In Pace Christi

Centis Gino

Centis Gino
Data de nascimento : 01/02/1927
Local de nascimento : San Vito al Tagliamento/I
Votos temporários : 09/09/1948
Votos perpétuos : 22/09/1950
Data de ordenação : 19/05/1951
Data da morte : 21/03/2019
Local da morte : Verona/I

Gino nasceu em San Vito al Tagliamento (PN) dia 1 de Fevereiro de 1927. Fez o liceu clássico no seminário diocesano de Pordenone, onde tinha frequentado também o ensino básico. Obtido o consentimento do bispo, a 15 de Agosto de 1946 pedia para entrar a fazer parte dos Filhos do Sagrado Coração, tornando presente que tinha já um irmão, Felice, Comboniano na London Province.

Gino fez quer o noviciado quer o Escolasticado em Venegono, onde emitiu os votos temporários a 9 de Setembro de 1948 e os perpétuos a 22 de Setembro de 1950. A 9 de Maio de 1951 foi ordenado sacerdote.

Logo depois foi mandado para Viseu, em Portugal, para se preparar para a missão. Em 1953, destinado a Moçambique, teve o encargo de coadjutor em Nacaroa (1953-1954), de pároco em Cabaceira (1954-1955) e vice-pároco em Carapira. Em 1956 foi destinado a Portugal e mandado para o Faleiro como superior local. Permaneceu em Portugal até 1971, depois, após o Curso de Renovamento em Roma, em 1972 foi novamente destinado a Moçambique: permaneceu durante muitos anos no Centro Catequético do Anchilo e os últimos oito anos passou-os em Nampula. Regressou definitivamente a Itália em 2015.

No centro catequético do Anchilo – lê-se no livro do P. Arnaldo Baritussio «Moçambique, 50 anos de presença dos Missionários Combonianos» – «a par das actividades de formação directa, desenvolvia-se toda uma série de iniciativas editoriais cujo verdadeiro animador e organizador fora o P. Gino Centis. Os distantes anos de 1953-54, que o tinham visto em flexão por causa da débil saúde, restituíam-no agora em forma resplandecente. Entre lecionários, catecismos, manuais de canto e de orações, rituais e bíblia, podiam-se contar 18 títulos. Editados ou reeditados até 1982, chegavam aos 149 000 exemplares, dos quais 20 000 bíblias completas, edições do Novo Testamento e uma secção de passagens do Antigo Testamento, sempre em língua local. A Bíblia era realmente entregue às comunidades como livro preferencial. Se se quisesse estender a contagem até 1994, veremos as edições bíblicas atingir o pico de
175 000 exemplares. Além dos lecionários para a celebração dominical, era digno de nota o Malompelo (manual das orações e das várias celebrações da comunidade) com 227 000 exemplares».

Como sublinhou também o P. Gianluca Contini, que partilhou a missão com ele, o P. Gino «foi o missionário da língua local: que sorte ter o texto completo da Bíblia traduzido em macua, o lecionário festivo, anos A, B, C, o livro das orações diárias Malompelo (a gente guardava-o e ainda o guarda entre mãos como sinal de identificação religiosa e humana).
A Palavra dada ao povo de Deus escrita e compreendida na sua língua-
-mãe. Um grandíssimo instrumento sobre o qual o Espírito Santo leva a cumprimento o Anúncio e a Evangelização. O texto da Bíblia é o primeiro documento oficial completo escrito na língua macua».

«O P. Gino gastou a vida pela Palavra, para a tornar acessível ao povo de Moçambique, de modo que nenhum sinal e nenhum tracinho da lei se perdesse» disse o P. Renzo Piazza, durante a homilia da missa fúnebre. «Tive a impressão que nos últimos dias o P. Gino tenha tido o dom de perceber que havia chegado para ele o momento crucial da sua vida, o de “içar as velas” e do encontro com o Senhor. Fez conversa disso com o pessoal e os confrades, entregando-se com serenidade, num momento em que a palavra custava mais a manifestar-se… Agradeceu a todos os que tinham cuidado dele e poucos minutos antes de expirar pedia para ser levado para casa para não faltar à missa das 18h00».

«Ao P. Gino gostaria de dizer obrigado – escreveu o P. Jeremias dos Santos Martins, Vigário Geral – pelo modo como viveu a missão em Moçambique durante tantos anos: anos de grande sofrimento durante o período em que os missionários combonianos foram expulsos de Moçambique e também durante os anos duros e violentos da guerra.
O P. Gino esteve sempre presente na alegria e na dor, nos momentos bons e nos momentos maus da vida das populações. Acompanhou com perseverança o caminho do povo, sobretudo durante os longos anos da guerra civil (16 anos).

O trabalho das traduções foi o seu grande serviço à evangelização. No seu espírito de perfecionista dedicou-se com alegria e competência a esta língua local, falada por mais de sete milhões de pessoas, ensinando--a aos novos missionários que chegavam a Moçambique.

Agradeço a Deus pelo dom da sua vida, por tudo aquilo que fez e, sobretudo, por aquilo que foi para as gentes e para mim: um companheiro de missão, um exemplo de dedicação, um apaixonado da Palavra de Deus, que tornou acessível à gente mais simples. Grande era a alegria das pessoas quando ouviam a Palavra de Deus em macua: “Agora Deus fala também a nossa língua”».