Quarta-feira, 28 de Junho 2017
As irmãs missionárias combonianas Luísa Manuel, moçambicana de 47 anos, e Giuseppina Lupo, italiana de 37, deixaram-nos demasiado cedo e sem se despedirem. Ambas as duas andavam a visitar as comunidades cristãs, em plena selva amazónica, no Brasil. No sábado passado, dia 24 de Junho, pelas 8 horas da manhã, deixaram a comunidade aonde tinham prenoitado e puseram-se a caminho da próxima. Mas não chegaram. Fizeram menos de 50 quilómetros da imensa estrada transamazónica. Deveriam passar uma ponte que as levariam para o outro lado do Amazonas, o maior rio do mundo, tanto em volume de água quanto em comprimento. A poucos metros da entrada da ponte, o carro resvalou e capotou ravina abaixo até cair nas águas do rio. Morreram afogadas.
Luísa Manuel e
Giuseppina Lupo.
Os corpos das missionárias foram encontra- dos pelos cristãos da comunidade que as esperavam. Como não chegavam, os cristãos lembraram-se de vir ao seu encontro e deparam com o triste cenário: um carro no rio. Dentro, exactamente, as duas irmãs. Mortas.
A notícia chegou à diocese e à comunidade mais próxima das irmãs, em Porto Velho. Na tarde do dia 25, o bispo de Humaitá presidiu ao funeral das irmãs. Estavam presentes as combonianas de Porto Velho, muitos cristãos de Santo António de Matupi, onde as falecidas residiam, e de outras comunidades vizinhas. Foi o último abraço das populações indígenas a quem, desde 2015, as missionárias se dedicavam e davam o melhor de si mesmas.
De canoa ou de carro, as irmãs percorriam milhares de quilómetros sobre a água ou no meio da poeira ou da lama, de comunidade em comunidade, para testemunharem a alegria de seguir o Evangelho e para colaborarem com as populações na resolução dos seus muitos problemas. Hoje, ficam apenas as saudades.
“Vivíamos a 400 km de distância – conta a irmã comboniana Chiara Dusi, da comunidade de Porto Velho –. Eram as nossas vizinhas mais próximas. Quando passavam por aqui, sempre de fugida e com pressa de voltar a Santo António de Matupi, traziam uma lufada de ar fresco e de alegria à nossa comunidade. Giuseppina entrava na cozinha e preparava-nos as suas especialidades culinárias. A Luísa, com a sua espontaneidade, conquistava a todas nós. E, quando partiam, eu ficava com a sensação de ter recebido muito mais do que aquilo que era capaz de dar a elas, acolhendo-as na nossa casa. Elas sabiam escutar a canção da vida e sabiam unir as suas vozes para a tornar ainda mais bela.”
Combonifem