Mensagens natalícias de combonianos portugueses espalhados pelo mundo

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Natal de 2020
Neste ano de 2020, tão marcado pelos efeitos do coronavírus, os missionários combonianos portugueses espalhados pelo mundo, não deixaram de nos brindar com belas mensagens e reflexões optimistas sobre o Tempo que estamos a viver, um Tempo cheio de paradoxos. Se, por um lado, encontramos tantos sinais de dor e de morte, por outro, não nos faltam sinais do Amor de Deus, que jamais nos abandona. Celebrar o Natal em 2020, será, sem dúvida, celebrar a Esperança de que Deus permanece sempre na história de cada um de nós e na História da humanidade… Um Bom Natal!

Possa o Emmanuel encher-vos de esperança e das suas bênçãos

Caríssimos confrades,
Saudações em Jesus, o EMMANUEL. Espero que o COVID vos tenha deixado tranquilos. As notícias que chegam daí não são as melhores. Esperamos que o medo não supere a serenidade e a prudência que a situação exige. Por aqui vive-se como se o bichinho não existisse. Esperamos que continue assim porque esta gente já tem quanto baste: malaria, SIDA, fome…

Continuamos à espera das chuvas que acalmem este calor abrasador. Já deram os primeiros sinais e agora estamos esperançados de que o futuro possa ser melhor. Entretanto aguentam-se os meses mais duros até à novas colheitas. Esta gente ensina-me que nunca podemos desanimar e que há que viver na Esperança de que algo melhor há-de vir. Também para vós melhores dias virão. O bichinho não há-de vencer.

Mando o cartãozinho natalício que preparei para este Natal. Possa o EMMANUEL encher-vos de esperança e das suas bênçãos.

Unidos na oração e na missão. O amigo de sempre,
P. Manuel Alves Pinheiro de Carvalho
Chikowa – Zâmbia

Mensagem de Natal 2020

P. Martinho Lopes Moura.

Caríssimos amigos/as,
Venho saudar-vos neste Natal de 2020. Natal é a festa de Jesus, que veio, vem e virá, para nos trazer tanta paz e alegria de coração. Este ano celebramos o Natal, de certo modo diferente dos anos anteriores. Convivemos, em nosso mundo, com o Covid 19, que trouxe angústia e medo para os habitantes deste nosso planeta Terra. Contudo Jesus Cristo é mais forte que todos os vírus. Ele veio para curar as nossas doenças e para nos libertar, das nossas angústias. Vem Senhor e liberta-nos de todos os nossos males, presentes e futuros. Os Anjos cantaram, em Belém e, querem cantar de novo “Glória a Deus nos altos Céus e paz na Terra aos homens, por Ele amados”.

Quero também apresentar, a cada um de vós, um Feliz e Santo Natal e um novo ano abençoado, pelo Deus Menino e para todos muita paz e saúde.

Um abraço amigo e fraterno e sempre unidos pela amizade e oração...
P. Martinho Lopes Moura
Missionário Comboniano
Viseu – Portugal

Saudação de Natal

Immagine di Umberto Gamba.

Estimado confrade,
Espero estejas bem de saúde, tu e os teus familiares e amigos, apesar do tempo incerto e suspenso que vivemos este ano. Aproxima-se o Natal e desejo mandar-te uma saudação, desejando a alegria e a plenitude da Vinda Jesus para a tua pessoa e o teu serviço de sacerdote missionário: que Ele possa nascer em ti onde te encontras, e através de ti em tantos irmãos, pelo que anuncias e vives.

Entramos hoje na Novena de preparação para celebrarmos o nascimento de Cristo. Por um lado, sinto a necessidade de comunicar com os amigos e com os colegas, de dizer uma palavra após este isolamento, para quebrar este jejum de comunicação a que a pandemia nos obriga. Mas, por outro lado, não sei bem como o fazer, sinto dificuldade em quebrar o silêncio e juntar as palavras. A pandemia fez-nos experimentar quão insuficientes são as palavras que podemos dizer para compreender o que vivemos, para trazer conforto e comunhão, para oferecer alguma réstia de luz e alegria.

Sim, no Natal falamos de Esperança e Alegria, pela vinda de Jesus, na celebração do Seu nascimento em Belém. E precisamos tanto de esperança e alegria, atormentados e desconcertados como estamos pela perda de vidas e pelas mortes injustas dos nossos amigos e companheiros. Nós combonianos em Itália, em pouco menos de duas semanas recentes e numa mesma comunidade, em Verona, perdemos quinze missionários levados pelo vírus, nem todos tão idosos como isso e todos a merecer uma velhice tranquila. E, aqui em Roma, no fim da semana passada, perdemos o sorriso e a bela presença do superior da comunidade, o P. Celestino, que não conseguiu sobreviver a um mês de luta contra o vírus no hospital. Durante a sua luta, acompanhámo-lo na esperança de que o Senhor da Vida o devolvesse ao nosso convívio; em vez disso, Ele acolheu-o no convívio eterno. Ao Seu amor e misericórdia o confiamos.

Quando soubemos que a saúde do Padre Celestino tinha piorado e que só as máquinas o mantinham vivo, estávamos na Missa e cantávamos o cântico “Tu és fogo vivo”. O versículo, que o solista cantava, dizia: “Tu és o esposo ardente que regressa à noite, do meu dia tu és o abraço. Eis, já exultante de eterna alegria este dia de suspiros. Se contigo, como queres, sou consumido pelo amor, estou em paz”.

Sim, este tempo incerto e suspenso ainda é tempo de falar de alegria e de paz, de esperança. Ou melhor, deixar que Deus nos fale, já que as nossas palavras não sabem como o fazer. 

Por isso, termino com algumas palavras do conhecido poema de Charles Péguy (O pórtico do mistério da segunda virtude, a esperança), que um amigo me enviou, e que eu partilho aqui na esperança de que este Natal nos traga a luz e a alegria que nos curam interiormente.

«... a esperança, diz Deus, eis o que me surpreende! A mim mesmo. Isto é espantoso. Que esses pobres filhos vejam como estão as coisas e acreditem que amanhã será melhor. Que vejam como estão as coisas e acreditem que amanhã será melhor. Isto é espantoso e é realmente a maior maravilha da nossa graça. E eu próprio estou espantado com isso [diz Deus].

A fé é uma Noiva fiel. A caridade é uma Mãe. A esperança é uma criança insignificante. Que veio ao mundo no dia de Natal … E, no entanto, é esta criança que atravessará os mundos. Esta pequena criança que nada vale. Ela sozinha, carregando as outras, atravessará os mundos fechados.

Como a estrela guiou os três reis desde as profundezas do Oriente. Até ao berço do meu filho. Assim, uma chama trémula. Só ela guiará as Virtudes e os Mundos. Uma chama brotará da escuridão...»

Feliz Natal, com a minha recordação de amizade e oração.
Manuel Augusto Lopes Ferreira
Missionari Comboniani
Via Luigi Lilio 80 – Roma/Italia

Mensagem de NATAL 2020
JESUS NASCEU PARA MIM

P. Alfredo Ribeiro Neres.

Caríssimos amigos e amigas, aqui vai a minha mensagem de NATAL 2020. Que a ternura do presépio de Belém encha os vossos corações, para viverdes na paz e na alegria este tempo de graça, no meio da pandemia. Vosso, P. Alfredo Ribeiro Neves, Isiro/R.D. Congo.

JESUS NASCEU PARA MIM!

Sim! Ele nasceu porque eu existia! Mas, por causa dos meus pecados, das minhas transgressões, estava muito longe de Deus e, num movimento de Misericórdia do Seu Coração, quis trazer-me a grande alegria de me tornar um filho (uma filha) de Deus.

Para realizar essa façanha, a um certo momento da História, a que S. Paulo chama a «plenitude dos tempos», Deus voltou-se para mim, viu a minha miséria e teve compaixão de mim, por isso, «enviou o Seu Filho, nascido de Mulher (MARIA), …para que eu recebesse a adoção de filho (filha)» de Seu Pai (cf. Ga 4,4-7). Agora «já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim, … porque o Filho de Deus me amou e se entregou a si mesmo por mim» (Ga 2,20).

Eis a grande verdade: o meu Irmão, Jesus, nasceu para mim, viveu para mim e morreu por mim, para me resgatar do pecado e da morte e para que eu viva para toda a eternidade com Ele na casa do Pai.

JESUS NASCEU PARA MIM!

Sim! Ele nasceu de Maria Santíssima e continua vivo dentro de mim, para sempre, se não O expulsar com o meu pecado.

Ele não nasceu só para estar em grutas num presépio, num tempo muito distante, ou para ficar fechado dentro dum Sacrário sozinho nas nossas Igrejas. Não! Ele quer que eu seja um Tabernáculo Vivo que O leva para toda a parte para onde vou, para que, em mim, Ele possa contemplar comigo as maravilhas que o Pai criou e abençoar todas as pessoas que encontro no meu caminho.

Esta é uma grande verdade que cada um e cada uma de nós pode repetir, sem medo de errar: JESUS NESCEU PARA MIM!

Esta realidade pode confortar-nos grandemente no meio desta pandemia, onde vivemos, sabendo que a nossa vida está nas mãos do Pai agora e para sempre.

O Natal não é uma coisa banal, que celebramos na noite e no dia de Natal, num lindo presépio, mas que depois o metemos num cartão e o arrumamos até ao próximo ano.

Não! O natal é o nascimento do Deus-Menino, que nasce e renasce cada dia dentro de nós, cada vez que O recebemos no Sacramento da Eucaristia. Para celebrar com dignidade uma festa (Natal), é deixar que o Aniversariante (Jesus) esteja presente.

Peço a Nossa Senhora, a S. José e ao nosso Jesus, que vos encham das suas graças, para viverdes este tempo natalício, na paz e na alegria com a ternura do Menino Jesus, que nasce para cada uma e cada um de nós.
P. Alfredo Neres

Ir. Bernardino Frutuoso, Lisboa / Portugal.

Feliz Natal 2020
desde o Congo

“O cenário de Natal em  Kisangani é diferente. As "estrelas de Natal" são as árvores que enfeitam as cabanas e as casas das pessoas”. Mas este natal é especial porque se o Congo está mergulhado numa grave crise política e a população abandonada a si mesma, as pessoas continuam a viver na esperança de um amanhã melhor. O Natal é diferente porque aqui não nos confrontamos com muitos casos da pandemia Covid19, mas com pobreza extrema por uma grande parte da população. No dia 16 deste mês tivemos a alegria de ter uma celebração eucarística presidida pelo cardeal de Kinshasa, D. Fridolin Ambongo, que juntou milhares de pessoas. Ele apresentou a difícil situação sem papas na língua.

Aqui no Natal não há manifestações exteriores, como luzes, pois a eletricidade existe apenas nas cidades e com continuas interrupções. O Natal celebra-se sobretudo a nível litúrgico. Durante o tempo do Advento as paróquias preparam-se através de recoleções, sacramento da reconciliação, ensaio de cânticos, de modo que q celebração do Natal se torna uma explosão de alegria. Nas paróquias maiores pode haver mais de 100 batizados. Cada paróquia organiza-se, enfeitando as igrejas, limpando as ervas à volta das capelas, etc. Em muitas famílias depois da missa da vigília, os pais em casa prodigam conselhos aos filhos à volta da mesa enquanto fazem a refeição. Nestes últimos anos tenho passado o natal juntamente com um grupo de postulantes da Maison Comboni, numa das capelas da paróquia Rainha dos Mártires (Malkia wa Mashaidi) em Kisangani, que é servida pelos Combonianos. As crianças apresentam-se com novos vestidos coloridos no dia de natal. As famílias que têm um pouco de possibilidade têm sempre um pouco de carne ou peixe, acompanhado de uma cerveja ou refrigerante. Para as famílias mais pobres existe sempre um copo de vinho extraído da palmeira (masanga na mbila).

As aldeias um pouco distantes da cidade são constituídas por pequenas cabanas de tijolos ou de barro e na sua maioria cobertas ainda de palha. Em cada casa minúscula vive uma família de cerca de 10 pessoas, em média. Não há eletricidade e a vida segue os ritmos do sol com tradições rígidas e muito antigas. A Rádio é ainda para a maioria das pessoas o único meio de contato, embora já se encontre alguma televisão sobretudo para ver os desafios de futebol

 Na cidade a vida é diferente, há corrente elétrica, mesmo se ela vem e vai e passam-se semanas sem corrente elétrica. A televisão está espalhada por uma grande parte da população. Aqui, 75% dos 80 milhões de habitantes ainda vivem com menos de um dólar por dia; 20% da população é analfabeta. Infelizmente, o fenômeno da juventude de rua está se expandindo; sobretudo a situação de meninas e adolescentes que são forçados a viver na rua. A igreja católica e outras instituições procuram dar uma resposta a esta situação, mas para um país com estas dimensões são sempre insuficientes

No entanto, a República Democrática do Congo possui consideráveis ​​recursos naturais, minerais e humanos que, se fossem administrados de forma adequada, poderiam tornar a nação num dos motores econômicos e culturais da África. Basta pensar nos depósitos de cobalto, cobre, urânio, ouro, diamantes, petróleo, madeira e um potencial hidroelétrico dos mais ricos do mundo se fosse bem explorado.

Sentimos nas pessoas o desejo de mudar, de melhorar seu padrão de vida por meio de um trabalho honesto e através da lei do desenrasca. No mês de novembro o presidente do Congo encetou uma séria de conversações com todos os partidos para formar uma “união sagrada”. Oxalá que isso venha a acontecer, como presente do Natal, para que o Congo possa sair do marasmo da divisão do poder, mas a situação atualmente não é clara. Que o Mensageiro da Paz venha iluminar os responsáveis deste país para encontrar um novo rumo para este país.

Um Santo Natal e Feliz Ano Novo 2021
Um abraço amigo e fraterno

P. José Arieira de Carvalho
Kisangani / República Democrática do Congo