Assembleia da província comboniana portuguesa

Os trabalhos da reunião, que além de combonianos contou com a presença de outros membros da família comboniana – noviços, irmãs, seculares, leigos e representantes dos vários grupos laicais –, realizaram-se no Seminário das Missões, primeira casa dos missionários combonianos em Portugal, recentemente renovada,  com o objectivo de passar a acolher os missionários doentes e avançados na idade.

“Com Comboni em missão profética hoje” foi o tema escolhido para a assembleia e para todo o próximo ano de actividades. Neste sentido, os missionários e as missionárias foram convidados a olhar para as escravaturas hodiernas como um desafio que não pode deixar ninguém frio nem indiferente e que, por isso mesmo, requer uma resposta pastoral.

“Os clamores e os sofrimentos de tantos nossos irmãos e irmãs, tal como todo o tipo de ameaças a que está sujeito o nosso planeta, têm de fazer parte da agenda das actividades de evangelização e animação missionária dos combonianos onde quer que eles se encontrem”, afirmou o P. Arlindo Pinto, coordenador da área de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) no Instituto. O P. Arlindo foi convidado a apresentar o tema “Visão e missão combonianas face às antigas e às novas escravaturas no décimo aniversário da Canonização de São Daniel Comboni” com o objectivo de abrir novos horizontes à programação das actividades missionárias, em Portugal.

O P. Arlindo motivou os participantes a olharem para Comboni como um modelo de missionário que “não só se interessou em sair em defesa dos escravos africanos e da sua libertação das mãos dos traficantes como também fez tudo o que estava ao seu alcance para abolir as leis e as estruturas que permitiam tão abominável comércio de seres humanos”. Na mesma linha de pensamento, sublinhou a dimensão profética de Comboni. “Comboni preocupou-se – disse o missionário – com a denúncia dos factos testemunhados ao mais alto nível eclesial e político, com a libertação efectiva dos escravos, e com a sua formação humana, religiosa e profissional. Portanto, Comboni não promoveu uma evangelização espiritualista, intimista e assistencialista, mas uma actividade missionária voltada para a libertação efectiva e integral da pessoa humana e para a abolição das organizações criminais responsáveis pelo tráfico dos escravos.”

Um outro convidado a falar foi o jornalista português Joaquim Franco. Este apresentou o tema: “Novas ‘escravaturas’: espaços abertos que desafiam a acção”. Partindo do contexto familiar e da sua experiência de jornalista de televisão, Joaquim apontou alguns desafios à missão dos Combonianos e da Igreja, em Portugal, e indicou várias escravaturas como, por exemplo: o grito das periferias sociais e existenciais; o desafio do acolhimento e a urgência das relações e dos afectos; os vícios internos da Igreja; as muitas dependências do mercado, da comunicação, e do consumo; e todas as auto-referencialidades. Para o jornalista, a família deveria ser “a aposta prioritária da missão cristã” e “a solidariedade” como a atitude que “educa contra as escravaturas”.

Os responsáveis da pastoral vocacional juvenil e da animação missionária propuseram algumas indicações para o ano pastoral de 2013-2014, destacando-se a realização de uma festa em todas as comunidades no mês de outubro centrada na figura de São Daniel Comboni. O secretariado da animação missionária irá produzir materiais audiovisuais e informativos sobre as escravaturas de hoje e como Comboni lutou contra esses flagelos do seu tempo. Todas as actividades da província e, em particular, a peregrinação comboniana a Fátima, marcada para o dia 26 de Julho de 2014, incidirão sobre esta dimensão profética de Comboni e sobre a sua santidade.

Durante a assembleia, foi feito o último escrutínio para a eleição do próximo superior provincial de Portugal. O missionário mais votado foi o P. José da Silva Vieira, actualmente a trabalhar no Sudão do Sul.