O Ir. Pietro nascera em Mizzole (Verona) a 20 de Fevereiro de 1933 de Carlo e Giuseppina Avesani. Em 1947 entrou na escola apostólica de Trento (Fai) como estudante e abandonou-a em 1949. Em 1950 pediu para entrar no Instituto como Irmão coadjutor “para sacrificar e gastar toda a minha vida pela salvação das almas, para estender com o meu trabalho o reino de Cristo onde era ainda desconhecido”, como escrevia na carta de Maio daquele ano ao Padre Geral.
Emitiu os primeiros votos a 8 de Dezembro de 1952 e os perpétuos em 1958, quando se encontrava já desde há dois anos no Sudão, para onde tinha sido mandado com apenas 23 anos. Aqui permaneceu até à expulsão dos missionários em 1964.
Depois de três anos em Espanha, o Ir. Pietro foi destinado ao Uganda como encarregado da casa, nas comunidades de Nyapea e Paidha. Em 1978 foi destinado à comunidade de Messina (Itália), para trabalhar na promoção vocacional de aspirantes a Irmãos. Destinando-o à província italiana, o Superior Geral de então, P. Tarcisio Agostoni, escrevia-lhe: “Agradeço-te pelo bom trabalho que fizeste na missão nos diversos lugares onde estiveste… estou certo de que o entusiasmo e a generosidade que tens demonstrado se revelarão igualmente em Itália. Sei que tens receios porque tecnicamente não te sentes preparado para o trabalho que a Província te vai pedir: eu pelo contrário estou convencido de que, mais do que de técnicos, precisamos de testemunhas, de pessoas autênticas que falem com o coração, que falem por experiência e que saibam infundir o amor pela consagração da vida às missões”.
Em 1983 regressou ao Uganda, onde permaneceu durante o resto da sua vida missionária.
Trabalhou durante muitos anos em Weste Nile, especialmente entre os Alur, quase sempre nas construções. Prestou o seu serviço também em Kalongo entre os Acholi, onde em Paimol construiu a igreja em honra dos jovens mártires catequistas Davide Okello e Gildo Irwa. A propósito, reproduzimos um trecho da entrevista do P. Lorenzo Gaiga ao Ir. Pietro, por ocasião da beatificação deles, a 20 de Outubro de 2002. “A poucos metros da terra banhada pelo sangue de Davide e Gildo – diz o Ir. Dusi – construímos um santuário dedicado a eles. Digo ‘construímos’ porque comigo trabalharam todos os cristãos do lugar. A igreja mede 20X10 metros e tem quase 12 de altura. É construída em pedra de granito. Mas presentemente apercebemo-nos de que precisamos de acrescentar alas porque é já demasiado pequena e não consegue conter os cristãos. Realmente o sangue dos mártires é semente de novos cristãos… Também entre os jovens africanos há muita coragem em testemunhar o Evangelho e dar a vida pelo Senhor e pelo verdadeiro bem dos seus irmãos”.
Prestou o seu serviço também em Karamoja, em Naoi, para a reparação da casa dos padres, em Matany, em vários trabalhos. Trabalhou em diversas outras missões do Norte do Uganda: Angal, Parombo, Pakwach, Kiryandongo, Namalu, Bala, Alenga e Aliwang. Entre os acholi era chamado Oriba e ele mesmo explicava-nos porquê: “Para pôr em prática o ensinamento de Comboni, salvar a África com a África, esforcei-me por trabalhar não ‘para’ eles, mas ‘com’ eles; por isso fui chamado Oriba, que significa união. O nome foi-me atribuído pelo chefe numa espécie de cerimónia que recorda vagamente o baptismo. Eu estou orgulhoso disso e espero que este nome seja sempre um programa de vida para mim. Muitas mães em Paimol põem aos seus filhos o nome de Oriba, na esperança que eles sejam homens de paz, de união, de concórdia. E há necessidade disso no Uganda de hoje”.
Eram duas as características salientes do Ir. Pietro, segundo o P. Guido Oliana, que o conheceu bem quando era provincial do Uganda: era um grande trabalhador e tinha uma grande paixão pastoral. Era um homem de fé e queria comunicá-la a todo o custo, mesmo quando não conhecia bem a língua, como em Karamoja.
Em 2010 o Ir. Pietro teve de regressar a Itália para tratamentos e foi para Verona, onde permaneceu até à sua morte, a 12 de Setembro de 2014. Em Dezembro de 2012 escrevia: “Com os meus irmãos africanos vivi mais de quarenta anos de vida missionária. Procurei sempre testemunhar o Evangelho aos africanos com a oração, a caridade e o trabalho, lado a lado, na construção de igrejas, escolas, manutenção das missões…
A cada partida para a África, recordo as lágrimas da minha mãe e a separação de tantas coisas bonitas da minha terra. A minha mãe dizia sempre: ‘Piero, recorda-te de ser fiel à tua oração e sê sempre honesto! O Senhor te abençoará e te retribuirá’”.