Brasil: “Padre Ezequiel Ramin vive na esperança do povo da Amazônia”

Immagine

Segunda-feira, 22 de julho de 2019
As comunidades cristãs da região do Mato Grosso organizaram, mais uma vez, uma peregrinação até ao local onde, há 34 anos (24 de Julho de 1985), foi assassinado por pistoleiros, a mando dos grandes fazendeiros, o Padre Ezequiel Ramin, jovem missionário comboniano, para fazer memória deste Servo de Deus, cujo processo de beatificação está a decorrer. Para o efeito, as comunidades realizaram um tríduo para reflectir sobre os temas: ‘o chamamento de Deus’, ‘o envio em missão’ e ‘o profetismo e martírio’. O Padre Ezequiel é testemunha da Igreja que faz opção pelos mais pobres, se compromete com uma evangelização ligada à transformação da sociedade e é fiel até as últimas consequências, tal como fez Jesus de Nazaré. Aqui, publicamos uma reportagem de Cristiane Murray com Daniel Seidel, Padre Dario Bossi e Dom Zenildo Pereira da Silva, bispo da Prelazia de Borba (AM).

Servo de Deus Padre Ezechiele Ramin, morto em um conflito agrário em 1985, no Brasil.

Centenas de fiéis reuniram-se no passado domingo, 21 de julho, em Rondolândia (MT), divisa com Rondônia, em memória ao martírio do Padre Ezequiel Ramin, morto em um conflito agrário em 1985. O missionário ordenado na Itália e enviado ao Brasil em 1980, assumiu trabalho em Cacoal (RO) na defesa dos indígenas e dos posseiros sobre o direito das terras, o que lhe custou uma série de ameaças e por fim, a vida.

Comunidades da região se organizaram para promover eventos em torno do aniversário de morte do sacerdote. As atividades começam quarta-feira (17) com a celebração do tríduo e reflexões sobre o chamado de Deus, o envio em missão, e o profetismo e martírio.

Sábado (20), houve uma celebração na Paróquia Sagrada Família, com a participação do irmão do Padre Ezequiel Ramin, Antônio Ramin, e todas as comunidades de Cacoal.

Para Padre Dario Bossi, ele também missionário comboniano no Brasil, nunca como hoje os direitos indígenas estão sendo ameaçados, a terra disputada e a floresta destruída. Pe. Ezequiel vive na resistência destas comunidades, nas dezenas de projetos de agroecologia e de educação surgidos depois de sua morte:

Ele vive também de um jeito sempre novo e vivo de ser Igreja; vive na alma e no corpo deste povo resistente, cheio de esperança que se recolheu ao redor de sua memória.

Segundo Dom Zenildo Pereira da Silva, bispo da Prelazia de Borba (AM), Padre Ezequiel “é importante para nossa fé, para nossa Igreja e para o Sínodo, pois buscou evangelizar e buscar novos rumos para o povo amazônico”.

Para Daniel Seidel, Pe. Ezequiel Ramin, trabalhador na construção da paz, inspira o compromisso missionário na Amazônia, os povos indígenas, os ribeirinhos, os quilombolas e os migrantes a lutar pelos direitos humanos e a justiça. 

Seu compromisso, sua dedicação, em sua vida de oração, nos fazem saber que somos todos parte disso, porque tudo está interligado. Que Deus seja louvado pela vida de Ezequiel Ramin.
[Cristiane Murray – Vaticannews]

Ler também: O Sonho do Pe Ezequiel Ramin para os indígenas da Amazônia