Segunda-Feira, 17 de Janeiro de 2022
O Conselho de Igrejas do Oriente Médio, com sede em Beirute, Líbano, foi o organizador do grupo de redação de conteúdo da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022. As reflexões exploram como Cristãos e Cristãs são conclamados/as a ser um sinal para o mundo de Deus, trazendo unidade. Provenientes de diferentes culturas, raças e línguas, Cristãos e Cristãs compartilham uma busca comum por Cristo e um desejo comum de adorá-lo. [Foto: Albin Hillert/ÖRK]
Embora as igrejas e o povo do Líbano tenham sofrido as consequências diárias de uma persistente crise política e econômica e enfrentado a tragédia da explosão de agosto de 2020 em Beirute, que causou centenas de mortes e deixou centenas de milhares de feridos ou desabrigados, Cristãos e Cristãs de diferentes igrejas no Líbano e países vizinhos encontraram a força espiritual para se unir e preparar os recursos.
Uma das reflexões nota que, neste mundo frágil e incerto, procuramos uma luz, um raio de esperança ao longe. “Em meio ao mal, ansiamos pelo bem”, diz a reflexão. “Procuramos o bem dentro de nós, mas tantas vezes somos oprimidos por nossa fraqueza que a esperança nos falta. Nossa confiança está no Deus que adoramos.”
A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é uma observância ecumênica Cristã internacional realizada anualmente próximo ao período de Pentecostes no Hemisfério Sul e entre 18 e 25 de janeiro no Hemisfério Norte. Todos os anos, os parceiros ecumênicos de uma região diferente são solicitados a preparar os materiais. Com raízes que remontam a mais de um século, a oitava litúrgica é conclamada e preparada em conjunto desde 1966 (após o Concílio Vaticano II) pelo Igreja Católica e pelo CMI.
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Durante esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, fiéis de diferentes tradições e confissões ao redor do mundo se unem para rezar pela unidade de todos os batizados. Os materiais e celebrações deste ano foram preparados pelo Conselho de Igrejas do Oriente Médio. A seleção de textos bíblicos e litúrgicos está inspirada na visita dos magos ao rei recém-nascido, como se descreve em Mateus 2,1-12, especialmente no versículo 2: “Vimos sua estrela no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem”
Tendo Jesus nascido, em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que magos vindos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos o seu astro no oriente e viemos prestar-lhe homenagem”. A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado, e toda Jerusalém com ele. Reuniu todos os sumos sacerdotes e os escribas do povo, e inquiriu deles o lugar onde o Messias devia nascer.
“Em Belém da Judeia, disseram-lhe eles, pois é isto o que foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não és decerto a menos importante das sedes distritais de Judá: pois é de ti que sairá o chefe que apascentará Israel, meu povo”. Então Herodes mandou chamar secretamente os magos, inquiriu deles a época exata em que aparecera o astro, e os enviou a Belém dizendo: “Ide informar-vos com exatidão acerca do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me para que também eu vá prestar-lhe homenagem”.
A estas palavras do rei, eles se puseram a caminho, e eis que o astro que tinham visto no oriente avançava à sua frente até parar em cima do lugar onde estava o menino. À vista do astro, sentiram uma alegria muito grande. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se, prestaram-lhe homenagem; abrindo seus escrínios, ofereceram-lhe por presente ouro, incenso e mirra. Depois, divinamente avisados em sonho de que não tornassem a ir ter com Herodes, retiraram-se para sua pátria por outro caminho.
Tradução ecumênica da Biblia (TEB)
Tradicionalmente comentadores têm visto nas figuras dos magos um símbolo da diversidade de povos conhecidos naquele tempo, e um sinal da universalidade do chamado divino que aparece na luz do astro que brilha vindo do oriente. Eles também veem na ansiosa busca dos magos por um rei recém-nascido toda a busca ansiosa da humanidade pela verdade, a bondade e a beleza. A humanidade vem buscando Deus desde o começo da criação para venerá-lo.
Os magos nos revelam a unidade de todas as nações, desejada por Deus. Eles viajam vindo de países distantes e representam culturas diversas, mas estão impulsionados pela mesma fome de ver e conhecer o rei recém-nascido, e se reúnem na pequena casa de Belém no ato simples de prestar homenagem e oferecer presentes.
Os cristãos são chamados a ser para o mundo um sinal de Deus, trazendo para cá essa unidade que Ele deseja. Vindo de diferentes culturas, raças e línguas, os cristãos partilham em comum a busca por Cristo e o desejo de adorá-lo. A missão do povo cristão, portanto, é ser um sinal como foi aquela estrela, para guiar a humanidade na sua busca de Deus, para conduzir todos a Cristo e para ser instrumento através do qual Deus está trazendo para o meio de nós a unidade de todos os povos.
Para esta Semana de Oração, os cristãos do Oriente Médio escolheram o tema da estrela que se ergueu do oriente. É a missão da Igreja ser a estrela que ilumina o caminho para Cristo, que é a luz do mundo. Sendo uma estrela assim, a Igreja se torna um sinal de esperança num mundo cheio de problemas e também sinal, no meio de seu povo, da presença de Deus, que acompanha a todos nas dificuldades da vida. Por palavra e ação os cristãos são chamados a iluminar o caminho para que Cristo possa ser revelado, de novo, às nações. Mas as divisões entre nós diminuem a luz do testemunho cristão e obscurecem o caminho, evitando que outros encontrem a direção que leva a Cristo. Ao contrário, cristãos unidos em sua adoração a Cristo e capazes de abrir seus tesouros numa partilha de dons se tornam um sinal da unidade que Deus deseja para toda a sua criação.
Os cristãos do Oriente Médio oferecem estes recursos para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos conscientes de que o mundo partilha muitos dos problemas e dificuldades que eles experimentam, e anseiam por uma luz que aponte o caminho para o Salvador que pode vencer as trevas. A pandemia global do COVID-19, a permanente crise econômica e o fracasso das estruturas políticas, econômicas e sociais na proteção aos mais fracos e vulneráveis destacaram a necessidade global de uma luz que brilhe na escuridão. A estrela que brilhou no oriente, o Oriente Médio, dois mil anos atrás, ainda nos chama à manjedoura, onde Cristo nasceu.