O P. Angelo D’Apice nascera em Tróia, na província de Foggia, a 21 de Março de 1933. Depois do ensino básico na sua terra e do secundário em Sulmona, na província de Aquila, sempre nos seminários combonianos, entrou no noviciado em Gozzano em 1950, onde emitiu os primeiros votos a 9 de Setembro de 1952. Fez os estudos filosóficos e teológicos em Verona e em Venegono e foi ordenado a 22 de Março de 1959.
Depois da ordenação, trabalhou durante três anos como formador no seminário de Tróia e na animação missionária.
Em 1963 foi destinado ao México. Depois da segunda guerra mundial as vocações no Instituto eram numerosas mas as potências coloniais vencedoras colocavam muitas dificuldades aos missionários italianos para trabalhar em África. Assim se abriram as missões do México, a partir da Baixa Califórnia, um vastíssimo território quase completamente desprovido de assistência religiosa por falta de sacerdotes. O P. Angelo foi mandado precisamente para esta zona, inicialmente na missão de Santo António. Passou depois para a paróquia de Santa Rosália, muito maior, a 500 quilómetros a norte de La Paz. Após cerca de um ano, foi destinado ao seminário comboniano de Sahuayo e seguidamente ao seminário menor de São Francisco del Rincón. Aqui o seminário não estava ainda concluído mas já estava cheio de seminaristas. Assim, até 1975, o P. Ângelo alternou-se entre Sahuayo e São Francisco del Rincón.
Em 1975, regressado a Itália para férias, foi destinado à comunidade de Tróia como superior. Naquele tempo os seminaristas frequentavam a escola pública. Por várias razões, o P. Angelo começou a mandá-los para o seminário diocesano de Foggia, onde estavam melhor quer pela disciplina quer pelos estudos. Em 1978, realizaram-se as celebrações do quinquagésimo aniversário de fundação do seminário de Tróia. Para a ocasião, conseguiu-se ter a presença do fundador do seminário, P. Bernardo Sartori, que «chegou ao aeroporto de Bari ainda em vestes brancas e com o terço na palma da mão. É recebido pela população com alegria, afecto e veneração».
Ao terminar o seu mandato em Tróia, o P. Angelo renovou o pedido, apresentado desde 1975, de ser mandado para África, para uma missão de língua inglesa. Em primeiro lugar obteve licença para ir para Inglaterra durante um ano para estudar inglês, depois, foi destinado ao Quénia em 1980, aonde chegou em 1981 e aí permanece até 2001, principalmente na paróquia de Mogotio (12 anos), situada no centro do Quénia e habitada por várias etnias, e na paróquia de Sololo (5 anos), onde vivem os Borama, pastores que habitam na zona entre o Quénia e a Etiópia.
No seu livro «Fuoco all’Equatore», o P. Angelo conta que Mogotio compreendia diversas populações e aldeias numa superfície de 3.600 km2, quase o dobro da província de Milão, com uma densidade populacional muito baixa e estradas que «não atingem a categoria dos caminhos de mulas». Os baptizados eram cerca de 1600.
Nos primeiros dias em Mogotio, durante um passeio ao lago Bogoria – uma «jóia de lago», na boca de um vulcão, pátria de numerosos flamingos de asas cor de rosa, mas também semeado de géiser e fontes de água a ferver – o P. Angelo caiu à água, queimando as pernas até ao joelho: transportado ao hospital católico «Mater Misericordiae» de Nairobi, teve de submeter-se a transplantes de pele.
Nos doze anos passados em Mogotio, o P. Angelo teve de esforçar-se muito, frequentemente dificultado por muçulmanos e protestantes, para levar por diante o seu apostolado. E no entanto, no seu livro, falando daqueles anos, descreve um florescimento de obras: igrejas (numerosos centros de oração e a igreja-santuário em Mogotio precisamente), asilos, cursos de corte e costura, curso de alfabetização, conversões, baptismos, matrimónios, as Pequenas Comunidades Cristãs que continuavam a aumentar. Houve também duas ordenações sacerdotais.
Em Mogotio celebrou o seu vigésimo quinto aniversário de sacerdócio. Naquela ocasião escreveu: «O meu sacerdócio é ainda o de há vinte e cinco anos: fresco, jovem, forte, divino, porque a graça não envelhece, não tem idade, é como Deus. É por isso que o sacerdote não se reforma, antes trabalha cada vez mais».
Em 1955, depois do Curso de Actualização em Roma, foi destinado à missão de Sololo, «zona quente devido ao sol e à pólvora dos disparos, porque insegura (em certas áreas viajava-se com escolta)» e aí permaneceu durante cinco anos.
Em 2001 regressou a Itália, à comunidade de Casavatore, empenhado na animação missionária e com os imigrantes. Passou depois para Tróia por dois anos, também encarregado da animação missionária.
Destinado novamente ao México, chegou aí em 2009. Infelizmente porém, em Julho de 2011, teve de regressar a Itália devido a uma grave cirrose hepática e foi internado no hospital de Niguarda, Milão. O P. Angelo faleceu em Milão a 26 de Fevereiro de 2012.
Recordamos alguns dos seus livros: «P. Pietro Villani» (perfil biográfico traduzido também em língua inglesa, 1997); «Quasi un diário» (experiências missionárias no México, 2001); o já citado «Fuoco all’Equatore» (experiências missionárias no Quénia, 2004); «Storie d’Africa», 2004; «Un uomo dal cuore grande: Padre Mattia Bizzarro», 2004.