Sexta-feira, 7 de Fevereiro de 2025
O novo ano caquético está para começar. Apresentamos uma reflexão pastoral do presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), sobre a catequese à luz a IV Assembleia Nacional de Pastoral (ANP) e do recente Sínodo dos Bispos. [Vida Nova]
Os catequistas são preciosos agentes pastorais na missão evangelizadora. Amados catequistas, lembrai-vos de que sois, para um grande número de comunidades, o rosto concreto e imediato do discípulo diligente e o modelo da vida cristã. Acolhei a todos sem discriminação: pobres e ricos, naturais e estrangeiros, católicos e não católicos” (Bento XVI, Africae Munus nn. 125-127).
Diz a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Africae Munus do Papa Bento XVI que: “a catequese deve integrar a parte teórica, constituída por noções aprendidas de memória, com a parte prática, vivida ao nível litúrgico, espiritual, eclesial, cultural e caritativo, a fim de que a semente da Palavra de Deus, caída num terreno fértil, lance profundas raízes e possa crescer e chegar à maturação”(n°165).
A catequese é, portanto, uma formação e educação na fé dos membros da comunidade e de todos aqueles que desejam integrar-se na comunidade (Igreja) para conhecer Jesus e viver os valores do Evangelho. A integração da parte teórica da catequese com a parte prática constitua um exercício obrigatório em todas as comunidades. Deste modo, todo o catequista ou a catequista, seja uma pessoa cheia do Espírito Santo, preparada para transmitir conhecimentos teóricos e com uma conduta não duvidosa, notável pela sua probidade, para que a sua vida seja aquela luz que brilha diante dos homens (Mt 5, 16).
Desde a sua inscrição, procurem os catequistas e toda a comunidade crista conhecer bem os candidatos e acompanhem-nos na sua caminhada de fé. Há aqueles que só andam á procura da “Igreja das permissões”, por exemplo: a Igreja que permite a poligamia, a Igreja que permite o consumo de bebidas alcoólicas, etc. e rejeitam a “Igreja de proibições”, por exemplo: Igreja que proíbe a poligamia, Igreja que proíbe as bebidas alcoólicas, etc. Eles não aceitam, nunca, ter Cristo como o único critério da sua vida, a exemplo de São Paulo que afirma: “Para mim viver é Cristo e morrer, um lucro” (Fil.1,21). A sua caminhada de fé é continuamente indecisa, como o caminhar do camaleão. É preciso ajudar os futuros cristãos a aceitar morrer definitivamente para o pecado e viver para Cristo (Gal 2, 20). Uma fé vivida só de “permissões” ou “proibições” e uma fé infantil e nunca leva à maturidade cristã.
Que a Catequese seja cuidadosamente organizada, ninguém seja admitido aos Sacramentos sem uma conveniente e prévia preparação para recebê-los ou, no caso dos bebés, sem a devida preparação dos pais ou tutores. É contra a caridade pastoral admitir aos sacramentos as pessoas não preparadas, que facilmente trocarão Deus por outros deuses, a igreja por outras igrejas, num degradante nomadismo religioso, porque nunca “aprenderam” a crer de verdade, isto e, nunca tiveram um encontro pessoal com Cristo.
Dar razão da Fé
A minha insistência sobre a necessidade de boa preparação de todos aqueles que desejam receber os Sacramentos prende-se ao facto de verificar-se hoje, em muitas comunidades cristas, um escandaloso jogo de “muhalelismo” (“não lhe digam”) que consiste numa autêntica vagabundagem espiritual: pessoas que fogem dos “maus párocos” (aqueles que exigem seriedade na preparação para os Sacramentos) para irem recebê-los dos “bons párocos” (aqueles que admitem as pessoas aos Sacramentos sem o mínimo de preocupação pela sua preparação). Essa vagabundagem espiritual tem um movimento nos dois sentidos: das paróquias rurais para as paróquias das cidades e vice-versa. Exorto a todos os párocos a nunca se deixarem viciar por essa prática não cristã.
A preparação para a recepção dos Sacramentos de Iniciação Cristã deve circunscrever-se na perspectiva de uma formação de autênticos discípulos missionários de Cristo, como referido no Documento Final do Sínodo sobre a sinodalidade, que afirma: “A formação dos discípulos missionários começa com a Iniciação Cristã e nela se enraíza. Na história de cada um há o encontro com muitas pessoas e grupos ou pequenas comunidades que contribuíram para nos introduzir na relação com o Senhor e na comunhão da Igreja. Ser discípulos missionários do Senhor, porém, não é uma meta alcançada de uma vez por todas. Implica conversão contínua, crescimento no amor “etc. atingir a medida da plenitude de Cristo” (Ef4,13) e abertura aos dons do Espírito para um testemunho vivo e alegre da fé (n°142).
Celebrar a abertura do ano catequético, porquê?
Para melhor compreendermos o “porquê” da celebração de abertura do ano catequético é importante partir do pressuposto de que a fé cristã não é possível sem a comunidade, pois na base do ser cristão está a comunidade eclesial, discípula missionária de Jesus. A vivência do Evangelho acontece de modo concreto e visível numa comunidade de fé, chamada a ser sinal do Reino. Sem essa experiência de vida comunitária, a fé seria desencarnada e abstracta, uma experiência intimista, isolada e desconectada com o projecto de Jesus Cristo.
Portanto convidamos cada comunidade em organizar o inicio da catequese com uma celebração litúrgica, eucaristia o da Palavra, e um momento de festa.