Domingo, 7 de Setembro de 2014
O P. Italo Scoccia, sacerdote italiano, fez hoje os seus primeiros votos na Congregação dos Missionários Combonianos durante a Assembleia Provincial, que está a decorrer de 6 a 12 de Setembro na comunidade missionária da Maia, em Portugal. Publicamos aqui o testemunho do P. Italo, onde diz que sonha ser enviado ao Sudão do Sul, a missão do seu coração. Na foto: P. José da Silva Vieira, superior provincial de Portugal, entrega o crucifixo ao neoprofesso.
P. Italo Scoccia, 64 anos,
missionário comboniano
italiano.
Chamo-me Italo, tenho 64 anos de idade e sou noviço comboniano. Nasci a 11 de Setembro de 1949 na Itália. Os meus pais, Adino Scoccia e Clara Marinelli, eram agricultores pobres. Éramos uma família rica de fé. O meu pai nas noites de inverno sentava-me nos seus joelhos perto da lareira e, depois de rezar o terço em família, contava-me a história de Jesus que me comovia e fazia chorar. Embora pobre, sentia-me uma criança feliz, rodeada de muito carinho.
Aos oito anos, depois de escutar o testemunho de um missionário, manifestei, pela primeira vez, o desejo de ser missionário na África. Acabada a escola primária ingressei nos Salesianos de Loreto, para ser missionário, motivado mais pela devoção a Nossa Senhora que por um discernimento vocacional. Em 1966, aos dezesseis anos, fui admitido ao Noviciado em Lanúvio de Roma, onde comecei a discernir mais seriamente a minha vocação. Em 1968, durante os meus votos temporários, estudei no Liceu de Genzano de Roma. Em 1969 renovei os votos por um segundo triénio e fui destinado a Terni para o tirocínio prático. Tive as primeiras responsabilidades educativas, comecei os estudos universitários de Letras e Filosofia em Perugia, e experimentei a vida de uma comunidade religiosa real com muito trabalho, com muitas gratificações e também algumas desilusões no apostolado.
Quando estava preparado para fazer os votos perpétuos, no dia 27 Abril de 1972 morreu o meu único irmão Renato. Entrei em crise e, depois de um longo tempo de discernimento, saí dos Salesianos para, de acordo com os meus superiores e com o bispo da minha diocese, entrar no seminário regional de Ancona. Antes de entrar no seminário, passei um ano com os meus pais e depois de um ano de seminário fiz um ano de serviço militar em Treviso. Durante os estudos teológicos fiz experiências pastorais e estudei música no Conservatório Gioacchino Rossini de Pésaro. Antes da ordenação sacerdotal já estava de acordo com um missionário fidei donum da minha diocese para ir para a missão, num futuro próximo.
Em 1979 fui ordenado sacerdote pelo Papa João Paulo II. Trabalhei como vice pároco na maior paróquia da diocese, em Castelraimondo. Além disso, ensinei religião na escola pública e música no seminário. Sentia-me realizado. Porém, o desejo mais forte era da missão.
Em 1985 com a bênção dos meus pais e a autorização do Vigário Geral, deixei tudo e fui para Lima, Peru, como sacerdote fidei donum, para uma paróquia onde já trabalhavam outros dois sacerdotes.
Os pobres, a vida comunitária, a pastoral e todas as vivências e atividades em ambiente de Igreja que vive entre os últimos e mais atribulados da periferia de Lima fizeram-me mudar o meu modo de crer, de orar, de atuar... Alegrei-me com as pequenas conquistas dos pobres e neles reconheci a acção de Cristo Ressuscitado. Aí encontrei esse povo que sofre e que crê e nele pareceu-me tocar a “carne de Cristo açoitado”. Por isso o amei como a nenhum outro povo. Considero os doze anos de vida missionária no Peru como os melhores que eu vivi até agora, apesar de algumas sombras e erros.
No dia 1 de Janeiro 1997, o meu pai faleceu de repente e minha mãe ficou sozinha. E eu que não havia deixado a missão nem com as ameaças dos terroristas, voltei para minha diocese e levei a minha mãe para morar comigo. A 14 de Março de 2012 faleceu também a minha mãe e eu fiquei só. Imediatamente anunciei ao meu bispo a minha vontade de voltar para a missão. Entrei também em contacto com o meu amigo Comboniano, P. Daniele Moschetti, que me orientou para o superior da província italiana. Juntos mandaram-me fazer uma experiência no Sudão do Sul e depois de diálogos e consultas o superior provincial e o meu bispo puseram-se de acordo para o meu ingresso no Noviciado Europeu de Santarém, em 19 de agosto de 2013.
As motivações que me levaram a optar pelos Combonianos foram: o método missionário de São Daniel Comboni de “Salvar África com África”, a opção missionária da sua congregação de testemunhar o evangelho entre os pobres mais pobres, opção que eu tinha amadurecido no Peru, e finalmente a esperança de realizar a minha vocação missionária ad gentes, que senti desde pequeno, que nunca esqueci e que, para mim, é o melhor presente da minha vida.
Este tempo do Noviciado é um grande dom do Coração de Jesus. Estou contente por ter muito tempo de oração e uma comunidade que me ajuda a discernir e fazer a vontade de Deus. Sinto-me bem acolhido. Procuro partilhar o que sou e sei em solidariedade com os meus colegas sem distinção. Se Deus quiser, em Setembro faço a minha Profissão Religiosa e sonho ser enviado ao Sudão do Sul, “a missão do coração”.
Rezem por mim.
P. Italo Scoccia