O recentemente eleito Bispo de Rumbek, D. Christian Carlassare, mandou uma mensagem de apelo à justiça, ao perdão, e à reconciliação desde a cama do hospital de Nairobi, no Quénia. No dia seguinte a ter sofrido um ataque na sua residência em Rumbek, no Sudão do Sul, o bispo comboniano apela à oração e à unidade de toda a diocese de Rumbek no processo de reconciliação e perdão aos seus atacantes. Fê-lo da cama do hospital onde está estável e a recuperar dos ferimentos depois de ter sido operado a ambas as pernas. Um testemunho impressionante de coragem e de exemplo de liderança ao estilo do Bom Pastor.
Ao tomar conhecimento da notícia sobre o assalto a D. Christian Carlassare, o Irmão Teófilo, Marista, escreveu uma poesia, intitulada “Malvadez” que a seguir publicamos:
Malvadez
E ainda o mal,
À solta, sem freio,
Pensado, cerebral,
Neste meio,
Onde, por todo o lado,
Qualquer missionário é atacado. (1)
Vemos o bispo eleito
De Rumbek, Sudão sul,
Cair ferido, desfeito,
Em dia de primavera, de céu azul.
É a malvadez nos corações…
Não se compreendem estas ações. (2)
Dois homens armados
Atacam o missionário,
Que cai para os lados…
Violência que se vê a diário,
Entre tribos diferentes…
Mas o missionário é de todas as gentes. (3)
Nomeado bispo a 8 de março…
Sagração episcopal seria a 23 de maio.
A minha revolta não disfarço,
E, em muitas interrogações caio.
Porquê, afinal, este ódio secular,
Contra a Igreja, que faz o bem, sem par? (4)
Perdoa o futuro bispo, ferido,
Os seus diabólicos agressores.
É o Evangelho, tantas vezes repetido,
Mesmo no meio dos maiores horrores.
Senhor, ouve a minha oração,
Por Dom Christian e sua recuperação. (5)
Irmão Teófilo, Marista
- Estou a referir-me ao bispo-eleito de Rumbek, Sudão do Sul, D. Christian Carlassare. foi ferido a tiro, na madrugada desta segunda-feira, 26 de abril de 2021, por dois homens armados que o atacaram com três balas nas duas pernas e fugiram.
- Ações deste tipo são, em todo o lado, inaceitáveis. São ações que só podem brotar de um coração malvado. E aqui, tanto maior é a admiração, por se tratar de um missionário que tinha dedicado e, provavelmente, continuará a dedicar, a sua vida, a fazer o bem a todos e qualquer um nessa zona do Sudão.
- O bispo eleito de Rumbek tem 43 anos, trabalha no Sudão do Sul desde 2005, dedicou-se “à evangelização do povo Nuer, o inimigo declarado da etnia Dinka, maioritária em Rumbek”. Poderia estar aqui, uma possível explicação deste ataque inaceitável contra o bispo eleito de Rumbek D. Christian Carlassare. Próximo da casa do missionário estavam voluntários que ouviram os tiros e correram, imediatamente, a ajudá-lo. D. Christian tinha sido ferido nas pernas com alguns tiros. Ajudaram-no e levaram-no ao hospital da cidade de Rumbek no Sudão do Sul. Dom Christian foi assistido no hospital de CUAMM, uma ONG católica italiana, em Rumbek, “onde recebeu uma transfusão de sangue”. O padre Louis Okot, superior provincial dos Combonianos naquele país, disse que “está fora de perigo e aguarda um avião para ser evacuado para Juba”.
- A inimizade entre as tribos Nuer e Dinka poderia explicar este ataque. Mas, de facto não há explicação nenhuma para ações deste tipo. É, pura e simplesmente, a barbárie à solta. É um ódio inexplicável à Igreja que se manifesta na perseguição aos seus missionários. Contudo Enzo Pisani, médico da Organização não governamental de Médicos com a África CUAMM afirma: “Pode ter causado mal-estar a nomeação de um religioso que tinha exercido o se apostolado numa etnia rival” (AVVENIRE, 27 abril de 2021, página 5; ver o nome das duas etnias na nota 2).
- O missionário comboniano foi atacado por dois homens armados com três balas nas duas pernas e fugiram. Na reportagem do jornal CORRIERE DELLA SERA, terça-feira, 27 de abril de 2021, leio, na pagina 21: “Missionário atacado nas pernas no Sudão sul diz: “Estou sereno, perdoo os agressores”. A mesmo ideia aparece no jornal AVVENIRE do mesmo dia, na página 5, que titula: “Perdoo-lhes, rezai por Rumbek, a minha Igreja”. Mais explicitamente o bispo nomeado de 43 anos, o mais jovem bispo do mundo, se expressava em telefonema à família e ao responsável dos Missionários Combonianos em Itália: “Rezem não tanto por mim, mas pelo povo de Rumbek que sofre mais do que eu”. Mas é evidente que devemos rezar por Dom Christian e pela sua recuperação. Tanto mais que este ato malvado não o faz desistir de poder voltar a trabalhar com o seu povo. Sempre no jornal AVVENIRE, já citado, leio na página 5: “Foi um aviso, mas ele, agora, quer voltar”. Louvado seja Deus por esta generosidade sem limites. A força só lhe pode vir de Deus, em cujas mão devemos pôr o futuro do bispo-eleito de Rumbek, Dom Christian Carlassare.
Irmão Teófilo, Marista
Roma, 27 de abril de 2021