In Pace Christi

O P. Giovanni Marengoni nasceu em Trezzano Rosa, província de Milão, em 1922. Fez o noviciado em Venegono onde emitiu os primeiros votos em 1940. Completou o escolasticado entre Verona, Roma, Rebbio e de novo Roma, onde fez também um curso de especialização. Foi ordenado sacerdote em 1946 e depois trabalhou como formador e professor no Seminário de Rebbio. Em 1951 foi mandado para a Inglaterra para estudar inglês em preparação para a missão no Sul do Sudão, onde trabalhará durante 12 anos (1952-1964): nas missões de Rejaf e Kadulé e depois em Okaru, como Reitor do Seminário. Após um ano como superior do scolasticado de Venegono na Itália, parte para o Uganda, onde trabalha durante três anos na paróquia da catedral de Gulu e a partir de 1968 durante treze anos em Moroto, primeiro como formador e depois como Superior Geral dos Apóstolos de Jesus. O P. Giovanni continuou neste cargo (1978-1983) mesmo quando o Instituto foi transferido para Nairobi (Langata) no Quénia. No Uganda e no Quénia a sua vida foi gasta praticamente no desenvolvimento dos três Institutos: os Apóstolos de Jesus (Apostles of Jesus), as Irmãs para a Evangelização (Evangelising Sisters) e os Evangelizadores Contemplativos (Contemplative Evangelisers).

Exceptuando o ano sabático em Roma (1985-1986), o P. Giovanni viveu durante dezasseis anos em Rongai no Quénia (1988-2004). Após um ano de tratamento em Milão, regressou à residência provincial de Nairobi. Em Novembro de 2006 foi internado no C.A.A. de Milão, onde a 27 de Julho de 2007 faleceu aos 85 anos de idade.

Escrever alguma coisa sobre o P. Giovanni não é fácil. Encontramo-nos perante uma pessoa de estatura fora do comum. Na sua personalidade havia uma múltipla variedade de matizes que muitas vezes se contradiziam. O P. Giovanni tinha o carisma de fundador e de formador de pessoas consagradas (sacerdócio e vida religiosa). Falarei em particular destas duas dimensões.

Em 1968 funda em Moroto (Uganda) a Pia Associação dos Apóstolos de Jesus aprovada pelo bispo Dom Sisto Mazzoldi, então Ordinário da diocese de Moroto. Em 1986 em Rongai, diocese de Nakuru, Quénia, funda a Pia Associação dos Contemplativos Evangelizadores do Coração de Cristo. Associação de vida de semi-clausura. O Bispo Raffaele Ndingi, então Ordinário da diocese de Nakuru, emitiu o decreto de erecção da dita Associação para a sua diocese. O P. Giovanni teria desejado iniciar também a Pia Associação das Irmãs Contemplativas do Coração de Cristo, mas, dada a idade avançada, os seus superiores dissuadiram-no de iniciar tal associação. O P. Giovanni deve ser considerado de pleno direito co-fundador com o Bispo Sisto Mazzoldi das Irmãs Evangelizadoras de Maria, cujas Regras o P. Giovanni escreveu e as quais ajudou durante muitos anos no seu crescimento religioso, espiritual e missionário.

Aquilo que mais fez sofrer o P. Giovanni no seu trabalho de fundador foi o facto de, em muitas ocasiões, não se sentir apoiado pelos seus directos colaboradores e superiores, dos quais teria esperado maior compreensão. As poucas vezes que o ouvi falar deste seu sofrimento procurou sempre desculpar as intenções de quem o fazia sofrer e terminava sempre a conversa dizendo: «sabe-se lá quantos méritos esse tal adquiriu diante de Deus». Pelo carisma que o P. Giovanni procurou transmitir aos três grupos acima indicados percebe-se o zelo missionário que animava a sua vida.

Quando estava livre dos seus compromissos de fundador, prestava-se de boa vontade ao apostolado directo nas paróquias e noutros Institutos religiosos, orientando retiros, exercícios espirituais, cursos de formação espiritual, conferências, celebração dos sacramentos, etc. A sua pregação era muito apreciada porque animada por uma profunda fé e uma vasta preparação teológica e espiritual. Quem conviveu com ele durante muitos anos pode testemunhar que durante a preparação de uma pregação com alguma consistência, o P. Giovanni passava durante muitas noites longo tempo em adoração diante do sacrário.

Como formador, o P. Giovanni não escondia a sua preferência pelos sistemas educativos do passado, legitimados pela experiência dos santos. Não se deixava mover facilmente pelos sistemas que com muitas bonitas palavras levam a pouco ou a quase nada. Inculcava o espírito de oração, a vida de sacrifício e a fidelidade aos compromissos religiosos com as frequentes conferências que fazia aos seus candidatos, mas ensinava sobretudo com a sua vida concreta de cada dia. Pedia aos outros aquilo que ele já praticava.

Perante insucessos da vida humana dos seus candidatos era muito compreensivo e justificava este seu modo de reagir dizendo que o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Exercia com grande responsabilidade o seu papel de superior quando era ele o responsável, mas no ambiente em que não se sentia investido de tal responsabilidade sabia falar agradavelmente e entreter os presentes com interessantes conversas.
(P. Pasinetti Carlo)