Sexta-feira, 14 de Junho de 2019
O comboniano Dom Giuseppe Sandri, desde 2009 bispo da diocese de Witbank (África do Sul), nasceu em Faedo, na província italiana de Trento, no dia 26 de Agosto de 1946. No passado dia 30 de Maio, faleceu, em consequência de uma úlcera perfurada. Tinha 72 anos, quando o Senhor o chamou, nas primeiras horas do domingo da Ascensão. O funeral de D. Sandri realizou-se no dia 6 de Junho, em Witbank. No dia 9, celebrou-se também uma Missa, presidida pelo Dom Lauro Tisi, Arcebispo de Trento, em Faedo. Os Missionários Combonianos confiam Dom Sandri à misericórdia de Deus, com a certeza, que vem da fé, de que ele desde o Céu continuará a acompanhar-nos e, em particular, a interceder pelo povo sul-africano que tanto anseia por justiça e paz.

Mensagem do P. Jeremias dos Santos Martins
Vigário Geral dos Missionários Combonianos
na missa do funeral do bispo Giuseppe Sandri
Witbank, 6 de Junho de 2019

“Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.
Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.”
(Jo. 10, 10-11)

Dom Giuseppe Sandri.

Caríssimos bispos da África do Sul, Botswana e Swazilândia,
Caros sacerdotes, diáconos e fiéis da diocese de Witbank,
Caros familiares de Dom Sandri...
Caros confrades missionários combonianos a trabalhar nesta província comboniana da África do Sul.

Foi com grande pesar e dor que tivemos conhecimento da morte do nosso irmão comboniano Dom Giuseppe Sandri. Embora soubéssemos do seu estado de saúde crítico, foi uma surpresa saber que o Senhor o tinha chamado para ele, precisamente no dia em que a Igreja celebrava a Ascensão do Senhor ao Céu. Temos a certeza de que o Senhor subiu ao céu levando com Ele o nosso irmão Giuseppe.

Neste momento, queremos agradecer a Deus pelo dom da sua vida. Agradecemos à sua família que o entregou generosamente para o serviço do Reino. Agradecemos a esta Igreja, ao povo de Deus com os seus pastores, aos missionários combonianos e aos médicos, enfermeiros e pessoal do hospital que acompanharam o bispo Sandri durante a sua doença. Uma menção particular vai para o Dr. Emanuel Taban, que o acompanhou e tratou como um filho cuida do seu pai.

Hoje, queremos celebrar sobretudo a sua vida, a sua dedicação e o seu serviço missionário na Igreja e no nosso Instituto. Agradecemos pelo dom da sua vida sacerdotal e missionária comboniana. Se pudéssemos resumir a sua vida em poucas palavras deveríamos dizer que há três características que o distinguiram: a alegria, o serviço incondicional ao povo de Deus e um profundo sentido de pertença à família comboniana.

Dom Sandri era um homem alegre. Exprimia a alegria através da sua constante boa disposição e o seu sentido de bom-humor. Uma alegria profunda que brotava sobretudo da certeza da sua vocação sacerdotal e missionária comboniana e do sentir a presença fiel do Senhor que o chamou.

O seu moto episcopal “venio ministrare” ou seja, “venho para servir” resume a sua entrega e o seu caminho de identificação com Cristo Bom Pastor, que deu a vida para que todos tenham a Vida. Podemos afirmar, sem perigo de errar, que foram a sua generosidade e a sua entrega incondicional ao Reino de Deus que foram consumindo a sua fibra de homem das montanhas trentinas e o levaram a gastar-se até à morte. São exemplo disto mesmo o seu zelo missionário, as viagens frequentes pela sua extensa diocese, e o seu desejo de estar presente nos diferentes acontecimentos da vida do povo de Deus. Ele poderia dizer como Jesus no evangelho de João: “A minha vida ninguém ma tira, sou eu que a dou”. O seu serviço transformava-se em compaixão, em vizinhança ao pobre, e em ajuda concreta aos mais necessitados.

O seu sentido de pertença ao nosso Instituto era expresso pelo seu amor à família comboniana e a São Daniel Comboni. Ele encarnou o carisma comboniano, sobretudo na expressão de Comboni quando tomou posse do vicariato de Cartum, no Sudão: “O dia e a noite, o sol e a chuva, … encontrar-me-ão sempre atento às vossas necessidades. O vosso bem será o meu, os vossos sofrimentos serão os meus… e o mais feliz dos meus dias será aquele em que eu der a minha vida por vós”. Dom Sandri exprimia assim o seu amor pelos sul-africanos: “gosto do meu Trentino, mas agora a África do Sul tomou posse do meu coração”.

Caro Joe Sandri, é hoje o dia mais feliz da tua vida, porque te deste generosamente às gentes de Witbank; é agora o tempo para estares sempre ao serviço do Povo de Deus, de um modo total e sem limite; hoje, sentimos a tua presença, o teu sorriso, as tuas gargalhadas sonoras. Neste momento, podemos dizer que o céu e a terra se tocam e tu te tornas mediador e intercessor desta Igreja, à imagem do Único mediador e intercessor Jesus Cristo, o Bom Pastor do Coração Trespassado.

Queremos pedir-te que olhes de um modo particular para esta porção do Povo de Deus e que continues a inspirar com o teu exemplo o nosso caminho. Diante do Pai, intercede pelo povo de Mpumalanga e pela Igreja da África do Sul; intercede pelos sacerdotes, religiosos e missionários e suscita, no nosso meio, novas vocações para o serviço total do Evangelho. Sabemos que continuas vivo no meio de nós e que, como peregrino, continuas a acompanhar desde a eternidade o povo que amaste e que te amou.

Gostaríamos de concluir com um repousa em paz. Mas ainda te necessitamos. Te pedimos que te associes a Comboni para juntos realizardes o que ele nos prometeu: “quando estiver no paraíso não me cansarei de rezar pela África e pelos africanos”.

Que assim seja!
Pelo Conselho Geral dos Missionários combonianos