venerável marquesa é precisamente Morani (que teve duas mortes em casa), o qual ainda não acabou o seu.


[5918]

Só entregou uma parte, em Agosto, de modo que ainda falta o resto; e sem ver todo o trabalho, mons. Caprara não pode formular as suas perguntas. Por isso corri a pressionar Morani e ele prometeu-me que se apressaria, mas não o deixarei em paz até que termine e entregue o trabalho. Quanto ao chapéu, estará pronto em breve. Giomini não sabia se tinha que o fazer vermelho ou preto; mas, como eu em Verona nunca vi Vossa Eminência com um vermelho, disse-lhe que fosse negro, de castor, conforme se lê na nota que me deu; mas de todas estas coisas escrever-lhe-ei dentro em pouco.


[5919]

Agora aperta-me o assunto de S. José, que vai muito mal. Há que tratar evitar uma má sentença, e (digo-o entre nós sem rodeios, como o ouvi a pessoas competentes da Congregação de Ritos) remediar os erros do excelente P.e Falezza e do falecido card. Barili que, como prefeito da S. C. das Indulgências, aprovou as indulgências invalidamente em 1874, pouco antes de morrer, com um decreto que é ob-reptício e sub-reptício, etc. Nisto não entra absolutamente V. Em.a Rev.ma, sendo admirado com prazer o sentimento da sua última carta sobre o assunto. Mas aqui há verdadeiro assombro quanto ao piedoso sacerdote que associou a um escapulário, não aprovado, não só os fiéis da diocese de Verona mas também de outras; e causa assombro também que a S. C. das Indulgências concedesse indulgências sem ter consultado previamente a S. C. dos Ritos, tratando-se de algo que diz respeito a esta Congregação.


[5920]

Assim que se está a pensar em anular tudo, etc., etc. Eu, ao ouvir dizer ao P.e Cirino, a quem encontrei nos Breves, que o assunto do escapulário de S. José ia tão mal, fui inteirar-me de tudo e vi que era bem verdade. Trata-se de:

1.o É um facto que em 1868 a S. C. dos Ritos não aprovou de nenhuma maneira o escapulário nem a forma da bênção com o responso: negative in omnibus.

2.o O decreto, com o qual a S. C. das Indulgências concedeu em 1874 as indulgências ao escapulário não aprovado, é ob-reptício e sub-reptício, porque, ao fazer-se a petição, calou-se a resolução emanada da S. C. dos Ritos em 1868, ou seja: negative in omnibus.

3.o Portanto, as indulgências concedidas são nulas e os 4000 chamados sócios do escapulário de P.e Falezza não ganharam as indulgências que supunham ganhar.


[5921]

4.o O escapulário ideado por P.e Falezza – disse-me um prelado da C. de Ritos – é herético: mostraram-mo e caí das nuvens.

5.o Causa espanto que este escapulário não aprovado se tenha dado em dioceses, mesmo de fora, como na Baviera.

Com base nisto, já se teria publicado o decreto de proibição, mesmo com palavras um pouco duras, se ao erro de P.e Falezza se não tivesse acrescentado o dislate do falecido card. Barili, que estava doente e que aprovou as indulgências; quer dizer, obteve do Santo Padre Pio IX as indulgências sem consultar primeiro a S. C. dos Ritos.

Agora trata-se de salvar as conveniências da Santa Sé. Pelo que eu, que me preocupo pela honra de S. José, pois preciso que continue a mostrar-se bom e generoso, quereria arranjar as coisas. E desejaria que fosse honrado o mais possível, mas de modo que agrade à Santa Sé e ao Sumo Pontífice.


[5922]

Portanto, aproveitando a habitual lentidão de Roma, fui ontem e hoje sondar pessoas competentes sobre o tema. E vejo que se P.e Falezza não perde tempo e trabalha com rapidez, recorrendo à ajuda do pároco de S. Nicolau ou à dos filipinos, etc., e me manda para Roma, antes de uma semana ou quando muito dentro de dez dias, a petição ao Santo Padre formulada seguindo o esquema que lhe junto, e aprovada por V. Em.a Rev.ma (para o que basta que V. Em.a faça a carta de recomendação, indicando em princípio que aprovou o dito escapulário simples); se, digo, dentro de uma semana, P.e Falezza me manda essa petição a Sua Santidade, acompanhada do modelo de escapulário de S. José com ou sem o Menino com o lírio e de uma só cor de ambos os lados, o assunto entra em vias de solução: suspende-se entretanto a sentença e, trabalhando eu aqui sobre a nova petição de P.e Falezza, recomendada pelo ordinário, espero ir fazendo, pouco a pouco, cair a sentença no esquecimento. E se se conseguir a aprovação do novo escapulário com as indulgências de antes, remedeia-se tudo.


[5923]

Mas é preciso agir rapidamente, enquanto eu me encontro em Roma. Já tomei os meus conselhos e medidas para depois, uma vez obtido o escapulário para Verona, fazer de maneira que, com o tempo, receba a aprovação para a Igreja universal.

A P.e Falezza não lhe dou tantas explicações, por justos motivos. Ele deve fazer cegamente a petição com base no esquema que incluo e S. José o abençoará. Submeto ao sábio juízo de V. Em.a a minha carta a P.e Falezza.

Inclino-me a beijar, etc.


Seu devot.mo filho

† Daniel bispo e v. a.


910
Seu pai
0
Roma
27. 02. 1880

N.o 910; (867) - A SEU PAI

ACR, A, c. 14/118

Roma, Hotel Anglo-Americano

27 de Fevereiro 1880

Meu muito querido pai,

[5924]

Estou alojado neste hotel com outros bispos, porque está perto da Propaganda. Esta manhã celebrou-se no Vaticano o consistório, no qual foram nomeados 42 bispos. Além disso, 5 cardeais receberam o barrete cardinalício. Com o Papa Leão XIII estavam reunidos 37 cardeais e mais de 70 bispos. Também se encontram presentes muitos príncipes e quase todos os embaixadores e ministros plenipotenciários acreditados na Santa Sé. Era um espectáculo maravilhoso. E tudo paz, amor, concórdia, respeito, obediência, tranquilidade; e certeza de que a causa de Deus triunfará. Amanhã estou convidado a ir jantar a casa do príncipe Borghese. Nessa família de príncipes e princesas, o pai e a mãe fizeram-me objecto de um grande acolhimento, porque me confiaram os seus dois filhos, o príncipe Camilo e o príncipe João, que irão com Matteucci a Cartum e ao Cordofão. Vai ser uma suadela...


[5925]

Faz-me o favor de escrever a Virgínia (sem dizer que eu to disse), porque sentiu muita pena da tua partida para Verona. Ela deixou tudo para ajudar a minha obra. Diz-lhe que rezas sempre por ela (e deves rezar) e que esperas ir vê-la brevemente.

A direcção é esta:



«Sr.a Virgínia Mansur

Instituto das Pias Madres da Nigrícia

em Sta. Maria in Organo – Verona»


[5926]

Saúda Pedro e que te dê a bomba que me ofereceu, que faz subir a água a 40 metros. Agradece-lhe muito da minha parte. Espero vê-lo em breve.

Eu encontro-me muito bem. Por favor, escreve-me muitas vezes para aqui, para minha direcção e reza por mim.

A Santa Sé quer erigir uma nova missão em África e chamou-me a Roma para determinar o território, os limites e a maneira de ter êxito nesta sua nova empresa. Por isso, tenho que trabalhar. A princesa manda-te muitos cumprimentos. Dá os meus a Teresa e aos nossos parentes de Limone e de Riva, ao reitor e a P.e Luís e conta-me o que disseste a Listorro e o que é que te respondeu ele sobre a sua filha. Não conhece a graça de Deus.


Teu af.mo filho

† Daniel bispo