Quarta-feira, 27 de Julho de 2022
O Ir. Artur Fernandes Pinto nasceu em Montalegre, Vila Real. Tem 64 anos. Missionário comboniano há trinta e oito anos, entregou perto de metade à África do Sul e conta resumidamente à Família Comboniana a história da sua vocação.
A minha opção pela vida missionária deu-se depois de ter cumprido o serviço militar obrigatório. Já tinha experimentado o mundo do trabalho, por conta própria e por conta de outrem, tinha sido bombeiro voluntário por três anos e experimentado autonomia económica. Tive uma juventude normal de muita liberdade e fui sempre um jovem feliz.
A entrada nos Missionários Combonianos foi possível porque me identifiquei facilmente com o espírito religioso, o carisma e a vida fraternal que me propuseram. Ainda hoje estes são marcos que me sustentam, mas que, com alguma apreensão, eu vejo a possibilidade de virem a perder o poder de seduzir, com a erosão do tempo, das mentalidades e sobretudo pela falta de vocações.
Devido a todo este meu êxodo missionário, o meu currículo profissional também se foi ajustando aos desafios que encontrei: fui carpinteiro, marceneiro, administrador, técnico de computadores, promotor vocacional, professor… Ocupei várias funções paroquiais. Fui conselheiro diocesano no Porto e substituí párocos ausentes, em virtude da minha preparação na linha pastoral. Por último, fui psicoterapeuta.
Como irmão missionário, tive sempre a liberdade de me adaptar às necessidades da missão. Por isso, tenho vivido na minha vocação um misto de alegria, novidade e desafio constantes. Quase metade da minha vida missionária foi gasta ao serviço do povo sul-africano – a outra parte da minha vida tem sido dedicada à animação missionária e vocacional em Portugal.
Na África do Sul, experimentei tanto a popularidade, o mediatismo, como vivi na penumbra silenciosa. De 1987 a 1991, Acornhoek foi palco da minha primeira missão. Trabalhei assistindo refugiados moçambicanos que cruzavam a fronteira e chegavam sem nada à nossa missão. De 1997 a 2002, na missão de Burgersfort, assumi a função de formador de dirigentes apostólicos locais e ajudei a abrir escolas. E de 2015 a 2020, fui assistente do bispo comboniano Giuseppe Sandri na diocese de Witbank, ecónomo da diocese, diretor diocesano das Obras Missionárias Pontifícias e de outros organismos diocesanos. Também fui psicoterapeuta e vivi a minha missão mais sofredora até ao momento: acompanhei D. Sandri no seu sofrimento até à morte.