Segunda-feira, 12 de Outubro de 2015
O padre Saverio Paolillo, missionário comboniano a trabalhar no Brasil, participou, recentemente, no XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos, que decorreu de 3 de Setembro a 3 de Outubro de 2015, em Roma. Regressado ao Brasil, conta aos amigos a sua experiência de delegado capitular, ao que chamou “um momento de graça, e a importância que teve para ele o encontro pessoal com Papa Francisco. Publicamos de seguida a carta do missionário.
O meu encontro pessoal com o Papa:
"No final da audiência, o Papa Francisco saudou todo o mundo, pessoalmente. Foi um momento emocionante. Durante os poucos minutos que tive à disposição, agradeci-lhe pelo seu testemunho, manifestei a minha gratidão pelo compromisso na defesa e promoção dos direitos humanos e pedi-lhe uma benção especial para os militantes de direitos humanos e para todos os agentes da pastoral carcerária e da pastoral do menor. Em especial, agradeci-lhe pela mensagem do Ano da Misericórdia e por se ter lembrado especialmente dos encarcerados. Para concluir, pedi respeitosamente que, ao encontrar os bispos do Brasil, peça um apoio especial para estas pastorais tão conflitivas. Francisco sorriu, agradeceu e abençoou." P. Saverio Paolillo.
Acabei de voltar de Roma (Itália) onde participei ao XVIII Capítulo Geral dos Missionários Combonianos que começou no dia 6 de setembro e terminou no último dia 3 de outubro.
Foi uma experiência muita rica caracterizada pela multiculturalidade dos participantes e pela diversidade das experiências missionárias. Ao todo éramos 78 participantes, sendo 67 capitulares, 10 observadores e 1 facilitador. 52 por cento dos capitulares participavam ao evento pela primeira vez. 34 capitulares eram de origem europeia, 20 africanos e 13 das Américas (51% europeus e 49% não europeus).
O tema escolhido foi: «Discípulos missionários combonianos, chamados a viver a alegria do Evangelho no mundo de hoje».
A inspiração veio da Palavra de Deus, do carisma comboniano, da experiência de fé das comunidades onde estamos inseridos, do clamor dos pobres, do Magistério da Igreja e, sobretudo da Exortação Apostólica “O Evangelho da Alegria” de Papa Francisco.
O evento seguiu a metodologia do “ver, julgar e agir”. Durante os primeiros dias foram apresentadas as relações da Direção Geral e dos vários continentes. Os relatores fizeram uma breve exposição da realidade política, econômica e social dos continentes, destacaram os principais desafios para depois passar a analisar a situação eclesial e avaliar o trabalho dos combonianos nos últimos seis anos.
Terminada a fase do ver, começou o discernimento. Entre todos os desafios apresentados, o Capítulo optou para aprofundar três temáticas: Missão, Pessoas e Organização. O trabalho seguiu por grupos temáticos. Cada grupo elaborou um texto que foi submetido várias vezes à plenária até a aprovação do texto final que será publicado em breve, após a revisão final por parte da Comissão pós capitular.
Na última etapa foram aprovadas as escolhas operativas que orientarão o Instituto nos próximos seis anos, como também foi eleito o novo Conselho Geral. A direção do Instituto foi confiada a Padre Tesfaye Tadesse. De origem etiópica, é o primeiro padre geral de origem africana. Torna-se realidade o sonho de São Daniel Comboni de “salvar a África com a África”.
XVIII Capítulo Geral:
um momento de Graça
“É difícil pôr por escrito – disse o novo padre geral na mensagem final – a experiência que vivemos juntos durante estes dias. Com certeza foi uma celebração de fraternidade, de paixão partilhada pela missão. Empenhamo-nos na procura das pegadas de Daniel Comboni entre os desafios missionários que nos coloca a humanidade de hoje. Tudo sob a ação do Espírito do Ressuscitado, que nos faz ultrapassar medos e desânimos, para ousar a profecia de um mundo novo de reconciliação, justiça e plenitude na paz.
De modo particular, acompanhou-nos o sofrimento das pessoas com que fazemos causa comum. Trazemos no coração a República Centro-Africana, o Sudão do Sul, a Eritreia, a tragédia dos refugiados… e de maneiras distintas cada um dos países em que vivemos. Estas tragédias são também nossas; o Amor vence sempre o mal por mais insuperável que pareça.
Ao término deste Capítulo, afirmamos que foi uma experiência de alegria e unidade que nos maravilhou: redescobrimos a beleza da nossa vocação missionária comboniana. O Senhor Jesus continua a chamar-nos a escrever o Evangelho da Misericórdia nas periferias sofredoras, entre os mais pobres e não evangelizados, muitas vezes descartados de um sistema de morte ou anulados pela indiferença.
Hoje, a realidade complexa da sociedade, da Igreja, do nosso Instituto faz-nos confrontar com os nossos limites de diversas maneiras. Mais que nunca, estamos convidados a uma profunda conversão pessoal, comunitária e institucional, ao encontro transformante com o Bom Pastor, coração do nosso carisma, e à requalificação dos nossos empenhos para sermos cada vez mais servos e colaboradores humildes da missão”.
O encontro
com o Papa Francisco
Um dos momentos mais significativos do Capítulo foi a audiência concedida pelo Papa Francisco no dia 1 de outubro, festa de santa Terezinha do Menino Jesus, padroeira das missões. O Papa Francisco, apesar de acabar de voltar da viagem pastoral aos Estados Unidos, nos recebeu com muito carinho. “Este encontro – disse o papa em seu discurso – me dá a oportunidade de manifestar a vocês e a todo o instituto o reconhecimento da Igreja pelo seu serviço generoso ao Evangelho”.
Na primeira parte do discurso o papa comentou a palavra ‘missionários’: “Vocês – disse Francisco - são servidores e mensageiros do Evangelho, especialmente para aqueles que não o conhecem ou o esqueceram. Na origem de sua missão existe um dom: a iniciativa gratuita do amor de Deus que lhes dirigiu dois chamados: estar com Ele e pregar. Na base de tudo está a relação pessoal com Cristo, arraigada no Batismo, confirmada na Crisma e reforçada pela Ordenação”.
“Neste espaço de oração se encontra o tesouro verdadeiro a ser doado aos irmãos através do anúncio. O missionário é o servidor do Deus que fala, que deseja falar aos homens e mulheres de hoje, como Jesus falava às pessoas de seu tempo e conquistava o coração das pessoas que iam ouvi-lo e ficavam admiradas com os seus ensinamentos. Esta relação da missão ad gentes com a Palavra de Deus não se coloca tanto na ordem do ‘fazer’ mas do ‘ser’”, frisou Francisco.
Segundo o Santo Padre, “a missão, para ser autêntica, deve colocar no centro a graça de Cristo que jorra da Cruz. Acreditando Nele é possível transmitir a Palavra de Deus que anima, sustenta e fecunda o compromisso missionário. Por isso, devemos nos nutrir sempre da Palavra de Deus, para ser um eco fiel, acolhê-la com a alegria do Espírito, interiorizá-la e torná-la carne de nossa carne, como Maria. Na Palavra de Deus existe a sabedoria que vem do alto, e que nos ajuda a encontrar linguagens, comportamentos e os instrumentos adequados para responder aos desafios da humanidade que muda”.
A segunda parte da reflexão do Papa Francisco se deteve sobre a segunda parte do nome do Instituto: ‘Combonianos do Coração de Jesus’. “Vocês contribuem com alegria para a missão da Igreja, testemunhando o carisma de São Daniel Comboni que encontra o ponto qualificador no amor misericordioso do Coração de Cristo pelos homens indefesos. Este coração é fonte da misericórdia que salva e gera esperança. Portanto, como consagrados a Deus para a missão, vocês são chamados a imitar Jesus misericordioso e manso a fim de viver o seu serviço com coração humilde, cuidando dos que estão abandonados. Não se cansem de pedir ao Sagrado Coração de Jesus a mansidão que, como filha da caridade, é paciente, tudo perdoa, espera e suporta. Nele se aprende a mansidão necessária para enfrentar a ação apostólica em contextos difíceis e hostis”, frisou ainda o pontífice.
Francisco disse que o Coração de Jesus que tanto amou os homens deve impulsiona-nos a ir às periferias da sociedade para testemunhar a perseverança do amor paciente e fiel. “Que a contemplação do Coração ferido de Jesus renove em vocês a paixão pelas pessoas de nosso tempo, que se expressa com amor gratuito no compromisso da solidariedade, especialmente para com os desfavorecidos. Assim, vocês continuarão promovendo a justiça e a paz, o respeito e a dignidade de casa pessoa”, sublinhou o Santo Padre.
O Papa manifestou a esperança que a reflexão sobre as temáticas do capítulo nos ajude a redescobrirem cada vez mais o nosso grande patrimônio de espiritualidade e atividade missionária.
“Prossigam, com confiança, a sua colaboração preciosa na missão da Igreja. Que o exemplo de muitos confrades que entregaram suas vidas ao Evangelho lhes seja de estímulo e encorajamento. Sabemos que a história do Instituto Comboniano é marcada por uma cadeia de mártires que chega até os nossos dias. Eles são semente fecunda na difusão do Reino e protetores de seu compromisso apostólico”, concluiu Francisco.
O meu encontro pessoal
com o Papa Francisco
No final da audiência, o Papa Francisco saudou todo o mundo, pessoalmente. Foi um momento emocionante.
Durante os poucos minutos que tive à disposição, agradeci-lhe pelo seu testemunho, manifestei a minha gratidão pelo compromisso na defesa e promoção dos direitos humanos e pedi-lhe uma benção especial para os militantes de direitos humanos e para todos os agentes da pastoral carcerária e da pastoral do menor. Em especial, agradeci-lhe pela mensagem do Ano da Misericórdia e por se ter lembrado especialmente dos encarcerados. Para concluir, pedi respeitosamente que, ao encontrar os bispos do Brasil, peça um apoio especial para estas pastorais tão conflitivas. Francisco sorriu, agradeceu e abençoou.
Padre Saverio Paolillo (P. Xavier), missionário comboniano.
Pastoral do Menor e Pastoral Carcerária;
Cento de Direitos Humanos dom Oscar Romero – CEDHOR – Paraíba.
Fontes: Rádio Vaticana e www.comboni.org