Ordenação sacerdotal dos combonianos moçambicanos Manuel Quembo e Moisés Daniel

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Quarta-feira, 12 de Outubro de 2022
Dois jovens combonianos moçambicanos, Manuel Novais Quembo e Moisés Zacarias Daniel, foram ordenados sacerdotes no passado dia 2 de Outubro – mês tradicionalmente dedicado às missões –, na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus de Chemba, que neste ano está a festejar os seus 75 anos de fundação. Dom Cláudio Dalla Zuanna, Arcebispo da Beira, presidiu à celebração eucarística. Neste ano de 2022, foram já ordenados seis novos sacerdotes, um número record desde 1946, ano da chegada dos Combonianos a Moçambique.

Entre os combonianos presentes estava também o P. António Manuel Bogaio Constantino, superior provincial dos Combonianos em Moçambique, que agradeceu a todos os que colaboraram na preparação da festa, aos pais, aos familiares e amigos dos novos sacerdotes e, muito em especial, ao comboniano P. Mkhari Antony Abednego e a uma família que vieram da África do Sul, da paróquia onde o P. Manuel Quembo fez o serviço missionário. Para além da família comboniana, estiveram presentes e representados diversos sacerdotes e irmãs das várias congregações que trabalharam na missão de Chemba, nomeadamente os Missionários da África (M.Afr.) e os Missionários Xaverianos, as Irmãs Mercedárias de Barcelona e os padres diocesanos que desde 2021 assumiram a paróquia.

Uma árvore que cresceu e que agora começa a dar frutos

Dirigindo-se aos ordinandos, durante a homília, Dom Claúdio descreveu a missão dos sacerdotes, no exercício do seu ministério sacerdotal, como intermediários entre Deus e a humanidade. “Eles são uma ponte entre nós e Deus – disse –. Apresentam as nossas alegrias, preocupações e tristezas a Deus, e a nós fazem chegar a Palavra de Deus, os Sacramentos e a sua graça para que guiem e sustentem as nossas vidas.”

O arcebispo comparou a celebração do jubileu da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus de Chemba com uma árvore plantada por missionários há 75 anos, que cresceu e agora começou a dar frutos, graças ao muito trabalho pastoral feito também por leigos, animadores paroquiais e catequistas. “Estes dois novos sacerdotes missionários – esclareceu D. Cláudio – são, portanto, frutos dessa mesma árvore, embora se destinem a servir outras pessoas que não são necessariamente as desta paróquia ou desta nossa arquidiocese.

Referindo-se ao servo inútil (do Evangelho do dia), Dom Claúdio advertiu para o risco de se poder vir a cair no isolamento, no caso de se pensar em caminhar sozinho ou passar a confiar apenas nas próprias qualidades humanas. Deus e a força do Espírito Santo devem permanecer sempre como pontos de referência. “Há 75 anos – disse – vieram missionários de fora para falar de Jesus, em Chemba. Mas se não tivesse sido a acção de Deus e a força do Espírito Santo, o seu trabalho teria sido inútil. Nós regamos esta árvore – esta missão –, mas é Deus quem a faz crescer. Nós só cuidamos dela e, depois, é Ele quem lhe dá vida e a faz dar frutos.” Portanto, os sacerdotes e os missionários ao evangelizar, ao celebrar a Eucaristia ou ao perdoar os pecados fazem-no em nome de Jesus, emprestar a sua voz a Jesus e agem graças à força do Espírito Santo.

Tal como aconselhava Paulo a Timóteo, o prelado recordou ainda a importância da oração que fortifica o dom do sacerdócio, através da imposição das mãos, para que recebendo a força do Espírito Santo não se inibam nem se envergonhem no momento de dever anunciar e de testemunhar o Evangelho de Jesus.

O amor ao próximo e a virtude de saber escutar

No dia 3 de Outubro, os neo-ordenados celebraram a primeira missa. A fazer a homilia, porém, foi o P. Constantino Bogaio, que aproveitou para reflectir sobre a relação sequencial que existe entre o mandamento do amor a Deus e ao próximo. “Primeiro, ama-se a Deus, porque é Ele quem nos dá força. Mas não se ama a Deus só com a boca, apenas pronunciando palavras. Ama-se a Deus com o coração. E, sequencialmente, ama-se ao próximo. Não se pode afirmar que se ama a Deus, mas depois não se é capaz de amar o próximo.”

O P. Constantino insistiu ainda na importância de se saber cultivar a virtude da escuta, uma vez que esta é também uma das expressões do amor a Deus e do amor ao Povo de Deus. “Amigos – afirmou –, temos de saber amar e de saber escutar a todo o Povo de Deus. O padre, o sacerdote, o missionário está ao serviço do Povo de Deus. Por isso, onde for ou onde estiver, tem de amar e de escutar a todos da mesma maneira, sem fazer acepção de pessoas. Alem disso, na vida sacerdotal, é bom também saber escutar os mais velhos, aqueles que já percorreram o caminho e têm experiência, porque eles sempre nos poderão ensinar a servir melhor o Povo de Deus que nos foi confiado.”

Primeiros sacerdotes do Noviciado S. Francisco Xavier de Nampula

Os padres Manuel Quembo e Moisés Zacarias são os primeiros frutos do noviciado comboniano de São Francisco Xavier de Nampula, que abriu as suas portas em Novembro de 2015. Neste sentido, o P. Leonardo Leandro Araya, Padre Mestre, agradeceu aos pais e aos familiares dos novos ordenados por os terem entregado e acompanhado ao longo de todos estes anos de formação missionária, segundo o carisma comboniano. Recordou e insistiu que a vocação e a vida missionária implicam algum desprendimento das nossas próprias famílias, para nos permitir dedicar e servir melhor a missão que o Senhor nos confia. Com frequência, o missionário encontra-se, fisicamente, muito distante da família e, às vezes, até com dificuldade de a contactar. “Depois de todo este longo caminho de formação missionária, da profissão dos votos perpétuos e da ordenação sacerdotal – referiu o P. Leandro –, agora não fiquem à espera de que eles possam visitar a família com frequência. A Igreja e as necessidades da missão são agora as suas prioridades e é com elas com quem se devem identificar. Portanto, em vez de impedir ou de dificultar, a família deve continuar a honrar o compromisso de apoiar e de ajudar os seus missionários no exercício da sua missão e da sua vocação comboniana, que é, preferencialmente, para os mais pobres e os marginalizados.
Esc. Jamito Paulino, mccj