Quarta-feira, 9 de Setembro 2015
“Chamados a viver a alegria do Evangelho no mundo de hoje”. Este será o fio condutor que, a partir deste domingo (06) orientará o 18º Capítulo Geral da Congregação dos Missionários Combonianos. O Padre Enrique Sánchez González, Superior Geral do Instituto fundado por Daniel Comboni, falou aos microfones da Rádio Vaticana sobre este evento realizado no âmbito do Ano da Vida Consagrada e dos preparativos ao próximo Jubileu da Misericórdia.
“Para nós combonianos,
a África sempre foi,
antes de tudo,
o berço da nossa espiritualidade,
da nossa missão,
do nosso apostolado.
Nós nascemos na África,
para a África e o nosso coração
está na África.”
P. Enrique Sánchez.
P. Enrique: “Para o nosso Capítulo é um momento muito particular, quer para a vida do Instituto, quer para a missão que levamos em frente nos países em que estamos presentes, em contextos onde a misericórdia , hoje, é um grande desafio, sobretudo em situações de violência, de guerra, de perseguição, onde tantos dos nossos missionários estão presentes. Assim, estes dois fortes momentos da vida da Igreja nos interpelam e nos desafiam. Eu diria mais, estamos procurando refletir e viver este momento da vida do Instituto na escuta de tudo aquilo que o Papa Francisco nestes últimos meses nos está dizendo, provocando-nos, no bom sentido da palavra. Por isto, procuramos dar como tema para o nosso Capítulo, o tonar-se hoje discípulos missionários combonianos chamados a viver a “alegria” do Evangelho”.
RV: Vocês são missionários e portanto homens das periferias do mundo por definição. Com as contínuas exortações para sair em direção ao mundo e sobretudo em direção aos marginalizados da sociedade, o Papa Francisco encoraja todos os cristão à um exame de consciência entre a fé professada e a fé vivida a cada dia. Como os combonianos vivem este chamado?
P. Enrique: “Estamos convencidos de que não é uma questão somente de partir geograficamente, porque se pode ir para o outro lado do mundo e permanecer com o coração fechado e com a mente fechada e não descobrir o Deus que está presente naquelas periferias que nós justamente somos chamados a visitar. Para nós, esta chamada, este convite do Papa é antes de tudo um forte apelo, uma conversão profunda a nível pessoal para – como disse o Papa – colocar no centro de nossa vida o Senhor, fazer uma experiência de encontro com ele para poder identificar, reconhecê-lo no rosto de tantas pessoas que vivem nestas periferias onde ele é crucificado, martirizado, ignorado, descartado. O verdadeiro e único missionário é Deus”.
RV: A vossa Congregação está espalhada em vários continentes, mas a sua alma mais profunda – a do vosso fundador Daniele Comboni – é, de alguma forma, “africana”. Como vocês desenvolvem hoje a vossa missão neste continente, que será visitado pelo Papa Francisco em novembro?
P. Enrique: “Para nós combonianos, a África sempre foi, antes de tudo, o berço da nossa espiritualidade, da nossa missão, do nosso apostolado. Nós nascemos na África, para a África e o nosso coração – posso dizê-lo com muita simplicidade e sinceridade – está na África. Mas para os combonianos, a África não é somente o continente ou a área geográfica: é uma realidade da humanidade. Assim, neste sentido, aquilo que Comboni chamava de “África” – a questão da pobreza, da urgência missionária no seu tempo – para nós combonianos hoje esta realidade a encontramos também em outras partes, como nas pequenas presenças que temos em Macau, Taiwan na China, etc. Existe também a experiência da África aqui na Europa, neste momento, com tudo o que estamos vivendo com tantos irmãos e irmãs que chegam neste continente e vivem em situações realmente desesperadas”.
RV: Que obras realizam os combonianos para apoiar estas pessoas?
P. Enrique: “Por exemplo, aqui na Itália várias comunidades estão colaborando com a Caritas ou com outros Institutos para abrir as portas. Na Província de língua alemã estamos presentes em pelo menos três lugares nos quais se está se organizando a acolhida dos migrantes: em Graz, na Áustria, e também na Alemanha, onde colaboramos com os centros de apoio e de acolhida. Em outras Províncias na Espanha, em Portugal, na Inglaterra se faz um serviço de apoio a pessoas que chegam, que não têm documentos. Procuramos acompanhá-las”.
RV: Quais são os sentimentos do Superior Geral dos combonianos no início deste Capítulo Geral?
P. Enrique: “No coração trago uma grande confiança, uma grande esperança. Tive a graça, nestes seis anos, de conhecer por dentro, e em profundidade o Instituto e a missão. Com grande satisfação posso dizer que existem realmente exemplos de grande santidade, de grande compromisso, de grande doação missionária, que me fazem acreditar que este Instituto possa ainda dar muito à Igreja. Assim, experimento uma alegria profunda que me faz ver as próxima semanas como uma bênção para o futuro da missão”.
[Radio Vaticana]