Noticiário mensal dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus
DIRECÇÃO-GERAL
Nomeações e destinações na comunidade da Cúria
O P. Arnaldo Baritussio, ao mesmo tempo que continua como postulador geral, é nomeado procurador-geral junto da Santa Sé a partir de 1 de Outubro de 2005. Substitui o P. Romeo Ballan, que no final de Julho terminou o seu compromisso com o CIAM e foi destinado à Itália a partir de 1 de Julho, mas continuará como Procurador-geral até ao fim de Setembro deste ano.
O P. Michele Sardella, ao mesmo tempo que continua a ser o secretário pessoal do Superior Geral, a partir de 1 de Outubro de 2005 é nomeado bibliotecário da Cúria no lugar do P. Mario Salvatore Cisternino que foi destinado à Itália a partir de 1 de Julho de 2005.
O Ir. Guerrino Baldo foi destinado à Itália a partir de 1 de Julho de 2005. Substitui-o o Ir. Domenico Cariolato.
O P. Gian Paolo Bandera, membro da província italiana, mas durante um ano assistente do arquivista geral, em Julho retirou-se para a casa de Rebbio.
O P. Fidel González Fernández no fim de Julho terminou o seu cargo de reitor do Pontifício Colégio Urbano. Destinado à Itália a partir de 1 de Julho de 2005, reside em S. Pancrazio e continua como professor na Urbaniana e na Gregoriana e como consultor da Congregação da Causa dos Santos.
O P. Fernando Domingues, a partir de 1 de Agosto de 2005 foi nomeado reitor do Pontifício Colégio Urbano, onde reside, embora pertencendo à comunidade da Cúria.
O P. Luciano Benetazzo, que a 31 de Julho concluiu o seu mandato de director do Colégio Missionário Mater Ecclesiae da Congregação para a Evangelização dos Povos em Castelo Gandolfo, é nomeado superior da comunidade de Paris a partir de 1 de Setembro de 2005.
Vai um sentido agradecimento para todos os confrades que deixam a comunidade da Cúria, pelo trabalho que desenvolveram nos últimos anos a favor do Instituto e da Igreja. Desejamos-lhes bênçãos e graças para o futuro.
Calorosas boas-vindas aos confrades chegados recentemente à comunidade da Cúria e felicidades aos novos nomeados para os diversos cargos.
Novo Bispo
O Santo Padre nomeou o P. Camillo Ballin, MCCJ, Vigário Apostólico de Kuwait (superfície: 17.900; população: 2.650.000; católicos: 158.500; sacerdotes: 10; religiosos: 13; diáconos permanentes: 1), no Kuwait.
O Bispo eleito, até agora Director do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos «Dar Comboni» no Cairo (Egipto), nasceu em Fontaniva (Pádua) em 1944, emitiu a profissão perpétua em 1968 e foi ordenado sacerdote em 1969.
O Bispo Camillo Ballin sucede ao Bispo Francis Micallef, OCD, do qual o Santo Padre aceitou a renúncia do governo pastoral do mesmo Vicariato Apostólico, apresentada por ter atingido o limite de idade».
(Cidade do Vaticano, 14 de Julho de 2005 - VIS)
D. Ballin foi ordenado bispo a 2 de Setembro em Kuwait City.
Secretário-geral: Anuário Comboniano 2005
Espera-se que, até finais de Agosto, todos os provinciais e delegados tenham recebido os exemplares impressos do Anuário Comboniano 2005. Certifiquem-se que cada confrade (inclusive os de votos temporários) tenha recebido um exemplar.
A 27 de Julho foram enviados aos provinciais, aos delegados e aos vários confrades, via e-mail, duas versões (uma zipada e outra em DPF) do Anuário Comboniano 2005, abreviado (sem mapas geográficos), e actualizado a 1 de Julho de 2005. Se algum provincial não as recebeu, informe imediatamente o secretário-geral.
Os confrades que desejem uma ou as duas versões electrónicas do Anuário 2005 solicitem-nas aos seus provinciais ou delegados, que poderão enviá-las via e-mail ou copiá-las em disquete e CD.
Mais uma vez, cada confrade é vivamente convidado a verificar o Anuário Comboniano 2005, especialmente os dados que lhe dizem respeito e sobretudo os endereços da família. Eventuais correcções, actualizações e sugestões de aperfeiçoamento devem ser enviadas ao secretário-geral pela via mais rápida.
Secretariado-geral para a Evangelização
Preparação dos animadores para a Ratio Missionis
De 25 a 29 de Julho foi realizado, na casa provincial de Nairobi, o encontro com os animadores das províncias e delegações africanas de língua inglesa. Estavam presentes: o P. Sebhatleab Ayele Tesemma (delegado responsável da evangelização para a África anglófona), o P. Anton Schneider e o P. Fernando Zolli (animadores), o P. Rinaldo Ronzani (KE), o P. Rafael Rico Hernández (KE), o P. Ivo Martins do Vale (ET), o P. Nicola Di Iorio (ET), o P. Edward Kanyike Mayanja (MZ), o P. Tiziano Laurenti (MZ), o P. Elia Pampaloni (U), o P. Günther Ludwig Hofmann (RSA), o
P. Andrew Wanjohi Thumbi (RSA), o P. Guillermo Aguiñaga Pantoja (SS), o P. Luis Alfredo Estrada Meza (SS), o P. Joseph Okello Yala (SS), o
P. Norberto Stonfer (KH), o P. Simon Mbuthia Mwaura (EG), o P. Mussie Abraham Keflezghi (ER). Por causa de uma greve de aviação, esteve ausente o representante da província de Moçambique.
O encontro foi vivido com muita intensidade por todos os participantes, os quais tomaram maior consciência da necessidade do percurso e do seu papel de animação nas respectivas províncias e delegações para a preparação da Ratio Missionis. Foi sublinhado várias vezes que nesta primeira fase do caminho somos chamados a pôr em destaque o nosso ser e o nosso agir missionário; após o Inter-capitular, virá a fase da avaliação e do discernimento para nos podermos projectar no futuro.
O workshop, num clima de grande fraternidade e espontaneidade, pôs em evidência a riqueza da experiência missionária do Instituto, inserido no trabalho dos quatro continentes. A Ratio Missionis deverá tomar em consideração a nossa tradição e inspirar-se no exemplo de tantos confrades, Padres e Irmãos, que levaram por diante a missão comboniana na história. Ao mesmo tempo, o workshop localizou algumas das questões fulcrais que não nos permitem enfrentar os desafios da missão hoje no mundo cada vez mais globalizado, como por exemplo a falta de programação e de continuidade no nosso trabalho missionário, a impermeabilidade a cada estímulo de renovação, a dificuldade de viver e agir em comunidades cada vez mais internacionais e inter-culturais, o uso do dinheiro como meio para realizar projectos pessoais em vez de projectos comunitários e de circunscrição. Todos os participantes, ajudados pelas comissões provinciais e de delegação, animarão o trabalho e reunirão material a enviar ao Secretariado-geral da Evangelização. Por fim, foi programada a assembleia continental anglófona, que terá lugar em Campala de 1 a 6 de Maio de 2006, para a avaliação do trabalho e dos contributos continentais para o primeiro esboço da Ratio Missionis.
Secretariado-geral da Formação
Assembleia dos formadores dos noviciados, escolasticados e C.I.F.
De 10 a 30 de Julho, realizou-se em Palência, Espanha, a assembleia dos formadores dos noviciados, escolasticados e C.I.F. Esta segue, após seis anos, a assembleia de Pesaro, em 1999. Participaram 41 confrades (15 formadores dos noviciados, 15 dos escolasticados, quatro dos C.I.F., dois representantes dos superiores provinciais, dois dos Irmãos, e alguns membros da Direcção Geral). Durante três semanas viveram-se, em clima de fraternidade e de partilha, três etapas importantes:
A primeira etapa foi dedicada à Formação Permanente em linha com o Instituto (Capitulo 2003) e a Igreja (Vida Consagrada), com a presença do Superior Geral e dos outros confrades que procuraram animar as várias jornadas.
Desde o início, e com a ajuda do P. Teresino Serra, confrontamo-nos com uma realidade interessante mas difícil, densa de complexidade e de seriedade. Com extrema clareza, linguagem franca, directa e sem meios--termos, o P. Teresino expôs a sua análise da realidade formativa comboniana e da vida do Instituto e convidou-nos a localizar o «calcanhar de Aquiles», isto é, o ponto fraco do nosso caminho formativo, e portanto os factores que impedem – e têm impedido – um caminho frutuoso na preparação para a Missão e doação de si para sempre.
A segunda etapa foi dedicada à verificação e à avaliação do caminho efectuado nos últimos seis anos, tendo como pontos de referência a assembleia de Pesaro em 1999 e o documento de balnaço da formação (2001). Cada comunidade formativa apresentou o seu relatório com a riqueza do vivido quotidiano e as numerosas problemáticas abertas, que requerem novos caminhos.
A terceira etapa consistiu num tempo forte de reflexão para chegar a propostas novas e significativas, sobretudo concretas, para o caminho dos próximos anos.
O «calcanhar de Aquiles», ou o ponto fraco do sistema formativo comboniano, apareceu-nos bastante claro:
Estamos conscientes de uma considerável falta de «exigência» em todas as diversas etapas, no acompanhamento e no discernimento.
A interiorização dos valores não alcança o coração nem a vida das pessoas.
Estamos perante uma dicotomia, uma fractura entre linguagem e vida.
A gradualidade na continuidade do caminho formativo não se realiza ou custa a dar fruto.
As próprias estruturas, e não só as materiais, as programações, as passagens de uma etapa à outra, têm de ser repensadas para conseguir novas respostas ao hoje da nossa história.
Formação e missão não exprimem unidade na vida das pessoas: sentimos necessidade de um caminho de conjunto graças ao qual o crescimento humano, cristão e comboniano encontre na missão o seu lugar «natural» para ascender a uma identidade clara e madura.
Nós próprios, formadores, sentimos a urgência de cuidar mais a nossa formação, para que a nossa vida seja o primeiro testemunho, expressão de doação pessoal, para os jovens em caminhada.
Daí que, as propostas formuladas durante a assembleia e elaboradas com coragem por todos os formadores procuram ser uma resposta actual, sincera e concreta para um novo caminho formativo no Instituto Comboniano.
Algumas delas, em modo particular, são confiadas ao Conselho Geral, para que, através de um ulterior discernimento, possam ser avaliadas em vista da sua rápida actualização.
As conclusões da assembleia podem ser lidas no sítio comboniano, www.comboni.org, área reservada, secção do secretariado da formação.
Um obrigado sincero à província de Espanha e à comunidade comboniana de Palência pelo acolhimento e a generosa atenção para que tudo pudesse funcionar pelo melhor.
Especializações
Obtiveram a licenciatura em «Arabic and Islamic Studies», magna cum laude, no Pontifício Instituto de Studi Arabi e de Islamistica (P.I.S.A.I.) os seguintes confrades:
O P. Antonio Núñez Baldenebro: «Arabic Renaissance and the Narcissistic Wound – A Critique of George Tarabishi of Contemporary Arabic Islamic Radicalism».
O P. Eibu Dominic: «Religious Freedom in Islam – A general over-view of Religious Freedom in Islam according to 'Abd al-Muta'ali al Sa'idi».
O P. Otíeno Onesmas Godfrey: «The Political Perspective and the Caliphate in an Arab/Islamic Civilization – Extracted from Dr. Ahmad Al-
-Baghdadi’s Book (The Renovation of Religious Thought: A call for using the mind)».
Ordenações sacerdotais
P. Zagaja Adam (PO) Wólka Niedźwiedzka (PO) 02.07.2005
P. Kondo Komivi (Antoine) (T) Atakapamé (TG) 03.07.2005
P. Marcelo Fonseca Oliveira (P) Sobral (P) 24.07.2005
P. Kakwata Kigwaya Séraphin (CN) Kinshasa (RDC) 31.07.2005
P. Kibira Anthony Kimbowa (U) Masaka (UG) 06.08.2005
Obra do Redentor
Setembro 01 – 15 NAP 16 – 30 PE
Outubro 01 – 15 P 16 – 31 RSA
Intenções de oração
Setembro – Para que S. Daniel Comboni conceda a coragem e a perseverança a todos os missionários e missionárias que anunciam o Evangelho em contextos religiosos do Islão e em situações de emergência, de perigo e de guerra. Oremos.
Outubro – Para que possamos anunciar o Evangelho com atitudes de profunda e respeitosa escuta dos valores e das experiências religiosas concretas dos povos que servimos. Oremos.
Publicações
O P. Pasquale Crazzolara continua ainda a ser o mais importante estudioso dos povos do Vale do Nilo, mesmo segundo qualquer academia ou biblioteca que cultive estudos africanos. Era muito justo, portanto, que finalmente um seu conterrâneo relembrasse a sua vida e as suas obras e nos restituísse a memória disso: «P. Pasquale Crazzolara e la sua Africa», Franz Vittur, editado pelo Instituto Ladino «Micurà de Rü», 176 páginas.
O livrinho de Franz Vittur é simples e vivo, de conteúdo substancioso e muito atraente. Muito ao estilo do P. Pasquale. Uma verdadeira, pequena preciosidade. Se alguém quiser certificar-se disso, peça-o a: Istitut Ladin «Micurà de Rü» – 2005 San Martin de Tor (BZ), Italia.
E-mail biblioteca.micura@ladinia.net.
AMÉRICA CENTRAL
Cursos e assembleia continental
O mês de Julho foi um mês muito intenso e profícuo para a delegação da América Central. De 5 a 20 de Julho realizou-se o curso de animação missionária para as províncias e delegações da América e Ásia, no qual participaram também as Missionárias Combonianas. Foram dias de grande intensidade, profícua formação e entusiasmo para continuar na missão de animadores segundo o estilo de S. Daniel Comboni.
Os dias 19 e 20 de Julho foram dedicados à assembleia continental de animação, durante a qual se compartilharam projectos e preocupações para tentar que a animação missionária seja mais eficaz na realidade do continente americano e na Ásia.
Encontro dos jovens confrades
Segunda-feira, dia 25 de Julho, teve lugar o encontro dos jovens confrades, no qual participou também o Ir. Alfredo de Jesus Aguilar Cedeño que se encontra na Costa Rica para se preparar para partir para o Ano Comboniano de Formação Permanente no México. O encontro, que durou todo o dia, foi animado pelo P. Enrique Sánchez González com uma reflexão sobre o ser combonianos hoje. Foi reservado um espaço ao intercâmbio das experiências feitas na caminhada actual da delegação, e nos lugares em que se teve ocasião de viver nos primeiros anos de ministério. A jornada concluiu-se com um momento de festa todos juntos.
Assembleia anual
De 26 a 28 de Julho realizou-se a assembleia anual da delegação, que contou com uma extraordinária participação, visto que estiveram praticamente presentes todos os seus membros.
No primeiro dia reflectiu-se sobre a realidade que nos encontramos a viver nos contextos tão diversificados da delegação. Foram inferidos os desafios futuros e reconheceu-se o bem que se continua a fazer na América Central através da nossa presença. Demos graças, em particular, pelo dom das vocações, dado o número encorajador de postulantes presentes em S. José.
No segundo dia da assembleia começou-se a trabalhar sobre a Ratio Missionis e foi considerado o momento mais profícuo do encontro, como que uma porta que se abre em direcção a metas de aprofundamento.
No terceiro dia ocupamo-nos de questões mais práticas e, de entre os compromissos fixados, vale a pena sublinhar a decisão de partir precisamente da experiência do fundo comum. Uma comissão encarregar-se-á de apresentar alguns estatutos, o mais tardar até Janeiro do próximo ano.
No último dia, 29 de Julho, todos os superiores locais se reuniram e partilharam as suas experiências tomando como orientação as reflexões contidas num artigo do P. Manuel Augusto Lopes Ferreira sobre o tema da liderança.
A delegação, portanto, embora pequena, continua a ser um lugar onde a paixão de S. Daniel Comboni anima muitos corações.
ÁSIA
Um outro passo em frente
Os últimos dias de Agosto e os primeiros de Setembro deste ano assinalam um momento significativo para o projecto missionário comboniano na Ásia com a visita do P. Teresino Serra, Superior Geral, acompanhado pelo P. Tesfamariam Ghebrecristos Woldeghebriel, às comunidades de Taipé e Macau e a subsequente visita do P. Tesfamariam às comunidades das Filipinas (o Superior Geral já as visitou ao início deste ano). Além da oportunidade de se encontrarem com os confrades, o P. Teresino e o P. Tesfamariam poderão encontrar-se com as comunidades cristãs locais, os bispos e os membros de outros Institutos Missionários que trabalham nesta parte da Ásia.
Durante a sua permanência haverá também um encontro de três dias de todos os Missionários Combonianos que trabalham em Taipé e Macau, hóspedes dos confrades da igreja de S. José Operário em Macau. Este encontro, o primeiro deste género após seis anos, terá como objectivo avaliar o caminho Comboni-China efectuado até agora e programar para o futuro. Um ponto importante da agenda diz respeito às diversas modalidades que ajudem os confrades a envolver-se com a Igreja da China continental.
BRASIL NORDESTE
Jubileu sacerdotal
Ordenado em 1955 em Milão pelo então cardeal Montini, o P. Franco Sesenna celebrou a 26 de Junho em Balsas, no Brasil, os seus 50 anos de sacerdócio. Presente no Nordeste brasileiro desde Janeiro de 1965, o P. Franco passou mais de trinta anos ao serviço da diocese de Balsas. Jesus diz: «quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la». O P. Franco parece ter feito destas palavras o projecto da sua vida, procurando ser fiel ao Evangelho e aos pobres, segundo o carisma de Comboni.
A celebração foi muito significativa. No momento do acto penitencial, por exemplo, o P. Franco rasgou a velha túnica que havia usado até àquele momento e enfiou uma nova, oferecida pelas comunidades paroquiais. Deu-se depois a entrada de um camponês com um cavalo que trazia, no seu alforge, o evangelho. Este foi entregue ao P. Franco no momento da proclamação da Palavra como símbolo das viagens, das privações, das «desobrigas» que os primeiros missionários deviam enfrentar para chegar às comunidades mais distantes. Ao P. Franco o agradecimento da província por ter gasto a sua vida pela causa do evangelho.
CARTUM
Reacções em Cartum devido à morte de John Garang
A notícia de que John Garang, o primeiro Sudanês do Sul a ser nomeado vice-presidente do Sudão, tinha morrido juntamente com os outros 12 passageiros do helicóptero em que voltava para Juba depois de uma visita ao Uganda, foi um golpe duro e inesperado. Depois do entusiasmo pela assinatura dos acordos, o processo de paz parecia ter-se esboroado.
A raiva dos sudaneses do Sul em Cartum explodiu de forma irreprimível: começaram a partir e a incendiar tudo aquilo que encontravam pelas ruas da cidade. Nenhum deles acreditava num acidente aéreo, mas sim numa conspiração do partido de maioria do governo árabe.
Alguns mercados foram completamente destruídos e alguns árabes assassinados. A cidade, das 8.30 da manhã, hora do anúncio da morte, tornou-se presa do caos e da fúria da multidão, até às 4.00 da tarde, altura em que o exército conseguiu impor alguma tranquilidade, chegando mesmo a encerrar o trânsito sobre as pontes, ao mesmo tempo que as pessoas da cidade se barricavam em casa.
Nos dias sucessivos, os árabes vingaram-se. Invocando a «guerra santa», atacaram e assassinaram muitos sudaneses do Sul, sobretudo nas periferias dos seus três lugares de estabelecimento. Por vezes, a própria polícia uniu-se a eles. Muitos foram presos e outros tantos, ao que parece, desapareceram. Convites à calma foram feitos pelo presidente, pelos deputados, por autoridades religiosas, entre as quais o Cardeal Gabriele Zubeir Wako. Graças a Deus, nas mesquitas, durante a oração da sexta-
-feira, foram utilizadas palavras de moderação que, embora sem convidar explicitamente à paz, também não encorajaram as desordens. A situação parece ter-se acalmado, mas o exército e a polícia continuam a manter sob controlo as periferias e a fazer buscas nas casas. A tomada de posse de Salva Kiir como vice-presidente, no lugar de John Garang, renovou a esperança de que o processo de paz possa continuar não obstante o que aconteceu.
Que o Senhor possa ajudar o Sudão a progredir no caminho da paz há pouco iniciado.
CONGO
Curso de formação para os animadores missionários
O curso de formação para os animadores missionários desenvolveu-se em Kimwenza (Kinshasa) de 7 a 21 de Agosto de 2005. Participaram 14 confrades, dez Irmãs Missionárias Combonianas e quatro leigos, num total de 28 pessoas provenientes das províncias combonianas francófonas: Togo, Ghana, Benin, Chade, África Central e Congo.
O curso foi orientado por confrades e irmãs, mas sobretudo por africanos, quer pelo que se refere à visão da missão, quer pelas técnicas de comunicação. Foi também este um sinal que nos fez pensar.
A reflexão começou pela missão na Bíblia e nos documentos da Igreja, sobretudo das Igrejas africanas. Depois, fomos ajudados a formular a nossa visão da missão. Isto forneceu-nos conteúdos para fazer passar na nossa animação missionária mas sobretudo levou-nos a considerar o nosso serviço específico de animação como parte integrante da nossa identidade comboniana e como um serviço de evangelização.
Ficámos sensíveis à necessidade de nos deixarmos interrogar pelas realidades sócio-culturais e eclesiais das nossas nações a fim de contextualizar a nossa animação missionária. Depois de termos aprofundado a dimensão carismática em Comboni, na nossa tradição e nos documentos recentes dos nossos Institutos, procurámos os melhores meios para a comunicação e para a animação de grupos.
Os últimos dias foram dedicados à formulação da nossa visão de animação missionária para a África francófona, os seus objectivos prioritários, os seus conteúdos e as suas metodologias, e à procura dos instrumentos para realizar tal serviço.
Cada Província preparou os pontos necessários para pôr em prática tudo isto. As conclusões gerais da assembleia versam sobre os recursos humanos, a formação dos animadores, os recursos materiais e financeiros, o apoio ao Centro de Estudos e de Formação Missionária requerido pelo congresso de missiologia de Julho de 2004 e sobre aquilo que se seguirá a este encontro.
Foi uma experiência julgada positivamente por todos: partimos «animados para animar».
CÚRIA
Propaganda Fide encerra o Colégio «Mater Ecclesiae»
Com a decisão do Cardeal Sepe de encerrar, em Castelo Gandolfo, o Colégio para a formação de Catequistas, termina uma colaboração entre Combonianos e Propaganda Fide que já se mantinha desde há 20 anos. O Colégio «Mater Ecclesiae», fundado em 1978 pelo Cardeal Agnelo Rossi, tinha sede em Castelo Gandolfo no edifício que foi durante muitos anos a residência de Verão do Colégio Urbano, e precedentemente antigo convento franciscano.
Acolhia jovens catequistas provenientes de todos os países do mundo missionário: Ásia, África, América Latina, Médio Oriente e Países da Europa de Leste. A formação era ministrada inicialmente por um período de dois anos, com cerca de 60 estudantes. Depois, a pedido da Universidade, o curso passou a ser trienal, com cerca de 90 estudantes. Eram mais de 30 os países representados.
O ensino era assegurado pela Universidade Urbaniana a um público muito heterogéneo de alunos: homens e mulheres, religiosos e leigos, num programa estudado para eles a fim de os iniciar na filosofia, na teologia e em algumas ciências humanas. Aos alunos internos juntavam-se muitos externos que vinham só às aulas: eram sobretudo postulantes ou noviças de casas de formação religiosa residentes na zona.
O primeiro Comboniano a trabalhar nesta estrutura foi o P. Alberto Marra que chegou em Janeiro de 1986. Primeiro, foi director espiritual e depois reitor até 1993. Sucedeu-lhe o P. Luciano Benetazzo que aí permaneceu até 31 de Julho de 2005, quando o Colégio foi definitivamente encerrado.
Por sua vez, o P. Domenico Ghirotto prestou serviço de direcção espiritual durante onze anos, até ao Natal de 1999, quando foi substituído pelo P. Stelvio Benetazzo. Assim, nos últimos cinco anos o Colégio esteve confiado a dois irmãos: um como reitor e o outro como director espiritual.
Agora o Colégio muda de perspectiva: será confiado ao movimento Comunhão e Libertação e ao ensino da Universidade Católica de Milão para a formação de economistas, directores de empresa ou similares. A casa está a ser restaurada, enquanto se aguarda a nomeação de um reitor e de novos quadros constitutivos.
ITÁLIA
Leigos Combonianos
Algo de novo se verificou no convénio anual dos Leigos Combonianos efectuado em Pesaro de 21 a 24 de Julho.
Partindo do carisma comboniano, cujas linhas mestras foram traçadas de forma clara e sintética pelo P. Joaquim José Gonçalves Oliveira Valente da Cruz, a «galáxia» dos Leigos Combonianos em Itália, que corria o risco de atomização, reencontrou-se em alguns princípios fundamentais: animação missionária, evangelização, justiça e paz, migrantes... através de uma rede de pessoas individuais e famílias empenhadas em conjugar espiritualidade missionária e opções práticas de sobriedade, acolhimento e partilha.
No encontro participou também o P. Alberto Pelucchi, superior provincial, que dialogou com os vários grupos e sublinhou a necessidade de a coordenação nacional ter em conta as novas realidades, para que seja representativa não só das localidades, mas também dos diversos sectores: desde os jovens leigos combonianos que saem dos GIM, às comunidades família combonianas em formação.
Um gesto significativo, durante a eucaristia final, mostrou o espírito do laicado comboniano: a entrega do crucifixo, por parte do P. Alberto, a Christophe, Andrea, Claudio e Andrés que decidiram partir para a missão.
«E-state dentro»
É o título dos campos de férias de Verão que as equipas GIM de Nápoles, Pádua, Pesaro e Venegono propuseram aos jovens durante o Verão. «Stare dentro» significa desafiar os jovens para olhar de frente a realidade em que vivem, sem fugir ou procurar experiências sensacionais que depois não têm continuidade.
Convocados nas periferias das grandes cidades, nas cantinas populares, nas comunidades de recuperação, em ambientes caracterizados pelos riscos da imigração e das diversas máfias… dezenas e dezenas de jovens, diariamente, dedicaram tempos prolongados à reflexão sobre textos bíblicos, ao serviço dos marginalizados e ao encontro com personalidades fortes.
Tratou-se de uma verdadeira viagem missionária numa Itália que aparece cheia de contradições, mas também de testemunhos de esperança. Depois destes campos, os GIM retomaram o caminho normal com maior entusiasmo.
Tema para o ano 2005-2006: «Procura do Ressuscitado na história hodierna».
PERU-CHILE
60° Aniversário de ordenação sacerdotal
Dia 26 de Junho, o P. Peter Taschler celebrou os seus 60 anos de ordenação sacerdotal, cinquenta dos quais passados nesta província. Na mesma data rezou-se também pelos dez membros da província, ordenados sacerdotes no dia da festa dos santos Pedro e Paulo.
Eis o que escreveu o próprio P. Peter: «A minha vocação atribuo-a à minha mãe que, como muitas vezes acontece, desde o ‘seio materno’ (Jer 1, 6) desejava e pediu um filho sacerdote. O pároco e os meus pais levavam-me, como que em peregrinação, a visitar o seminário diocesano e mais tarde, duas vezes por ano, o seminário maior.
Devido à segunda guerra mundial, fui o único a ser ordenado sacerdote a 29 de Junho de 1945 na catedral de Bressanone. Recordo-me que à minha primeira missa acorreu muitíssima gente, como não sucedia desde há muito tempo, para receber a bênção do neo-sacerdote.
A vocação missionária, devo-a também à minha mãe, bem como ao meu director espiritual e ao bispo Gargitter que, após sete anos de ministério sacerdotal na diocese, me autorizou a partir para a missão. Em dois anos de noviciado preparei-me, mesmo lavando a loiça, para esta nova vida. No navio que me levava para a América, celebrei a missa dominical perante 700 passageiros e 22 sacerdotes espanhóis.
Sou missionário desde há cinquenta anos e trabalhei, não em três continentes, mas nas três regiões do Peru: na Selva, visitando as 67 comunidades de Pozuzo montado num burro ou a pé, apercebendo-me que por vezes chegava a presidir a cinco celebrações litúrgicas por dia; na Sierra, em Tarma e Huánuco, ministrando 102 aulas de religião por semana; na Costa, em Chimbote, Chincha e Lima, onde, entre outras coisas, dirigia cinco transmissões radiofónicas por dia. Nestes últimos anos, encontro-me na casa provincial, a escrever as minhas memórias e a ocupar-me da comunidade cristã de Cristo Redentor, onde desejo ser sepultado.
S. Daniel Comboni interceda por mim e pelas missões».
Nova comunidade comboniana
No dia 3 de Julho, no colégio Jorge Alessandri de Renca (na periferia norte de Santiago do Chile), teve lugar a celebração eucarística de entronização do novo pároco de «María Misionera», o P. Mosè Mora, e do vigário paroquial, o P. Nelson Edgar Mitchell Sandoval. Na cerimónia, presidida pelo vigário geral e bispo auxiliar de Santiago, D. Ricardo Ezzati, concelebraram o vigário local, o P. Javier Francisco Manterola, o P. Rogelio Bustos Juárez, provincial, e o seu delegado para o Chile, o P. Gianluca Roso, com a presença de toda a comunidade comboniana de Santiago e de mais de 500 fiéis da mesma paróquia.
Durante a homilia, D. Ezzati sublinhou a importância da evangelização no coração da grande cidade, em particular nas periferias das grandes metrópoles, lugares propícios para aprender com o bom pastor que procura incansavelmente a ovelha perdida. «Ter um novo pároco – disse
D. Ezzati – é um grande dom para todos. Significa saber que há um pastor que vos quer bem e se preocupa com a vossa caminhada de comunidade evangelizadora. Amar a Palavra, celebrar os sacramentos e dedicar-se aos mais necessitados, faz com que uma comunidade, novo Povo de Deus, saiba crescer cada dia mais no seu caminho de fé em direcção à contemplação do rosto de Deus. Vivei com dignidade o vosso ser cristãos e não tenhais medo de abrir as portas a Cristo: É ele que nos manda aos irmãos, para fazer deste mundo uma casa mais condigna para todos».
Os momentos mais significativos da celebração foram acompanhados de alguns sinais que, de modo simbólico, sublinharam os compromissos específicos do novo pároco: a profissão de fé, a entrega da fonte baptismal, o confessionário para o sacramento da penitência, o Evangelho para o anúncio da Palavra e o altar.
Não foram entregues as chaves porque a paróquia, que tem 40 mil habitantes, não tem ainda uma igreja paroquial. Muitas pessoas expressaram afecto e proximidade aos novos sacerdotes não só com a celebração, mas também com um pequeno refresco preparado pelo conselho pastoral paroquial.
QUÉNIA
Vilenze
Os acontecimentos narrados foram referidos pelo P. Mariano Tibaldo com a confirmação do P. John Kofi Tasiame.
No dia 12 de Julho, às 7.30 da manhã, o P. Janito Joseph Aldrin Palacios havia deixado Sololo para se deslocar a um encontro em Marsabit juntamente com dois catequistas, as suas esposas e filhos: dez pessoas ao todo. Não sabia que naquela mesma manhã um grupo de Borana tinha atacado a povoação dos Torbi e uma zona da paróquia de Sololo, assassinando 21 pessoas da tribo dos Gabbra, incluindo mulheres e crianças, e ferindo muitas outras. Durante a viagem, vieram a saber da tragédia. Receberam ainda outras informações, mas eram um tanto ou quanto incertas e fragmentárias. Apercebendo-se que a situação era pouco clara e perigosa, o P. Aldrin perguntou aos companheiros de viagem se tencionavam prosseguir. À sua resposta afirmativa, continuou a viagem em direcção a Marsabit.
Em Bobisa encontraram-se perante um improvisado posto de bloqueio organizado pela gente da zona. O P. Aldrin parou e saiu do carro, explicando que era um sacerdote missionário como os da sua terra, que eles conheciam, sublinhando que as pessoas que viajavam com ele eram cristãos. Entretanto, um grupo muito numeroso de pessoas da povoação dirigiu-se para ali e ficaram do seu lado, mas os do posto de bloqueio tinha começado a acusar as pessoas que estavam com o P. Aldrin de terem morto a sua gente, porque eles também eram dos Borana. O
P. Aldrin, vendo que a situação se tornava insustentável, saltou para o carro na tentativa de fugir, mas um camião barrou-lhe imediatamente o caminho. Foi bastonado e arrastado violentamente para fora do carro e pontapeado. Alguns anciãos obrigaram-no a ajoelhar-se e a ver como iriam morrer os «seus» Borana. O P. Aldrin tentou novamente aproximar-
-se do carro, já circundado por muita gente que tinha começado a atirar pedras. Os dois catequistas, esposas e filhos foram arrancados para fora do carro e assassinados. Os seus corpos foram depois levados para o deserto e abandonados.
Entretanto o P. Aldrin foi metido dentro de uma capela que se encontrava nas redondezas. Os anciãos queriam matá-lo, mas as mulheres e os jovens opuseram-se. Por coincidência, chegou um branco que se dirigia para Marsabit mas que tinha tido uma avaria no seu motociclo. O
P. Aldrin deu-lhe as chaves do seu carro, pedindo-lhe para avisar o
P. António Alexandre da Rocha Ferreira ou o bispo. Assim, os seus confrades foram postos ao corrente do sucedido nesse mesmo dia. Os Combonianos de Marsabit, vendo a que estado ficara reduzido o carro do
P. Aldrin, ficaram consternados, mas não puderam ir socorrê-lo imediatamente porque entretanto tinha caído a noite.
Na manhã seguinte, o P. Alex e a Comboniana Ir. Maria Elisabete Lourenço Almendra deslocaram-se a Bobisa e conseguiram resgatar o
P. Aldrin. Mas tarde, o P. Alex foi recolher os corpos dos catequistas e seus familiares para os levar para as suas aldeias.
SUL DO SUDÃO
Reacções em Juba pela morte de John Garang
Logo que se espalhou a notícia da morte de John Garang, pela queda do helicóptero em que viajava, desencadearam-se tumultos de massa, em Juba, capital do Sul do Sudão, e nas maiores cidades, como não se via desde há dezenas de anos. Em Juba a situação piorou ulteriormente quando se começou a dizer que no mesmo acidente tinha morrido também o cardeal Gabriel Zubeir Wako. Felizmente esta notícia era falsa.
O corpo de John Garang, depois de ter sido transportado de helicóptero por toda a vasta região de floresta e montanha, para que as gentes lhe pudessem prestar homenagem, foi levado para Juba para o funeral e sepultura. Aqui, uma multidão enorme deixou o seu último adeus ao ex-
-líder dos rebeldes, que tanto se esforçara para alcançar o acordo de paz nesta nação, a mais vasta da África. Muitos, entre lamentações e lágrimas, agitavam folhas verdes, o tradicional símbolo de luto. Num misto de consternação e emoção, dezenas de milhar de pessoas atulharam as estradas de Juba, enquanto o corpo de John Garang era transportado primeiro para a modesta catedral para o serviço fúnebre e depois para o lugar da sepultura, que se encontra próximo dos campos de treino do exército e de fronte aos edifícios parlamentares (Bahri el Jebel). Ao longo das estradas, a multidão exibia cartazes com slogans em honra de Garang onde se podia ler: «Garang ficará vivo para sempre no meio de nós devido à sua visão, pensamento e princípios; Viva a sua luta em favor dos marginalizados; Garang (Moisés) morreu; possa Josué (Kiir) guiar o seu povo com coragem!»
UGANDA
Consagração episcopal de D. Giuseppe Franzelli
No dia 1 de Julho, o Núncio Apostólico anunciou, através das rádios locais, a eleição do P. Giuseppe Franzelli para bispo da diocese de Lira. O anúncio foi acolhido com alegria, sobretudo pela gente de Lira e pelo administrador apostólico, D. Paul Kalanda, bispo emérito de Fort Portal.
A 12 de Julho de 1968, a Santa Sé separara da diocese de Gulu o distrito de Lango elevando-o a diocese de Lira e nomeando como primeiro bispo o P. Cesare Asili, sagrado e entronizado como bispo de Lira, a 27 de Outubro desse mesmo ano. Em 1989 sucedeu-lhe o bispo D. Joseph Oyanga, que se afastou em 2003.
D. Franzelli aterrou no aeroporto de Entebbe a 3 de Julho, tendo sido recebido por uma delegação composta por gente Lango, em representação das comunidades Lango que vivem em Entebbe e em Kampala. A viagem em direcção à diocese de Lira, a 6 de Julho, foi inesquecível.
D. Franzelli encontrou uma multidão de gente, encabeçada por D. Paul Kalanda, que o aguardava em Kandini Corner, na fronteira da diocese de Lira, dando-lhe as boas-vindas com cantos e orações. Foi-lhe pedida a bênção e ofereceram-lhe alimento. D. Franzelli prosseguiu a viagem pela estrada principal, onde era aguardado e saudado em cada cruzamento por multidões de pessoas provenientes das paróquias da sua diocese para lhe prestar homenagem. Grande acolhimento esperava-o sobretudo nos importantes cruzamentos de Aber, Teboke, Aboke e BaIa.
Ao chegar aos subúrbios de Lira, capital regional do grupo Lango, um cortejo de automóveis acompanhou-o primeiro através dos bairros pobres e depois ao longo da estrada principal até à catedral. Eis um dos comentários mais significativos: «Nem sequer o presidente Obote (o primeiro presidente do Uganda e pertencente ao grupo Lango) tivera uma tal recepção por parte da população Lango».
A sagração teve lugar no estádio por mão do arcebispo de Gulu, D. John Baptist Odama, de D. Paul Kalanda, e do bispo emérito de Lira D. Joseph Oyanga. Concelebraram todos os bispos do Uganda, incluindo o Cardeal Emmanuel Wamala e o Núncio Apostólico do Uganda, arcebispo Christophe Pierre. Estavam presentes também o irmão, a irmã e uma sobrinha de D. Franzelli, em representação da sua família, bem como também o vigário geral dos Missionários Combonianos, o P. Fabio Carlo Baldan, que leu uma mensagem de felicitações do Superior Geral. Na cerimónia participaram muitíssimas pessoas e delegações de todas as paróquias da diocese de Lira, acompanhadas pelos respectivos párocos.
D. Franzelli pronunciou o seu discurso em acholi (muito similar à língua lango), inserindo algumas palavras em lango, mostrando assim a intenção de querer falar a língua do povo para melhor trabalhar juntamente com ele. Pediu, em particular, a sua colaboração, porque «uma família constrói-se com a participação activa de todos os seus membros».
D. John Baptist Odama concluiu chamando a atenção para o «milagre» acontecido naquele maravilhoso dia: «Um filho de Daniel Comboni, formado pelos Missionários Combonianos, fora ordenado bispo no Uganda». Na verdade, a semente da Palavra de Deus, semeada por tantos missionários, começou a produzir os seus frutos abundantes.
A D. Franzelli, desejamos sucesso e a bênção de Deus para o seu ministério episcopal.
IN PACE CHRISTI
P. Gabriele Marcon (01.01.1925 – 09.07.2005)
Gabriele na juventude estudou para ser professor; era activo no grupo dos Jovens da Acção Católica e como catequista paroquial. Durante a guerra foi chamado para o serviço militar. No fim da guerra e nos dias incertos que se seguiram ao 25 de Abril de 1945, Gabriele, para não cair na rede da pequena República que os fascistas procuravam formar, abandonou o exército e, não tendo dinheiro para pagar o bilhete, atravessou de noite o rio Adige e chegou a sua casa.
Naquele tempo, o P. Pietro Villa visitava as paróquias à procura de vocações adultas. Gabriele sentiu a chamada do Senhor. Foi-lhe pedido para ensinar matemática em Trento, na nossa Escola Apostólica de Muralta. Fez o noviciado em Gozzano (1953-1955) e a teologia em Venegono (1955-1959). Depois, foi mandado para Pellegrina também para ensinar matemática aos Irmãos.
Em 1960 partiu para o Brasil. Em Balsas foi secretário do bispo, administrador da prelatura, responsável dos Irmãos, reitor do seminário. A isto é preciso acrescentar o seu ministério pastoral. Pontual às práticas de piedade, estava sempre disponível para celebrações particulares, como por exemplo a dos vários grupos de estudantes e de final de ano escolar. Gostava de celebrar para os doentes e os idosos. Eis as várias missões nas quais trabalhou: Alto Parnaíba, São Raimundo das Mangabeiras, Açailândia, Timon (Santo António). Durante algum tempo esteve também em Portugal como formador na casa de Coimbra. Tímido, inteligente, simples e arguto, falava bem e com muita simplicidade. Toda a gente gostava dele.
Tinha uma memória fenomenal. Chegava a recordar o nome de pessoas encontradas muitos anos antes, e com quem raramente se voltava a encontrar, porque receava emocionar-se demasiado.
Sempre pronto à obediência, nunca se queixava quando era transferido. Entendia de muitas coisas: trabalhos materiais, construções, automóveis, electrónica... Sentia-se feliz e gostava de fazer felizes os outros com as suas brincadeiras e anedotas. Nunca perdeu o jeito de professor e de catequista que mantinha desde a juventude com os Jovens da Acção Católica.
Educado segundo os parâmetros da Igreja Tridentina e tendo experimentado na juventude as «lutas» da Acção Católica contra o fascismo, tinha um grande amor à Igreja e queria que fosse perfeita. Não aceitava críticas à hierarquia. Sofria muito quando algum confrade queria deixar o sacerdócio ou o Instituto. Para ele a fidelidade aos compromissos assumidos era uma responsabilidade grande demais para admitir fraquezas ou desistências.
Queria bem aos confrades e fazia de tudo para que se sentissem bem quando o iam visitar. Quem não provou os «maccheroni» que Gabriele preparava com tanto gosto? Não suportava que se falasse mal de um confrade. Estava sempre pronto a desdramatizar atalhando com qualquer frase, como daquela vez em que, no final de uma acesa discussão sobre a teologia da libertação, exclamou: «Quero morrer escravo!». Foi como um balde de água gelada e ninguém mais disse nada!
Passou os últimos anos em Timon (Santo António) em comunidade com os postulantes. Um deles escreveu: «O P. Gabriele foi um exemplo de aceitação e testemunho do Reino. Ajudou-nos muito, a nós postulantes, na chamada radical ao carisma e à missão de S. Daniel Comboni. O
P. Gabriele encorajou-nos com uma experiência missionária e uma sabedoria própria de homens grandes. Notámos nele especialmente três aspectos. Primeiro, o valor da comunidade. Enquanto superior da casa de formação, mostrava uma preocupação especial em que todos se sentissem bem. Os momentos comunitários, como as refeições e as celebrações especiais, eram ocasiões de verdadeira alegria e felicidade. Segundo, a oração pessoal e comunitária. Era quase sempre ele a presidir à oração comunitária e dizia-nos que o amor e o zelo pela oração tinham sido os dois pilares da sua vocação missionaria. Todas as manhãs, ainda antes de ir para a capela, via-se luz no seu quarto e ouvia-se uma voz baixa que sussurrava: era ele a rezar. Terceiro, o amor e a confiança no Senhor. Entusiasmava-nos com o seu amor profundo e total confiança no Senhor. Às vezes revelava-nos alguns aspectos interessantes da sua vida íntima. Como por exemplo quando, na sua primeira visita às comunidades das zonas rurais de Balsas, sozinho, a cavalo, com o Sol a pique, a língua e a garganta secas, começou a pensar: ‘O que é que eu estou aqui a fazer, longe dos meus e da minha terra? Apetecia-me chorar... Ou antes, a um certo momento lágrimas abundantes regaram-me a barba e a língua. Naquele momento, porém, senti também que o Senhor estava comigo. Esta confiança na Sua presença acompanhou-me depois por toda a vida’».
Ultimamente, o P. Gabriele tinha-se mudado para São Luís, sobretudo para não ser pesado à comunidade de Timon. No hospital descobriram que tinha o fígado em muito mau estado. Partiu então para Verona na esperança de ser operado e depois regressar. Queria a todo o custo morrer no Brasil. Seguimos pela Internet o evoluir da situação. Na madrugada do dia 9 de Julho recebemos a notícia de que a sua vida terrena tinha terminado. Nas comunidades onde celebramos a santa Missa de sufrágio muita gente chorou ao recordar o P. Gabriele tão bom, estimado e amado.
Foi bom viver com ele, tão feliz por ser o «servo fiel de Nosso Senhor Jesus Cristo», como ele gostava de se apresentar parafraseando o seu nome «Gabriele».. E viveu assim sempre: um confrade humilde e feliz, um homem de Deus e dos pobres. Pelos testemunhos que o P. Gabriele nos deixou, compreendemos que se deu sem reservas ao Senhor e à missão, como S. Daniel Comboni. (P. Candido Poli)
P. Paolo Serra (30.01.1937 – 15. 07.2005)
Nascido em Mores, Sassari, a 30 de Janeiro de 1937, havia iniciado o percurso vocacional na sua diocese natal, para depois entrar no noviciado em Gozzano em 1957. A 9 de Setembro de 1959 emitiu os votos religiosos e seguidamente passou para Verona para o liceu, e finamente para Venegono Superior para a teologia. Em 1964, acabado de ser ordenado sacerdote, foi enviado pelo Superior Geral para terras do Uganda, onde permaneceu ininterruptamente até Dezembro de 1996.
Aprendeu bem o inglês e o luganda e revelou-se imediatamente um apaixonado pela vida missionária, ao serviço da arquidiocese de Kampala. Enfrentou as violências da guerra no sul e no norte sem medo, antes, mostrando aos soldados e aos rebeldes, em mais de uma circunstância, a mansidão de que era dotado o seu coação. O P. Paolo encontrava a serenidade interior na oração, em particular na meditação do Saltério que recitava frequentemente sozinho na capela antes da proclamação comunitária, «para saborear o mais possível – são palavras textuais suas – a profundidade espiritual de cada um dos salmos». A pastoral juvenil estava no centro das suas preocupações.
Um outro mérito do P. Paolo foi o de dar início, juntamente com o
P. Francesco Pierli, ao escolasticado teológico. Foi uma empresa pioneira que surgiu em 1975. O P. Paolo cuidava da formação pastoral e missionária, conciliando as duas realidades do escolasticado e da paróquia de Mbuya; o P. Francesco prestava mais atenção ao aspecto académico, ensinando no seminário nacional de Gaba, onde também os escolásticos combonianos estudavam teologia.
Era o primeiro escolasticado comboniano em Africa e compreendia estudantes europeus, americanos, eritreus e ugandeses. Com a chegada do P. Lorenzo Carraro deu-se início também à animação missionária e vocacional.
Nos anos 90, a Conferência Episcopal Ugandesa nomeou o P. Paolo para responsável do laicado católico, ministério que desenvolveu com paixão e competência, sublinhando, em todas as dioceses que visitava, a urgência da missão ‘ad gentes’ de cada baptizado.
A YCS (associação dos jovens estudantes cristãos) oferecia a metodologia e os contactos com os grupos juvenis cristãos quer em África quer na Europa. Como todos sabemos, a particular atenção do P. Paolo pelos jovens atingiu o auge entre 1985 e 1995, quando se tornou encarregado nacional da pastoral juvenil no Uganda.
Pelo que respeita à pastoral paroquial, a sua atenção orientava-se para os pobres que não eram poucos. A pastoral social estava entregue a um comité inspirado pela Comboniana Ir. Gabriella Crestani da qual espelhava, além das orientações, a grande piedade e a abertura de horizonte. A fim de envolver toda a paróquia na ajuda aos pobres, o P. Paolo organizava três celebrações penitenciais comunitárias ao ano, altura em que todas as pequenas comunidades cristãs vinham à igreja central para o sacramento da reconciliação. Em tais ocasiões, todos os cristãos eram convidados a prover às necessidades dos pobres. Todos recordam com emoção o monte de matoke, bananas, couves, farinha, ananás e feijão deposto no meio da igreja.
A paróquia de Mbuya tinha uma realidade complexa, em parte agrícola e em parte industrial, com numerosos refugiados ruandeses.
Naquele período, notou-se também um aumento de conversões ao catolicismo. Os missionários fizeram uma investigação para descobrir a causa. As respostas convergiam sobre dois pontos: primeiro, na igreja dos católicos rezava-se, as celebrações eram participadas e tinham cânticos bonitos; segundo, os católicos privilegiavam os pobres.
O P. Giorgio Previdi juntou-se ao P. Paolo e ao P. Francesco quando, com o crescimento do escolasticado e da paróquia, se tornou necessária a presença permanente de um terceiro sacerdote. O cardeal Emanuele Nsubuga considerava Mbuya uma paróquia piloto na complexa vida pastoral da sua arquidiocese.
Os últimos oito anos de vida, o P. Paolo passou-os em Roma como responsável da ACSE (Associação Comboniana Serviço Emigrantes e Prófugos). Apreciando «os seus belos dotes humanos, cristãos e sacerdotais», D. Agostino Marchetto, secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para Migrantes e Itinerantes, escreveu assim acerca do P. Paolo: «Missionário da Família Comboniana, o P. Paolo testemunhou com a vida e com a morte a sua vocação ao serviço, à e evangelização, à caridade tanto entre as populações ugandesas, quanto entre os imigrantes em Roma. A alma apostólica do P. Paolo teve ocasião de se manifestar nos mais de trinta anos de actividade pastoral em África, de onde, significativamente, o Senhor o chamou a si. Mas também em Roma o P. Paolo deu o seu melhor, sobretudo no acolhimento dos imigrantes que bateram às portas da ACSE, continuando, com entusiasmo e abnegação, a obra providencial iniciada no longínquo 1969 pelo falecido P. Renato Bresciani. O P. Paolo deixa a todos uma importante herança, pois que convida a imitar o seu zelo apostólico para se tornar, a exemplo de Cristo e no coração da Igreja, operadores de paz, ministros do acolhimento, generosos servos do anúncio evangélico e construtores incansáveis de autêntica comunhão, sem cedências de espaço a complacências e superficialidades».
Não é por acaso, que na rede da Internet é possível ler a apresentação do seu último trabalho, uma espécie de testamento: quarenta e seis fichas para um autêntico caminho de fé para os imigrantes, um subsídio que tem por título «Juntos pela vida». Na última e longa conversa que teve com um confrade, o P. Paolo confiou-lhe o desejo que a ACSE pudesse um dia tornar-se um viveiro de vocações africanas para a África. Uma intuição espiritual, uma aventura da utopia, que este grande missionário deixa como herança, digamos assim, a cada um de nós.
O Senhor quis que em Março deste ano o P. Paolo regressasse para a África a fim de o chamar a si daquela terra a ele tão querida. Uma hemorragia cerebral truncou-lhe a vida em poucas horas. O corpo, trazido para Itália, repousa agora no cemitério da sua terra natal.
Ir. Duilio Beltrami (28.02.1927 – 26.08.2005)
O necrológio de Ir. Duilio Beltrami surgirá no próximo número de Família Comboniana.
Oremos pelos nossos defuntos
* O PAI: Matthia do P. Emmanuel Ssempeera Njuba (U); Bekit Sliman do Sc. Tesfaab Bekit Sliman (ER); Jan do P. Adam Zagaja (PO); Odibert do P. Jacques Théodore Monsengo Pwobe (CO).
* A MÃE: Sudelia do P. René Alfonso Oñate Rebolledo (BNE); Caterina do P. Antonio Radice (M); Maria do Ir. Valentim da Ponte Rodrigues (P); María Guadalupe do Sc. Juan Apolinar Palomar Alcántar (M).
* O IRMÃO: Jorge Fernandes do P. José de Sousa (P) e P. Rogério Artur de Sousa (P); Christian do Sc. Jean-Marie René Aholou (T).
* A IRMÃ: Bernadette do P. Jakob Sodokin (MO); Maria do P. Emilio Ragonio (BNE); Maria do P. Lino Venturini (I); Ottilie do Ir. Ludwig Kästel (DSP); Gesuina do Ir. Antonio Marchi (I); Maria Andreina do P. Vittorio Trabucchi (I).
* AS IRMÃS MISSIONÁRIAS COMBONIANAS: Ir. Anna Clara Chiesi; Ir. M. Immacolata Deriu; Ir. Ruth Ann Bryden; Ir. Pierantonia Regonesi; Ir. Bianca Maria Carta; Ir. Giovanna Maniero; Ir. Gianfranca Viviani; Ir. Pia Teresa Ogliari; Ir. Micaelita Butti.
* A MISSIONÁRIA COMBONIANA SECULAR: Rosetta Sciacoviello.
Familia Comboniana n. 623