Brasil

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Sede: Sao Paulo (SP)

A ação evangelizadora dos missionários combonianos no Brasil continua inspirada e marcada pelo testemunho, dedicação e a vontade de construir o Reino de Deus através da vida e do trabalho dos muitos confrades que, desde 1952, se doaram com paixão missionária ao povo brasileiro. Os combonianos, conscientes de estar a serviço da igreja local, mas portadores também de um profetismo próprio, herdado do seu fundador, procuraram sempre evangelizar colocando-se ao lado dos mais pobres e esquecidos, priorizando a defesa de seus direitos e a denúncia contra todo abuso.

A partir da década de 70 e, principalmente por ocasião da preparação da Conferência de Medellín, a dimensão da justiça e da paz entrou como prática e conteúdo específicos da missão evangelizadora da igreja católica no Brasil e interpelou o carisma comboniano, que se deixou provocar de maneiras diferentes, tanto na província Brasil Nordeste como na Província Brasil Sul. No nordeste, por ocasião do surgimento da CPT (Comissão Pastoral da Terra) e do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) no final dos anos ‘70, mudou o enfoque acerca da questão fundiária-agrária e étnica. Concentrados essencialmente no mundo rural, os combonianos do nordeste começaram a solidarizar-se com as vítimas da grilagem e da repressão policial do Estado do Maranhão.

Nos anos ’80 continuou-se a promover o associativismo e o cooperativismo, mas começou-se a dar uma crescente importância à formação sindical, social e política. Graças a este precioso trabalho de base, se deu o fortalecimento das lutas pela terra e a renovação dos sindicatos rurais, instrumentos importantes para a construção de um novo Reino e de uma nova sociedade.

Na Província do Brasil sul o trabalho pastoral priorizou as periferias urbanas e os povos tradicionais. Muitos confrades, dando prioridade à animação missionária, dedicaram-se à animação das igrejas locais e à provocação missionária para o mundo eclesial e a sociedade brasileira.

A revista Sem Fronteiras, fundada em 1972 e publicada ao longo de trinta anos de história missionária comboniana no Brasil, fundamentava-se na teologia da libertação, defendendo movimentos sociais diversos, como, por exemplo, o da reforma agrária. A revista focava as questões sociais, nos debates acerca da discriminação, no apoio aos processos democráticos e na difusão das culturas tradicionais.

Enquanto o conflito eclodia no meio rural, as principais cidades cresciam desordenadamente abrindo a Igreja a novas questões, tais como: negros, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, encarcerados, moradia, educação, etc. Neste contexto as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) vinham se tornando uma escola de formação de lideranças que atuavam nos diversos espaços da sociedade. Muitas comunidades eclesiais e combonianas vinham crescendo e se forjando nas lutas concretas por condições básicas de vida no bairro, ou na conquista do solo urbano.

A opção dos combonianos pelos mais pobres vinha se consolidando ao lado da definição de um método pastoral ministerial, que valorizasse o protagonismo e a participação das leigas e leigos na comunidade cristã. Ainda hoje, na maior parte dos casos, isso é característica do estilo comboniano no acompanhamento paroquial e das pastorais específicas. Com a redemocratização do país, com a nova constituição e o aumento significativo dos movimentos sociais surgiram novos atores sociais. Também os combonianos abriram-se à colaboração com outros profissionais, leigos e leigas, em particular, fundando diversos Centros de Defesa dos Direitos Humanos, que na maior parte dos casos ainda hoje continuam mantendo vivo o compromisso pela vida nas periferias urbanas.

Foi nesse caldo histórico que vieram se definindo as prioridades de trabalho que ainda hoje os combonianos assumem no território brasileiro.

Em 2006, por ocasião da assembléia intercapitular, a Direção Geral apresentou formalmente a proposta de unificação das duas províncias BNE e BS. Um longo caminho de discernimento participativo levou à constituição da nova província dos missionários combonianos do Brasil em 24 de junho de 2013. Esse processo, porém, continua desafiando os confrades e as comunidades a construir uma efetiva unidade de visões, sentimentos e práticas missionárias para o futuro que nos espera, a serviço da vida e do povo brasileiro. Hoje, a província do Brasil é composta por 17 comunidades e cerca de 70 combonianos. Quase todas as comunidades assumem o acompanhamento de uma paróquia ou área missionária, com um estilo pastoral que privilegia o modelo das comunidades eclesiais de base e a ministerialidade.