Sábado, 20 de Julho de 2024
No Sudão, anos atrás, quando dois irmãos combonianos se encontravam, perguntavam «Quantos?». Referiam-se ao número de tijolos que cozeram para construir as novas missões. Os números eram em milhões! E as construções, algumas centenárias, continuam de pé, resistindo à erosão do tempo e dos tempos. Como o complexo de Wau.

Hoje, o que é que faz um missionário bem-sucedido no serviço do Evangelho? A pergunta – e a resposta – têm bailado no meu coração desde a festa do Apóstolo Barnabé, celebrada a 11 de junho. A leitura tirada do livro dos Atos dos Apóstolos apresenta Barnabé como «um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé». Por isso, «uma grande multidão aderiu ao Senhor». Barnabé foi um missionário bem-sucedido, porque (1) era bom, (2) estava cheio do Espírito do Ressuscitado e (3) e era um homem de fé.

BONDADE. O livro dos Salmos exclama num rebate de otimismo que a bondade do Senhor enche a terra inteira. Primeiro, Deus é a fonte da bondade, ou – no dizer de Jesus – «ninguém é bom senão só Deus». Depois, se a Terra está cheia da bondade do Senhor, eu também sou terra, húmus (a raiz da palavra homem, humanidade, humildade), terra fértil apta a produzir frutos bons.

A pessoa boa vive de Deus, expressa e cumpre a bondade que Deus depositou no seu coração como herança irrevogável. Todos nascemos com um capital de bondade próprio.

ESPÍRITO SANTO. São Paulo VI afirmou que «nunca será possível haver evangelização sem a ação do Espírito Santo», porque «o Espírito Santo é o agente principal da evangelização». 

É o que nos conta o livro dos Atos do Apóstolos, que deveria ser chamado de Atos do Espírito Santo, porque depois da ascensão é o Espírito do Ressuscitado que comanda a Igreja: no dia de Pentecostes, foi o Espírito Santo que encheu os discípulos fechados no salão de cima e os abriu ao mundo e à diversidade de línguas; que encheu e falou através de Estêvão; que comandou Filipe para ir para a carroça do etíope; que conduziu Pedro a casa de Cornélio e desceu sobre os gentios que com ele habitavam; que enviou Barnabé e Paulo em missão; que empurrou Paulo e Silas para a missão na Europa quando eles queriam anunciar a Palavra na Ásia. A lista é muito maior. 

No início do livro do Apocalipse de São João o Espírito fala às sete igrejas da Ásia Menor. O discípulo missionário, cheio do Espírito Santo, é enviado pelo Senhor para proclamar o Evangelho e necessita de ler continuamente a realidade à luz desse mesmo Espírito, processo chamado de discernimento. «O Espírito Santo e nós decidimos», como os apóstolos escreveram no Decreto do Concílio de Jerusalém.

. O serviço missionário que a Igreja presta ao mundo é sobretudo a partilha da fé no Senhor Ressuscitado. Não é um trabalho humanitário, sociológico ou cultural de mérito nem um ato de propaganda. É a proclamação de que Jesus que por nós morreu e ressuscitou é o Senhor e Salvador da criação inteira. Esta é a nossa fé! Sem fé não há missão, sem fé não há milagres de Jesus. Quantas vezes no evangelho Jesus diz às pessoas que ajudou «A tua fé te salvou!»? Jesus afirmou que «tudo é possível a quem crê». Por isso, a oração dos discípulos é também a nossa: «Aumenta a nossa fé». Ou a do pai do rapaz que sofria de epilepsia: «Eu creio! Ajuda a minha pouca fé».

Para terminar esta pequena reflexão, recordo o que Paulo escreveu a Timóteo, seu filho espiritual e companheiro de missão: «Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso». Outra trilogia interessante que faz discípulos missionários de sucesso garantido! 

P. José da Silva Vieira, MCCJ