Advento: não é esperar o Senhor, ele já está aqui. Mas é reconhecê-lo, hoje, no nosso mundo. E como reconhecê-lo? A reflexão é de Raymond Gravel (1952-2014), padre da arquidiocese de Quebec, Canadá.

Lucas 21, 25-28.34-36

Como alcançar essa felicidade? 
A felicidade de esperar

Advento: não é esperar o Senhor, ele já está aqui. Mas é reconhecê-lo, hoje, no nosso mundo. E como reconhecê-lo? A reflexão é de Raymond Gravel (1952-2014), padre da arquidiocese de Quebec, Canadá, publicada no sítio Réflexions de Raymond Gravel, comentando as leituras do 1° Domingo de Advento – Ciclo C. A tradução é de Susana Rocca. Referências bíblicas: 1ª leitura: Jr 33,14-16; 2ª leitura: 1Ts 3,12-4,2; Evangelho: Lc 21,25-28.34-36

Celebrar o Advento

Que podemos dizer? Essa palavra, que significa chegada, vinda, espera, convida-nos à esperança, isto é, ao desejo de que esse mundo novo, tão esperado depois de séculos, aconteça. Mas o que esperamos exatamente? O Senhor? Não! Ele já veio e ele está ainda aqui! Uma senhora escreve: “O Advento… Esperar o Senhor quando ele está ainda aqui? Esperá-lo… não será melhor reconhecê-lo, descobrir seu rosto nos sinais dos tempos, nas belezas e nas luzes do nosso mundo, apesar das fealdades e das sombras?” Sim, é isso o Advento: não é esperar o Senhor, ele já está aqui. Mas é reconhecê-lo, hoje, no nosso mundo. E como reconhecê-lo? Vejamos o que São Paulo e São Lucas nos dizem.

Crescimento no amor

São Paulo, na sua primeira carta aos Tessalonicenses, escrita no ano 51 d.C., convida os cristãos desta comunidade para o amor entre eles e para com a humanidade: “Que o Senhor os faça crescer e aumentar no amor mútuo e para com todos, assim como é o nosso amor para com vocês” (1Ts 3,12). Mas esse amor só é possível na aceitação das nossas diferenças e no respeito a nossa dignidade humana. Como poder amar o outro, diferente de nós, se não aceitamos que ele seja o que ele é? Se cada um possui a sua verdade e tenta impô-la aos outros, o amor não é possível. É o começo da guerra das religiões, é a fonte de todas as desigualdades, é o começo da opressão, é o drama do ostracismo e da exclusão.

Mas como falar no crescimento do amor se as religiões ignoram a fé que tem como fundamento o amor? Lembremo-nos do que São Paulo nos diz sobre o amor: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria” (1Co 13,1-3).

E eis aqui a definição que é dada: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13,4-7). E o amor é tão importante que, na sua conclusão, São Paulo acrescenta: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor” (1 Co 13,13). Para nós, cristãos, que celebramos mais uma vez o Advento, lembremos que Cristo veio e que ele está ainda aqui, é a encarnação perfeita do Amor, e nada pode detê-lo, nem mesmo os homens e os povos e – eu acrescentaria – nem mesmo a Igreja que pretende falar em seu nome.

O Amor tem por nome Cristo Jesus

São Paulo, na sua primeira carta aos Tessalonicenses, escrita no ano 51 d.C., convida os cristãos desta comunidade para o amor entre eles e para com a humanidade: “Que o Senhor os faça crescer e aumentar no amor mútuo e para com todos, assim como é o nosso amor para com vocês” (1Ts 3,12). Mas esse amor só é possível na aceitação das nossas diferenças e no respeito a nossa dignidade humana. Como poder amar o outro, diferente de nós, se não aceitamos que ele seja o que ele é? Se cada um possui a sua verdade e tenta impô-la aos outros, o amor não é possível. É o começo da guerra das religiões, é a fonte de todas as desigualdades, é o começo da opressão, é o drama do ostracismo e da exclusão.

Mas como falar no crescimento do amor se as religiões ignoram a fé que tem como fundamento o amor? Lembremo-nos do que São Paulo nos diz sobre o amor: “Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria” (1Co 13,1-3).

E eis aqui a definição que é dada: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Co 13,4-7). E o amor é tão importante que, na sua conclusão, São Paulo acrescenta: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor” (1 Co 13,13). Para nós, cristãos, que celebramos mais uma vez o Advento, lembremos que Cristo veio e que ele está ainda aqui, é a encarnação perfeita do Amor, e nada pode detê-lo, nem mesmo os homens e os povos e – eu acrescentaria – nem mesmo a Igreja que pretende falar em seu nome.

O Amor tem por nome Cristo Jesus

Neste trecho de teor apocalíptico do evangelho de Lucas que temos hoje, o autor que escreve entorno dos anos 85-95 d.C. viveu as grandes mudanças que ele anuncia. No ano 70 d.C., Tito e as legiões romanas saquearam Jerusalém, roubaram, incendiaram e reduziram a Terra Santa a um anexo do Império. Doravante, não é mais Jerusalém o coração da Igreja, mas sim Roma, lá de onde Pedro e Paulo vêm semeando o Evangelho sob o preço da própria vida. Alguns cristãos da comunidade de Lucas não compreenderam ainda o que acabava de acontecer. Eles têm a impressão que a ruína de Jerusalém é, ao mesmo tempo, a ruína do cristianismo e o fim da Igreja. E a questão que eles se perguntam é a seguinte: Será que Jesus não se enganou? Será que ele não cometeu algum um erro?

Esse texto de Lucas quer reorientar a situação. Ele focaliza as coisas e convida aos cristãos de seu tempo a acordar. Se Jesus fala aos seus discípulos da sua vinda, é porque ele já veio e está entre eles. Então, o que está sendo anunciado é uma inversão completa que deve acontecer com a sua vinda, que se caracteriza pelo nascimento de um mundo novo, na manhã da Páscoa, através das catástrofes, as desgraças e dos dramas da história com os quais eles foram confrontados. É uma boa nova que Lucas anuncia: “Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima” (Lc 21,28).

É por amor que esse mundo novo nasceu na manhã da Páscoa, e é no amor que ele pode desenvolver-se e crescer. O exegeta francês Jean Debruynne escreve: “Aí está a verdadeira Boa Nova, aí está o verdadeiro caminho da vinda de Jesus. Não é o caminho das ruínas, das angústias e do caos, é o caminho do homem de pé, do homem acordado, do homem rezando como um vigia. Jesus vem. Ele não vem somente numa manjedoura, ele vem no coração das nossas realidades, mesmo se elas têm o sabor da desgraça. Jesus vem porque ele está já no coração da nossa vida. Nada, nem mesmo o medo, pode arrebatá-lo”.

Eu vos desejo um feliz tempo de Advento!
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