Terça-feira, 18 de Maio de 2021
O missionário comboniano José António Mendes Rebelo é jornalista desde 1996 e já foi director das revistas combonianas “Além-Mar” e “Audácia”, em Portugal, “World Mission”, nas Filipinas, e “Worldwide”, na África do Sul. O padre e jornalista José Rebelo sempre gostou de «sair da redação para ir ver e contar histórias de bondade».
O missionário José Rebelo cruza, na sua vida, o ser padre e jornalista em experiências “próximas” que entende mediadoras de Deus, e que a missão é contar histórias de esperança na humanidade. “O jornalismo missionário, como eu o concebo, deve transmitir essas imagens e experiências, porque nos ajudam a acreditar na humanidade e a não perder a esperança. Este é um enriquecimento para nós em primeiro lugar. Sempre que pude, saí da redação, para ir ver e contar”, explica à Agência ECCLESIA o missionário que colaborou com diversas publicações da imprensa missionária.
Desde 1996 que o padre José Rebelo escreve para diversas publicações: em Portugal, para as revistas «Além-Mar» e «Audácia»; para a «World Mission», nas Filipinas, onde colaborou entre 2005 e 2012; e para a «Worldwide», na África do Sul, entre 2013 e 2020. Nestas publicações o missionário comboniano assinou artigos que contextualizam conflitos, “contam testemunhos de quem viveu e assistiu a atrocidades”, mas mostram também a bondade, “histórias positivas que deveriam ser conhecidas” e que “davam filmes e romances”.
Durante uma semana o padre José Rebelo quis viver com um missionário americano Bob McCahill, hoje com 84 anos, que vive no Bangladesh há cerca de 45 anos, entre muçulmanos e hindus, para ajudar as famílias mais pobres e adquirir cuidados de saúde, em especial para as crianças. “Só tem um beliche, sem colchões, almofadas; no tempo das chuvas entram todos os animais na sua barraca, não tem luz, não tem frigorifico, sem ventoinha, só um fogareiro onde cozinha vegetais e um pouco de arroz, todos os dias. Tem uma bicicleta chinesa, não tem dinheiro, nem telefone, vive com uns centavos que a família lhe dá, faz quilómetros para encontrar crianças deficientes e as levar ao médico, e às suas famílias. E faz isto para testemunhar o amor de Jesus pelos pobres, mas raramente fala dele porque vive entre hindus e muçulmanos”, conta.
O padre José Rebelo recorda a sua vontade de partilhar com ele alguns dias, quando soube da sua história porque, reconhece, haver um “deficit de testemunhos. Lemos artigos, contam-se histórias, mas falar de pessoas concretas e do que fazem… É preciso ir e estar, sentir na pele como eles vivem, os riscos de correm”, reforça.
No norte do Uganda em 2005, o missionário comboniano conheceu a forma como o Exército de Libertação do Senhor “estava ainda ativo e aterrorizava o povo acholi e as missões”; em Mindanao, no sul das Filipinas, o padre José Rebelo conheceu dois padres missionários italianos, o padre Peter Geremia e o padre Salvatore, que escaparam várias vezes de assassinatos; esteve na Coreia do Sul onde testemunhou o trabalho do padre Vincenzo Bordo com os pobres de Seul e a tensão na zona desmilitarizada; nos campos de refugiados no Sudão do Sul, ou nos Montes Nuba, encontrou vítimas do exército de Cartum, “a quem cortavam as orelhas e o nariz”.
“Há mal no mundo, e somos testemunhas de crueldades, mas há muito bem e os primeiros a conhecer e a beneficiar esses testemunhos, somos nós”, sublinha. O missionário comboniano reflete sobre a “exigência” do trabalho jornalístico mas dá conta da beleza que essa função apresenta. “O trabalho jornalístico é muito exigente, mas também muito consolador. Enriquecemos muito por conhecer estes testemunhos, porque me ajudaram a ser uma pessoa melhor, não apenas cristão ou missionário. As verdadeiras histórias ajudam-nos a ser melhores, e por isso vale a pena contá-las e para um público que vai mais além do que vai à Igreja ou tem fé, que nos une na humanidade comum a todos”, destaca.
A partir da mensagem do Papa Francisco para o 55.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, «Vem e Verás», as «Conversas na Ecclesia» desta semana vão destacar histórias de jornalistas que «gastam as solas dos sapatos» indo ao encontro das notícias onde elas acontecem e onde as pessoas as podem contar na primeira pessoa, às 17h na Agência ECCLESIA e às 22h45 na Antena 1.