Noticiário mensal dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus

DIRECÇÃO-GERAL

O Conselho Geral está empenhado na sua terceira consulta. Seguirá depois a programação relativa aos Documentos Capitulares 2009.

Obra do Redentor

Abril                     01 – 15 DSP        16 – 30 E

Maio                     01 – 07 ET           08 – 15 ER          16 – 31 IT

Intenções de oração

Abril: Para que a crise económica mundial, que transtornou a vida já precária de milhões de pessoas, seja uma ocasião para se fazer uma séria reflexão sobre os nossos estilos de vida comprometendo-nos a uma maior sobriedade e essencialidade. Oremos

Maio: Para que por intercessão de Maria, e à luz da intuição profética de São Daniel Comboni, tomemos cada vez mais consciência da dignidade e do papel da mulher na vida da sociedade e da igreja e nos esforcemos por contestar todo o tipo de violência e abuso em relação a ela. Oremos

ALEMANHA

Assembleia provincial

A assembleia anual da DSP teve lugar em Ellwagen-Josefstal de 15 a 18 de Março. Os temas principais da assembleia foram as propostas do Capítulo Geral de 2009 e a avaliação do «Projecto DSP». Antes da assembleia, os membros do «Projecto» tinham destacado algumas áreas que requeriam maior atenção. São as seguintes: as estruturas da Província que tem casas muito grandes e escassez de pessoal jovem, a animação missionária, a cooperação com os leigos, o «Werk des Erlösers» («Obra do Bom Pastor»), a evangelização, os meios de comunicação e as relações públicas.

A DSP é agora uma Entidade Jurídica

A Província foi reconhecida Entidade de «lei pública» (Entidade Jurídica), pelo estado federal da Baviera (e só por este estado). É um reconhecimento que tornará mais fácil o trabalho de administração. O provincialado e a administração provincial, contudo, devem reunir-se numa única estrutura e no estado da Baviera. Esta mudança de «associação registada» para entidade «jurídica» concerne apenas as nossas casas na Alemanha. Depois de ter obtido esclarecimentos acerca da «Körperschaft öffentlichen Rechts (KöR) por parte de um perito, P. Steffen Brühl SAC, seguiu-se um longo debate sobre a escolha do lugar onde reagrupar casa e administração provincial. Por fim, também na sequência da enérgica recomendação do Conselho Geral, decidiu-se pela casa de Bamberga.

CARTUM

Vota-se

A campanha eleitoral no Sudão está a chegar ao seu termo. Dia 12 de Abril vota-se. Segundo os dados oficiais 16.147.000 de cidadãos inscreveram-se. Um sucesso, se pensarmos que nas eleições de 1986, se inscreveram apenas 5 milhões.

O facto de os candidatos terem, pela primeira vez, feito campanha eleitoral, terem apresentado às pessoas um programa e terem coberto as cidades e os carros com as suas fotos, é um facto digno de nota. Até agora habitualmente acedia-se ao poder sem campanha eleitoral, com um golpe de estado (pense-se em Nimeri e Bashir) ou através de acordos no seio dos partidos. Desta vez faz-se campanha eleitoral. Obviamente, nem tudo é perfeito e as queixas estão na ordem do dia. Mas a impressão é de que se esteja a fazer um caminho em sentido positivo.

Fez-se notar

1. Demasiadas coisas em questão. Vota-se para o presidente da República, para o Governador do estado, para os deputados a nível nacional, regional e local, para a representação feminina, etc. No Norte do Sudão os boletins são 8, no Sul do Sudão chegam aos 12. Objectivamente, não é um exercício fácil.

2. A pressa. Durante as negociações que conduziram ao CPA, o Norte pediu que a transição durasse 10 anos, o SPLM viu nisso uma táctica de adiamento e obteve 6 anos. Na realidade seis anos não são poucos, mas o problema é que não foram respeitados os tempos das operações que deviam preparar as eleições.

3. Bashir mostrou-se particularmente renhido nesta campanha eleitoral. Do seu lado, teve todo o aparelho do estado, os meios de comunicação e os dinheiros. Percorreu o país de lés a lés, inclusive o Sul. Por toda a parte, grandes manifestações, grandes promessas, inauguração de obras públicas. Em Wau reabriu ao trânsito a linha-férrea, em Renk inaugurou a ligação eléctrica com a central de Damasin. A resposta dos sudistas mostrou-se ambígua: recordam-se muito bem dos males de que Bashir é responsável, todavia, por cálculo político, muitos esperam que com Bashir no poder seja mais fácil chegar ao referendo de Janeiro de 2011. E Bashir mostrou-se generoso: «Respeitarei a vontade popular, mesmo que o Sul escolha a separação. E colaborarei com o novo Estado», prometeu solenemente, perante dezenas de milhar de cidadãos. Obviamente, quando Bashir fala ao Norte, o seu discurso muda. Aos irmãos muçulmanos garantiu que na sharia, a lei islâmica, imposta por Nimeri em 1983, não se toca. E foi muito crítico com o seu concorrente nas eleições, Arman, o qual pelo contrário fala de um estado laico.

Mas a sua posição permanece desconfortável: se for eleito, tem ainda que responder ao Tribunal Criminal Internacional. Neste contexto alguém considerou também a possibilidade de um golpe de estado organizado pelo próprio partido e apoiado pelos seus apoiantes (partido, exército, negociadores, os habituais apoiantes no estrangeiro…) e a ideia seria substituir Bashir, deixando tudo o resto como antes.

A Igreja

Também a Igreja se reanimou. No primeiro Domingo da Quaresma, o Arcebispo de Juba publicou uma carta pastoral sobre o tema das eleições: «Voice of People, Voice of God». Um óptimo instrumento de formação no contexto das eleições.

A 1 de Março o Cardeal Zubeir, Arcebispo de Cartum, organizou um encontro ecuménico de oração e de consciencialização. Uniu-se a ele, Mons. Rudolf Deng, bispo de Wau e presidente da Conferência Episcopal Sudanesa. «Sede prudentes no vosso voto, de modo a conduzir a uma mudança substancial no Sudão», disse o Cardeal. «Informai-vos bem sobre quem são aqueles que elegeis: se elegerdes gente corrupta tornais-vos também vós responsáveis pela corrupção que daí advenha». O Cardeal pôs de sobreaviso os cristãos, para que não se repitam no Sudão as trágicas experiências que acompanharam as últimas eleições no Zimbabué e no Quénia. Foi significativa a presença de outras Igrejas, com destaque para o bispo Jonathan Hamad Kuku da Igreja Nacional Luterana e pastores de outras denominações. Foi igualmente significativa a presença de personalidades políticas de topo. Entre estas, Abel Alier presidente da Comissão Eleitoral Nacional. Também ele, como o Cardeal, explicou o que está em jogo e convidou os cidadãos a informar-se sobre os candidatos e sobre os seus programas, e a sentir-se, com o seu voto, responsáveis pelo futuro do país. Foi um momento intenso, vivido na serenidade e na esperança.

Assinalamos também o discurso que o Papa fez aos bispos sudaneses na conclusão da visita ad limina, a 13 de Março de 2010. O Papa está consciente do momento que o Sudão está a viver, não esconde os problemas, mas destaca mais o positivo. Convida à vigilância e ao empenho, especialmente no campo da formação dos líderes a todos os níveis e diz claramente que a Igreja espera que os leigos «dêem um testemunho convincente de Jesus Cristo, em todos os aspectos, desde a família à vida social e à política».

Das eleições espera-se possíveis tensões e o convite dirigido de diversas partes às igrejas é de que estejam presentes e activas e façam obra construtiva.

O tema das eleições foi objecto de debates e encontros de oração, um pouco por todas a comunidades cristãs, católicas e não católicas. As comunidades, a todos os níveis, tomaram a peito o tema das eleições, encorajando as pessoas a inscrever-se e a informar-se com seminários, workshop e encontros de oração. Há quem diga que acordámos um pouco tarde, mas falando com as pessoas da rua fica-se com a impressão de que debatem o tema mais do que se julga. Certamente, aqui e ali houve exageros como a ameaça de encerramento da rádio Bakhita em Juba a 13 de Março. Mas estes factos não deveriam escandalizar excessivamente, se pensarmos que estamos perante um exercício de liberdade nunca antes realizado. Por isso, até os responsáveis têm de algum modo que inventar tudo. Temos bons motivos para esperar.

EGIPTO

Acidente

Segunda-feira, 8 de Fevereiro, o P. Cosmo Vittorio Spadavecchia, delegado do Egipto, foi investido por um pequeno autocarro e fracturou um tornozelo. No dia seguinte o P. Cosmo foi operado e está a restabelecer-se pouco a pouco.

Primeiro Congresso bíblico

Dia 26 de Fevereiro em Zamalek, na casa de S. José, foi organizado pela primeira vez o Congresso Bíblico. Este permitiu às pessoas de todas as idades e nacionalidades e às igrejas no Cairo a possibilidade de se encontrar e debater sobre o tema «A mensagem de Paulo aos cristãos no Egipto». As sessões foram organizadas em árabe, inglês, italiano, francês e espanhol para incluir mais gente possível. Entre os relatores tivemos um bispo copta, um pastor luterano, um presbiteriano e membros da faculdade da escola católica local de teologia. O acontecimento deseja tornar-se num encontro anual para promover a instrução, o ecumenismo e o diálogo interreligioso.

EQUADOR

Acompanhando o povo afro na América

Em Guayaquil, de 1 a 6 de Março, realizou-se na casa de acolhimento «Schoenstatt» o primeiro encontro continental de Combonianos empenhados na pastoral afro. No encontro participaram 22 Combonianos e Combonianas chegados do Brasil, Colômbia, Equador e México. Neste encontro, para o qual se teve a preciosa colaboração dos missionários afro de Guayaquil e de outras pessoas, pudemos tomar consciência dos desafios que o povo afro tem de enfrentar mas também das novas possibilidades no seio da sociedade e da Igreja. Entre os participantes encontravam-se o Ir. Daniel Giusti, do Conselho Geral, e Mons. Eugenio Arellano Fernández, Bispo de Esmeraldas.

Todos os participantes sublinharam que com este encontro se pretende dar maior impulso à pastoral afro que, como o recente Capítulo Geral confirmou, é uma prioridade do continente. Como Combonianos, sentimo--nos impelidos a ser solidários com o povo afro, tornando-nos seus aliados na busca de uma vida mais plena.

Neste encontro, foi seguido o método do ver-julgar-agir. Partindo da realidade social, política e económica do povo afro-americano e iluminados pela Palavra de Deus, pelo Magistério da Igreja e pelos Documentos Capitulares de 2009, chegámos a algumas linhas de acção comuns que andam à volta de seis pontos principais: 1. Instituto comboniano; 2. Formação; 3. Papel essencial dos leigos afro; 4. Teologia e espiritualidade; 5. Rede de comunicação entre províncias; 6. Acompanhamento da realidade social.

O encontro foi marcado pela liturgia preparada pelo grupo dos Missionários Leigos Afro-equatorianos de Guayaquil que com os cânticos e a simbologia permitiu aos participantes penetrar na espiritualidade afro-equatoriana.

Dois missionários afro – Nieves Méndez e Bernardo Nazareno – intervieram falando do leigo afro como discípulo e missionário: todos reconhecemos que o protagonismo dos leigos é uma das prioridades e urgências da nossa pastoral e, mais em geral, da vida da Igreja.

Particularmente significativa foi a participação de Mons. Guido Ivan Minda Chalá, novo bispo auxiliar de Guayaquil e primeiro bispo afro do Equador, que expressou toda a sua gratidão por ter podido tomar parte no encontro e aprender – são palavras suas – com a experiência dos Combonianos.

O encontro foi enriquecido não só pelas intervenções «oficiais», mas também pelos contactos com várias comunidades e experiências pastorais diversificadas.

Nas noites de segunda e terça, foram apresentadas duas iniciativas da pastoral juvenil afro. Na segunda, o jovem Cesar Salazar falou-nos da missão através dos media e apresentou o vídeo «Entre luta e esperança: a situação laboral do povo afro de Guayaquil», de que é autor. Cesar sublinhou como é importante que os jovens afro sensibilizem a sociedade sobre as situações de injustiça e discriminação que o povo afro ainda sofre e, ao mesmo tempo, falou do exemplo de muitos afro que – lutando e preparando-se seriamente – conseguiram emancipar-se.

Na noite de quarta visitámos a comunidade afro de Malvinas. Na igreja do Bom Pastor, a Ir. Ayda Orobio – afro-colombiana – fez uma intervenção, muito apreciada, sobre a mulher e a família afro. Entre outras coisas, a Ir. Ayda sublinhou que a violência sexual é a forma mais humilhante de escravidão, salientando também que em todos os países o processo de etno-desenvolvimento afro está na mão das mulheres.

Quinta-feira, fomos a Nobol e Daule. Foi emocionante a celebração da Missa – presidida por Mons. Arellano – aos pés do Cristo negro de Daule, que nos fala de um Deus que assume a mesma cor de pele dos oprimidos e é solidário com eles. Juan Carlos Rosero, missionário leigo afro, explicou como o povo afro de Guayaquil redescobriu a importância do Cristo de Daule e cantou a canção por ele composta há alguns anos sobre o Cristo afro-americano.

Na noite de quinta-feira participámos num debate sobre o tema «Cultura afro-americana, Igreja e sociedade». Entre os relatores, encontravam-se Mons. Arellano, Mons. Minda, P. José Joaquim Luís Pedro e o economista Uriel Castillo, da Universidade Católica de Guayaquil.

Sexta-feira foi dedicada aos trabalhos de grupo. Foi proposto formar uma equipe de coordenação da pastoral afro comboniana, a nível continental, cuja principal tarefa será activar uma rede entre as diversas províncias, para um maior conhecimento recíproco, para intercambiar o rico material que já possuímos e colocá-lo à disposição da Igreja, do povo afro e das universidades.

Sexta-feira à noite, Catherine Chalá apresentou a Enciclopedia del Saber Afroecuadoriano que suscitou grande interesse da parte de todos os participantes.

O encontro terminou sábado com a inauguração oficial da sede renovada do Centro Afro. Depois da Missa, celebrada por Mons. Minda, seguiu-se a bênção da casa e um espectáculo musical no qual tomou parte um grupo de músicos de marimba «Karibu» e vários grupos de música rap.

O provincial, P. Claudio Zendron, disse que, ao renovar a sede do Centro Afro, os Combonianos quiseram sublinhar que a pastoral afro constitui uma prioridade importantíssima da nossa actividade de evangelização. Todos os presentes ficaram muito satisfeitos porque, com este acontecimento, tiveram oportunidade de rever muitos combonianos que trabalharam com o povo afro desta cidade.

ERITREIA

Assembleia da Delegação

A Assembleia da Delegação da Eritreia teve lugar em Asmara de 16 a 18 de Março, com a participação de todos os membros e noviços da Delegação. Os escolásticos estavam representados por dois deles nas sessões da tarde, mas no último dia estiveram todos presentes. A assembleia foi precedida pela festa de aniversário de nascimento de Comboni, celebrada por toda a família comboniana na capela das Irmãs de Casa Comboni.

O secretariado para a evangelização e para a formação permanente tinha enviado atempadamente às comunidades o programa e o horário, convidando os confrades a estudar individualmente e comunitariamente o documento.

O delegado ao Capítulo apresentou uma visão de conjunto do Capítulo Geral e outras informações importantes sobre os Documentos Capitulares 2009 para nos ajudar na reflexão e no estudo do documento. A assembleia analisou todos os temas propostos pelos Documentos Capitulares, questionando-nos acerca do que estes desafios poderiam significar para a nossa delegação e para a difícil situação do nosso país.

Uma reflexão particular foi feita acerca da supressão da comunidade/missão de Fode e sobre a nossa possível futura presença em Gash Barka. Uma comissão de investigação tinha sido escolhida pelo Conselho de Delegação para estudar a proposta do bispo da Eparquia de Barentu. A comissão apresentou uma relação escrita à assembleia que debateu longamente as várias questões e as suas implicações, apresentando a sua conclusão. O Conselho de Delegação tomará em consideração as propostas e chegará a uma decisão depois de ter dialogado com o Conselho Geral.

A assembleia terminou com a celebração eucarística presidida pelo P. Aristide Guerra, o confrade mais idoso e o único não-eritreu da Delegação. Todos apreciamos a sua presença entre nós porque, depois de 58 anos passados neste país, conhece melhor que ninguém a história da nossa Delegação.

ESPANHA

Encontro de Antropologia e Missão

A revista Mundo Negro organizou, de 20 a 21 de Março em Madrid, o XXII Encontro de Antropologia e Missão sobre o tema «Diálogo cristão-muçulmano» intitulado «Em nome do mesmo Deus». No decurso do encontro, foi entregue o Prémio Mundo Negro à Fraternidade 2009 a Mons. Paul Kouassivi Vieira, bispo de Djougou (Benin).

A conferência inaugural foi feita por José Luís Sánchez Nogales, docente de Filosofia da Religião na Faculdade de Teologia de Granada, sobre «Conceitos chave do Islão». Com base na sua experiência de professor, apresentou alguns elementos para compreender quatro conceitos fundamentais do Islão: Mahoma, Islão, Corão e Sharia.

Sobre a situação do diálogo eslamo-cristão, o P. Miguel Ángel Ayuso Guixot, Comboniano e reitor do Instituto Pontifício de Estudos Árabes e Islamistica (PISAI), fez um balanço abrindo horizontes sobre perspectivas futuras.

As frequentes reuniões e encontros para tornar possível este diálogo conduziram a algumas apreciações.

Observa-se algum desequilíbrio nos participantes nestes encontros. De facto, enquanto os representantes cristãos conhecem bem o islamismo, os muçulmanos que participam ignoram em grande parte os fundamentos da religião cristã. E acerca dos conteúdos, as dificuldades a ultrapassar dizem respeito ao reconhecimento daquilo que é património do cristianismo e a necessidade de se desvincular das conotações políticas com as quais a religião islâmica se apresenta. Por estes motivos, as decisões que poderiam ser tomadas nestes encontros não são suficientemente concretas e, por conseguinte, os esforços para o diálogo carecem de continuidade.

O momento culminante do encontro foi o testemunho de Mons. Kouassivi que não pôde estar presente pessoalmente porque os médicos não lhe permitiram viajar. Assim foi o Comboniano, P. Juan José Tenías Fenollé, a receber o prémio em nome dele. Mons. Kouassivi é um muçulmano convertido ao cristianismo e conhece a fundo as relações entre as duas religiões. Em Djougou, ao lado das 100 mesquitas há apenas duas igrejas católicas para os 3% da população. Eis o seu testemunho: «Diálogo e caridade, sim, em nome da minha fé cristã; mas nunca apostasia ou abdicação. Não à violência, mas também ao silêncio culpável e à submissão por medo». Depois, quase como que a indicar as etapas de uma estratégia, deu algumas indicações: conservar o valor da própria fé cristã, vivê-la e mostrá-la sem medo nem ostentação. Viver a caridade cristã sem exclusões e praticá-la também face aos nossos irmãos muçulmanos. Rezar pelos nossos irmãos muçulmanos sem necessariamente pedir a sua conversão, porque esta frequentemente pressupõe um longo caminho que cada um encontra na sua condição concreta. Rezando pelos muçulmanos confio que Deus actua e saberá conduzi-los à Verdade de Jesus Cristo no melhor dos modos. É preciso paciência, é preciso determinação e convicções evangélicas profundas».

ITÁLIA

Assembleia dos Superiores

Nos dias 23 e 24 de Janeiro de 2010, a casa de Pesaro recebeu os superiores das 23 comunidades da Província Italiana, juntamente com os conselheiros e os secretários provinciais, para um tempo de reflexão a partir das conclusões do Capítulo 2009 e na perspectiva de preparar a próxima Programação Sexenal. O provincial, P. Corrado Masini introduziu os trabalhos convidando a viver a assembleia como ocasião de comunhão e de corresponsabilidade, para reavivar o espírito de fraternidade e missionariedade em todas as realidades da Província.

O primeiro dia foi dedicado ao Capítulo e foi animado pela presença do P. Enrique Sánchez González, Superior Geral, e do P. Alberto Pelucchi, assistente geral. O primeiro partilhou as suas reflexões sobre o Capítulo, pondo em evidência algumas das suas características (em particular a internacionalidade) e recordando os seus desafios e prioridades. O P. Pelucchi falou do contributo das Províncias Europeias e das propostas e orientações do Capítulo em relação à Europa; depois introduziu um trabalho de grupos indicando três temas de debate: a internacionalização do pessoal das províncias, a nossa presença missionária na Europa e a validade das nossas estruturas actuais.

O segundo dia quis oferecer uma visão da realidade da província, a partir das relações dos vários secretariados e comissões, permitindo aos participantes informar-se, esclarecer as suas dúvidas e expressar a sua opinião sobre a vida da Província.

Apesar do tempo limitado, o encontro foi denso e permitiu crescer no conhecimento recíproco e no sentido de pertença à Província. Esta começa agora o processo de preparação da Programação Sexenal com um questionário que foi enviado aos confrades e às comunidades para estimular a reflexão e suscitar contributos e propostas.

Limone: Domenica Pace e Luigi Comboni no Teseul

«Honra teu pai e tua mãe: encontrarás a alegria e serás ouvido no dia da tua oração», diz Ben Sira (3,5). Os restos mortais de Domenica Pace (1801-1858) e Luigi Comboni (1803-1893) foram confiados aos filhos de Comboni. E nós respeitamo-los com aquele espírito de piedade filial que o próprio Daniel teria pelos pais que tanto amou em vida. A 15 de Março de 1973 os seus ossos eram transladados do cemitério da aldeia para «voltar a casa» no Teseul, não mais vazio mas ocupado desde há alguns anos pelos discípulos do seu filho privilegiado, Daniel.

A 12 de Fevereiro de 1996, em preparação para a beatificação, a urna que continha os poucos fragmentos das relíquias de Comboni é levada em procissão da igreja paroquial para Teseul. Estas poucas relíquias foram distribuídas por várias localidades e na urna que ficou vazia foram depositados os restos mortais dos pais. O trabalho de modernização do itinerário comboniano (Museu), recentemente concluído, tornou necessária a deslocação da sua colocação.

Decidimos que o lugar mais adequado devia ser ao lado da capela da «Casa Natal» onde é venerado São Daniel. A sacristia adjacente foi remodelada para a sua nova função de guarda de algo muito «precioso».

Os peregrinos, depois de rezar a São Daniel, podem agora prosseguir o seu percurso orientados por um nexo de continuidade que as linhas arquitectónicas e as cores sugerem. Podem assim, na simbologia «latente» de uma árvore, venerar a raiz (urna que contém os restos mortais dos pais), o fruto (vitrina que guarda as recordações de São Daniel a nós mais queridas), e a ramificação (breve alusão à família dos Combonianos que se propaga no mundo) da grande «aventura» comboniana. Uma «árvore plantada à beira da água corrente» (Salmo 1,3) que continua a dar frutos para o Reino de Deus.

A inauguração ocorreu a 15 de Março na presença de uma trintena de Combonianas e Combonianos que começavam precisamente nessa tarde um curso de Exercícios sobre «o mistério de Cristo no rosto de Comboni», orientado pelo antigo Superior Geral, P. Teresino Serra. A Missa foi oferecida por todos os pais defuntos das Combonianas e dos Combonianos, a começar precisamente por Domenica e Luigi Comboni que nos precederam no sinal da fé.

PERU-CHILE

Encontro continental de PV e FB

De 22 a 28 de Fevereiro, representantes de todas as províncias da América e da Ásia reuniram-se no noviciado de Sahuayo (México) para tomar parte num encontro extraordinário sobre a formação. Orientaram a reflexão o P. John Baptist Keraryo Opargiw, secretário geral da formação, e três provinciais: o P. Rafael González Ponce (M), o P. Leonardo Leandro Araya (DCA) e o P. Rogelio Bustos Juárez (Pe-Ch), coordenador continental.

O encontro procurou responder à proposta surgida no contexto do recente Capítulo Geral, que nos pedia a implementação das decisões relativas aos sectores da Formação de Base e da Promoção Vocacional. Com a ajuda do P. Siro Stocchetti (ACFP) detivemo-nos sobre o «Modelo educativo da integração» e debatemos sobre as orientações do XVII Capítulo Geral acerca da Formação de Base e da possibilidade de propor um esquema continental para os estatutos operativos relativos à promoção vocacional e à formação nas diversas etapas, no respeito de cada contexto e da gradualidade e continuidade do itinerário previsto pelo Instituto. Agradecemos à província do México pela recepção calorosa e fraterna que nos reservou durante este encontro.

Terramoto no Chile

Estávamos a concluir o encontro continental, ainda com o terramoto do Haiti presente na nossa mente, quando soubemos do forte sismo que no passado 27 de Fevereiro atingiu o Chile, com epicentro na zona de Concepción. Pelas imagens pudemos ver os enormes prejuízos causados pelo terramoto e pelo tsunami que logo depois se abateu sobre algumas destas zonas. Logo que foi possível, entrámos em contacto com os confrades de Santiago e com os familiares dos Combonianos chilenos. Os confrades estão bem e não houve vítimas, apesar de a casa ter sofrido alguns prejuízos. Agradecemos pelas manifestações de preocupação e de solidariedade que recebemos.

QUÉNIA

Assembleia provincial

A assembleia provincial que se realizou em Nairobi de 8 a 12 de Fevereiro de 2010, empenhou os confrades no estudo e na contextualização no Quénia dos Documentos Capitulares, identificando os desafios e os modos para os enfrentar. Iniciou com uma manhã dedicada à oração e à reflexão sob a orientação do P. John Ikundu, o representante do Quénia ao Capítulo. De tarde, o provincial apresentou a sua relação sobre o estado da província.

O trabalho foi organizado por grupos formados pelas comunidades das várias zonas: Turkana, Pokot, Marsabit, Nairobi pastoral, Nairobi animação missionária e formação, mas a avaliação final foi feita em assembleia plenária. Em geral, a província mostra-se viva, activa e criativa no campo da evangelização. As perturbações que marcaram a vida da população nos anos passados não tiveram qualquer impacto negativo sobre os compromissos pastorais, visto que ninguém se sentiu ameaçado ou obrigado a deixar o país. A dolorosa experiência da crise levou os confrades a programar mais seminários para debater os actuais problemas socio-políticos e religiosos, de modo a não se sentirem desprevenidos perante o desenvolvimento dos acontecimentos. 

Relativamente à liderança, questionámo-nos sobre o tipo de provincial que tínhamos em mente para os próximos seis anos. Depois de uma lista de qualidades verdadeiramente impossível de se achar numa pessoa só, foi também sugerido que se escolhesse um confrade do Quénia. Os Documentos Capitulares convidam a adoptar um «estilo de vida» mais consentâneo com o da população. Foram sugeridas várias propostas práticas que vão desde um maior conhecimento e estima da gente, da língua e dos costumes do lugar até a um uso mais evangélico dos meios à nossa disposição, com a excepção de não cair na armadilha de tomar «a pobreza» como uma ideologia. «O nosso estilo de vida deveria ser orientada a mostrar às pessoas como melhorar a sua vida, pondo de parte a ideia das “super-potências” (não somos “fornecedores”), mostrando-lhes como utilizar melhor os meios à disposição e dando sinais claros de grande empenho no trabalho». A imagem do Bom Samaritano poderia ser uma fonte de inspiração.

Foram debatidos os temas da identidade e da espiritualidade, a requalificação dos compromissos (no sentido de manter apenas os que respondem estritamente ao carisma comboniano) e o fundo comum total (que foi aceite).

UGANDA

Centenário da chegada dos primeiros Missionários Combonianos

A 20 de Março de 2010, a Igreja no West Nile celebrou o centenário (1910-2010) da chegada dos primeiros Missionários Combonianos ao Norte do Uganda. Era o início da evangelização que produziu abundantes frutos pela resposta e colaboração da população local. Os primeiros Combonianos chegados a Omach, nas margens do Nilo, foram Mons. Franz Xaver Geyer, P. Albino Colombaroli, P. Pasquale Crazzolara, P. Luigi Cordone, Ir. Clement Schroer e Ir. Benedict Sighele.

Para a ocasião do centenário, chegaram de Roma o assistente geral, P. Alberto Pelucchi, e o secretário geral da formação, P. John Baptist Keraryo. Uma grande multidão acorreu à celebração, na qual tomaram parte muitos sacerdotes locais e religiosos, Combonianos e Combonianas, o Núncio Apostólico Mons. Paul Tschang In-Nam, Mons. Martin Luluga de Nebbi, Mons. John Baptist Odama de Gulu, Mons. Henry A. Ssentongo de Moroto, Mons. Giuseppe Franzelli de Lira, Mons. Frederick Drandua, bispo emérito de Arua, Mons. Sabino Ocan Odoki, administrador apostólico de Arua, o presidente do Uganda Yoweri K. Museveni, o ministro Fred Jachan Omach e muitas outras personalidades políticas e do mundo da cultura.

Esta celebração constitui um importante rito africano de passagem para uma Igreja local verdadeiramente madura, adulta e plenamente responsável do seu próprio destino.

Rezemos pelos nossos defuntos

*   O PAI: José María, do Ir. Alberto Lamana Cónsola (SS).

*   A MÃE: Micaela, do P. Ramón Eguiluz Eguiluz (E).

*   O IRMÃO: Antonio (Dezembro 2009), do P. Tarcisio Marin (PE); Manuel, do P. Martinho Lopes Moura (BS); Maurice, do P. Donatien Kokou Atitse (ET); Marco, do P. Mario Piotti (†).

*   AS IRMÃS MISSIONÁRIAS COMBONIANAS: Ir. Camillina Gilli; Ir. Lina Luisa Cappoli.