P. Manuel Augusto Lopes Ferreira: “A Beleza vem ao nosso encontro”

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Natal 2021
Estimado amigo e confrade! O meu abraço, com uma lembrança de amizade e comunhão, neste tempo que antecede a celebração natalícia. Alargo a minha saudação aos confrades da tua comunidade, desejando que estejais bem de saúde e que o Natal acresça fecundidade apostolica e alegria de viver à vossa vida e à vossa missão.

Chegamos ao Natal a saborear um desejo frustrado, uma sensação que nos incomoda. Esperávamos poder voltar ao normal, à terra natal, experimentar o afecto e a proximidade das pessoas e ver reacender-se em nós o calor das amizades e a alegria de viver. 

Em vez disso, debatemo-nos de novo com a oportunidade (ou não) de encontrar os outros, as exigências do viajar, as regras da distância, a imposição das máscaras, a ameaça de um inimigo escondido, o virus, que teima em nos manter prisioneiros do medo, a viver um tempo suspenso e incerto, aparentemente sem fim à vista, e com saudades de um passado para sempre ido.

Nestas semanas que passaram não pudemos evitar a sensação de estarmos, de certo modo, a andar para trás... mas a espera do Natal alimentou também outras sensações e outros desejos, ajudou-nos a sentir outros apelos interiores: a alargar o horizonte que ameaça fechar-se diante dos nossos olhos, a abrir a porta na prisão que nos mantém reféns da pandemia, a descortinar uma brecha nos muros que o medo faz erguer à nossa volta. 

O Advento ensina-nos a abertura às promessas de Deus, a arte de nos deixarmos maravilhar pelas surpresas da Sua Presença no sorriso de uma criança, no rosto de um idoso, na maravilha do sol a pôr-se como na esperança dos nossos irmãos a sofrer. 

A espera do Natal estimula a nossa capacidade de desejar, desperta o sentimento da maravilha dentro de nós, acresce a capacidade de prestar atenção ao que vemos e de assumir a nossa responsabilidade diante de quem vem ao nosso encontro e se nos revela na sua fragilidade.

Nesta espera do Natal, olhamos para Maria e José; cada um à sua maneira e no seu ritmo, abrem-se às surpresas da promessa de Deus e maravilham-se diante do que vêem e experimentam, em Belém e depois, na contemplação do mistério da vida de um Filho, divino porque Filho de Deus e que cresce muito para além das suas expectativas. 

Que na gruta de Belém possamos maravilhar-nos e abrir olhos e coração às surpresas de Deus, à Beleza que cada dia vem ao nosso encontro na pobreza do nosso presépio! Deixo-te com um abraço e os votos de Feliz e Santo Natal, de Cristo e nosso, nas palavras de um belo hino da liturgia de Advento.

“Vós sois o Outro que esperamos,
Jesus, nossa Imagem!
Vós sois Quem mais íntimo nos é,
Emanuel nas nossas prisões.
Vós sois o Outro que desejamos,
Jesus, nossa alegria.
Vós sois a nossa esperada aurora,
O Emanuel, Deus connosco, na nossa noite
Que se abre ao dia!”

Com amizade,
P. Manuel Augusto